A violência no desporto é um problema social na sociedade contemporânea.

Há quem resuma e atribua a origem da violência no desporto, em particular no futebol, às claques dos clubes. Contudo não é assim, apesar daquelas serem um dos principais promotores da violência. Mas antes de apenas apontarmos o dedo as claques, deveríamos analisar o comportamento de todos, dos agentes desportivos e demais adeptos e também das próprias forças de segurança. Todos, sem exceção, têm, ao longo dos anos, contribuído para o recrudescer da violência.

Impõe-se fazer uma inversão de comportamentos e para isso impõe-se que todos reflitam sobre o comportamento individual e coletivo de cada um e de todos.

A violência não pode, nem deve, ter lugar no desporto. Naturalmente nem fora do desporto esta deveria existir, mas aí é uma utopia acreditar que tal será possível um dia. Mas no desporto essa violência pode ser extirpada ou muito minimizada, desde que, cada um de nós – adeptos – tenha um comportamento adequado no decurso de qualquer evento desportivo. Não é difícil, não é impossível, basta apenas vivermos o jogo com emoção, desprendimento e a torcer saudavelmente pelos nossos clubes com respeitos pelos demais. O mesmo se diga quanto aos agentes desportivos e forças de segurança. Basta cada um, nas suas funções, ter um desempenho adequado e respeitador. Se tal ocorrer de certeza que a violência no desporto tem os dias contados.

Alguns dirão que estou a ter uma visão simplista do problema e a preconizar algo impossível face à natureza humana e face às emoções e interesses em confronto. Quero acreditar que não. O que impede cada um de nós de apoiar a nossa equipa com respeito pelos demais? A emoção saudável e ferranha impõe que eu atue ao longo do jogo, ou antes e depois do teminus do mesmo, com violência verbal ou física contra os adeptos ou equipa adversária ou contra agentes desportivos ou autoridades? Não vejo porquê, não percebo porquê. Creio que muitos dos que agem com violência só exteriorizam as suas frustrações e a incapacidade que têm de viver em sociedade e respeitar o próximo. Desde quando preciso insultar, agredir, arremessar objectos visando atingir quem quer que seja no decurso do jogo? Nunca!

Mesmo em situações que entendo que a minha equipa está a ser prejudicada, deliberadamente prejudicada não tenho pretexto para tal. Posso vaiar, posso assobiar, posso exteriorizar a minha indignação em voz alta, sem precisar de atirar cadeiras, sem atirar isqueiros ou outros objectos, sem procurar o confronto, nem recorrer ao insulto fácil. É assim que eu me comporto em casa, no trabalho, não precisando, nem devendo, agir de forma distinta no estádio ou nas imediações deste.

Se o Vitória perde saio frustrado, se o Vitória é roubado saio indignado, mas em nenhum das situações procuro ou promovo a violência. Eu e a maioria dos adeptos. Agora apenas falta que uma pequena falange de adeptos adote o mesmo comportamento.