Paulo Pereira, o campeão que consegue fintar a “ginástica” das adversidades
Com vinte anos, depois de se sagrar bicampeão de juniores, o vimaranense Paulo Pereira procura o mesmo desígnio no escalão sénior. É estudante universitário e ginasta no Guimagym.
Adotou a Academia de Ginástica de Guimarães como a sua segunda casa e o Guimagym como uma extensão da família. Seis dias por semana passa na sua segunda família três a quatro horas diárias numa missão que interiorizou como sua: ser um ginasta de excelência. Falamos de Paulo Pereira, natural de Brito.
Atleta do Guimagym, o praticante de ginástica acrobática iniciou-se na modalidade há não muito tempo. Ainda assim, tempo suficiente para se tornar bicampeão nacional no escalão de juniores e colecionar vários títulos de campeão distrital e regional. Já no escalão sénior é vice-campeão nacional nas vertentes All-Around e Equilíbrio, e ficou em terceiro lugar na vertente Esquema Dinâmico.
Por trás destes feitos há uma gestão que tem de ser feita a nível de horários, cuidados com a rotina e um dia a dia que acaba por ser diferenciado dos jovens da sua idade, implicando uma gestão milimétrica do tempo para conseguir ter também sucesso na sua vida académica.

Vamos por partes. Paulo Pereira ingressou na ginástica depois de experimentar na escola; um bichinho que ficou até hoje. “Comecei a ganhar gosto pela modalidade na minha antiga escola, do ensino básico. Fazia um desporto escolar, uma coisa mínima, e comecei a ganhar paixão naquilo que fazia. Entretanto no nono ano mudei de escola e na minha nova escola não havia nada relacionado com ginástica, mas como tinha gosto procurei alternativas e encontrei o Guimagym. Decidi entrar”, expõe.
Treinos seis dias por semana
Decidiu entrar e, de lá para cá, nunca mais saiu. Paulo Pereira aliou o gosto aos resultados e tornou-se um ginasta de referência, com os títulos que já foram referidos, e também com o galardão de Atleta do Ano em Guimarães no ano 2019.
Um atleta de referência que, para atingir esse nível, tem de passar muito tempo na academia, nos treinos. Muito tempo com a sua parceira de aventura, conhecida como volante, a ensaiar as coreografias e os movimentos que depois põe em prática nas provas.
“Normalmente treino seis dias por semana, em média três a quatro horas por dia. Às vezes treinamos ao sábado, outras vezes treinamos ao domingo, há essa gestão. Neste momento treino só uma vez por dia, antes tinha vindo a fazer treinos bidiários, treinava de manhã e depois à tarde, no final das aulas”, aponta o ginasta.
Os sacrifícios notam-se também a outros níveis, sendo alimentação um desses casos. Sem exigências nesse sentido, a realidade é que o atleta do Guimagym sabe que para obter resultados não pode ter uma alimentação semelhante à dos jovens da mesma idade. “Nada nos é exigido em teremos de alimentação, mas nós temos a consciência que é mais fácil para se tivermos uma alimentação controlada. Neste caso na ginástica acrobática para suportar o peso de outras pessoas. Tenho cuidados com aminha alimentação e com aquilo que faço no meu dia-a-dia por querer fazer ginástica. Tenho uma alimentação cuidada e gosto muito de treinar”, salienta o atleta de vinte anos.

Difícil conciliar com os estudos, mas benéfico
Entre treinos, provas e toda a logística inerente à prática ao mais alto nível de uma modalidade, apenas o gosto imenso por essa mesma modalidade torna possível a gestão da vida pessoal juntamente coim a vertente desportiva. Paulo Pereira tem isso bem presente, admitindo que “não é fácil conciliar a ginástica com a escola”.
No terceiro ano da Licenciatura em Engenharia e Gestão de Sistemas de Informação, no Campus de Azurém da Universidade do Minho, para além da academia, a ginástica de Paulo Pereira é feita também na articulação das suas tarefas . “Conciliar os treinos, que são longos, com as aulas, que também têm horários exigentes, e ainda com trabalhos e todos os afazeres não é fácil. É preciso organização e gerir muito bem o tempo, não é fácil como disse, mas com essa capacidade ainda consigo ter algum tempo livre”, refere com risos tímidos.
Mas, se gerir o tempo é complicado, a nível psicológico a ginástica até tem sido benéfica para o vimaranense, que consegue concentrar-se com mais facilidade. “A ginástica conseguiu ajudar-me, porque quando estou cá foco-me plenamente na ginástica e quando estou na escola consigo focar-me só na escola. Foi uma coisa que consegui com a ginástica e com a competição, lidar melhor com a pressão”, dá conta em declarações ao Tempo de Jogo.
Ou seja, com a ginástica acrobática Paulo Pereira aprendeu que tem de se “aplicar ao máximo em cada atividade”, porque se assim for “há tempo para tudo”. Tempo com margem para sonhas com voos ainda mais altos. “No escalão sénior gostava muito de representar a seleção nacional, quer em provas nacionais e, quem sabe, quer também em provas internacionais, como um Campeonato da Europa ou Campeonato do Mundo. Estou a trabalhar para isso, acredito que seja alcançável. Sinto que estou a progredir e acredito que posso progredir ainda mais, por isso é um sonho que pode ser alcançável”, remata o ginasta.