Vitória SC – 100 anos de história – X – Supertaça Cândido de Oliveira
Até à conquista da Taça de Portugal, em 2013, a competição nacional mais importante que o Vitória havia conquistado, no seu palmarés, foia Supertaça, conquistada em 1988, frente ao FC Porto.

A Supertaça Cândido de Oliveira era, até ao surgimento da Taça da Liga, a mais recente prova futebolística disputada em Portugal, que, no essencial, juntava na sua decisão os clubes que tivessem conquistado o título de campeão nacional e a Taça de Portugal, ressalvando-se a hipótese, porém, no caso de ter sido o mesmo clube a conquistar ambas as competições, a prova seria disputada com o finalista vencido da Taça de Portugal.
Esta prova surge em 1979, de forma oficiosa nas duas primeiras épocas, pois, apenas na terceira edição é que a Federação Portuguesa de Futebol assumiu a sua organização, atribuindo-lhe o carácter de competição oficial.
Equipa do Vitória de 1988/89, com o troféu
A sua denominação visa homenagear e honrar a memória de Cândido de Oliveira, uma das mais conceituadas personalidades do futebol português, tanto como atleta, treinador e árbitro de futebol, como na função de jornalista desportivo, sendo, este, um dos cofundadores do jornal A Bola.
O Vitória alcança o direito de disputar a Supertaça Cândido de Oliveira, em 1988, por ter sido finalista vencido da Taça de Portugal, na temporada de 1987/88, derrotado pelo FC Porto que, além da Taça de Portugal, venceu, ainda, na mesma época, o Campeonato Nacional da 1.ª Divisão.
N´Dinga comemorando o golo no jogo em Guimarães
Numa final disputada em duas mãos – forma que a partir de 2001 foi alterada para, apenas, um jogo discutido em reduto neutro – o Vitória defrontaria o FC Porto, não somente o campeão nacional em título e vencedor da Taça de Portugal, mas, sobretudo o clube que havia conquistado a Taça dos Campeões Europeus e a Taça Intercontinental, em 1987.
Momento do golo de Décio António perante o guarda-redes Zé Beto
Nessa equipa do FC Porto pontificavam, entre outros, os guarda-redes Zé Beto e Mlynarczyk, os defesas João Pinto, Inácio e Eduardo Luís, os médios Jaime Magalhães, Sousa, Jaime Pacheco e André, e os avançados Madjer e Fernando Gomes.
No jogo da primeira mão, disputado na noite de 29 de setembro de 1988, no Estádio Municipal de Guimarães, sob a arbitragem de Jorge Coroado, logrou o Vitória levar de vencida a equipa portista por 2-0, resultado que, no cômputo dos dois jogos, veio a revelar-se determinante para a conquista daquele ceptro nacional.
Jogo da 2.ª mão no Estádio das Antas, no Porto
O Vitória, então treinado pelo Dr. Eugénio Souto, mais conhecido por Geninho, alinhou da seguinte forma: Neno; Nando, Germano, Nené e Basílio; N´Dinga, Soeiro, Carvalho, o capitão, e Róldão; Chiquinho Carlos e Décio António. No decurso da partida, para substituir Roldão e Chiquinho Carlos, jogaram, ainda, Silvinho e René Weber.
A partida, ao contrário daquilo que era expectável face à enorme valia do adversário, foi, totalmente, dominada pelo Vitória, que, apenas, poderá lamentar as várias oportunidades de que dispôs ao longo de todo o jogo para conseguir um resultado bem mais ampliado.
Jaime Pacheco, do FC Porto e Nando, do Vitória, no jogo da 2.ª mão
A supremacia vitoriana evidenciou-se, colectivamente, pela alma, pela raça, pela motivação, velocidade e a qualidade técnico-táctica que os seus jogadores empregaram em cada lance disputado, sobressaindo, porém, as portentosas exibições individuais de N´Dinga, pelo flanco direito, e Roldão, pelo lado inverso, que, sem qualquer preocupação defensiva, dinamizaram o futebol atacante do Vitória, gizando um conjunto de jogadas de golo.
No FC Porto, amorfo e atordoado com o ímpeto vitoriano, brilhou, unicamente, o guarda-redes Zé Beto, que, com um punhado de excelentes intervenções, evitou que a equipa portista sofresse mais golos.
Entrega do troféu ao capitão do Vitória, Carvalho
O primeiro golo do Vitória, premiando a sua prevalência no jogo, surge à passagem do minuto 38, numa jogada lavrada por N´Dinga, que, pelo lado direito, cruza a preceito para grande área adversária, onde o avançado Chiquinho Carlos desvia a bola da trajectória de Zé Beto em direcção à baliza, aproveitando Décio António, finalmente, para empurar o esférico para o funda das redes portistas.
Neno, guarda-redes do Vitória, com o troféu conquistado
O segundo golo, obtido logo no início da segunda parte, precisamente aos 50 minutos de jogo, foi apontado por N´Dinga, que, habilmente, no seu jeito peculiar, interpõe-se na jogada, aproveitando um desentendimento entre o defesa portista Dito e Zé Beto, para atirar rematando com acerto para a baliza do FC Porto.
Terminado o encontro, e não obstante a vantagem que o Vitória levava para o jogo da segunda mão, os festejos dos vitorianos foram comedidos, designadamente, porque muitos auguravam, à priori, que o FC Porto, jogando no seu reduto, seria capaz de virar a contenda a seu favor.
Os jogadores do Vitória a exibirem o troféu às bancadas
Contudo, no jogo da segunda mão, disputado na noite de 19 de outubro de 1988, no Estádio das Antas, com a arbitragem de Pinto Correia, teve o Vitória, sobretudo, na exibição do guarda-redes Neno, dos seus defesas centrais, Germano e Bené, e do centrocampista Carvalho, uma barreira, simplesmente, intransponível, sustendo aqueles, de forma brilhante, qualquer oportunidade de golo que o FC Porto engendrasse.
No jogo, então, decisivo, o Vitória apresentou a seguinte formação: Neno; Nando, Bené, Germano e Basílio; Carvalho, novamente o capitão, N´Dinga, René Weber, João Baptista e Silvinho; e na frente Chiquinho Carlos. Já na segunda metade do jogo Roldão substituiu Silvinho e Soeiro entrou para o lugar de João Baptista.
Equipa do Vitória de 1988/89, no Estádio das Antas, no Porto, com o troféu conquistado
Esta partida teve, naturalmente, uma toada inversa àquela que tinha pautado o jogo de Guimarães. O FC Porto, desenfreadamente, ao ataque, enquanto o Vitória, em vantagem, jogava mais retraído na sua defesa, condicionando, bravamente, as ofensivas portistas.
N´Dinga e Décio António, os autores dos golos do Vitória, com o troféu
Terminou este jogo, assim, empatado a 0-0, e, com isso, o cômputo das duas mãos, redundou, na triunfante conquista da Supertaça Cândido de Oliveira, o primeiro troféu de grandeza nacional conquistado pelo Vitória.
O troféu da Supertaça Cândido de Oliveira no museu do Vitória