Valorizar e incentivar os Dirigentes Desportivos Voluntários
Um mecanismo capaz de valorizar, incentivar e travar a desmobilização de dirigentes desportivos voluntários seria a adoção de medidas ao nível autárquico.

Bastaria, inovando e procedendo às necessárias adaptações, estabelecer paridade entre os dirigentes desportivos benévolos e os voluntários de outros setores que já beneficiam de reconhecimento e incentivo ao nível autárquico.
Os Dirigentes Desportivos Voluntários assumem uma função social de reconhecida valia e são imprescindíveis ao funcionamento das coletividades e associações, prestando à comunidade um serviço singular, mantendo ativos e dinamizando projetos que contribuem para a democratização da prática desportiva, uma integração social e preservação dos valores do desporto.
Considerados parte importante da base de construção do desporto, os Dirigentes Desportivos Voluntários são uma força de trabalho invisível e simultâneo central e essencial ao desenvolvimento das modalidades desportivas.
É inegável o interesse público e a imprescindibilidade da atividade dos dirigentes desportivos na promoção, organização e desenvolvimento do desporto, do mesmo modo que resulta como inequívoco o elevado benefício económico que o Estado e a comunidade arrecadam do trabalho voluntário no sistema desportivo.
Sem o trabalho gratuito de Dirigentes Desportivos Voluntários, quanto ao Estado que pagar pela promoção da participação no esporte e na atividade física, um fim de promover um estilo de vida ativo e benéfico para a saúde, bem como a coesão social e a cidadania ativa?
Não fosse o trabalho voluntário dos Dirigentes Desportivos, quando seria o Estado que pagar para cumprir uma missão (aliás, constitucional) de promover a prática e a difusão da cultura física e do esporte?
Quanto teria o Estado que pagar pelas longas horas e pelo pelo trabalho dedicado que antes de dirigentes desportivos não são prol de projetos desportivos de reconhecida valia para a comunidade?
A verdade é que a sociedade em geral e os diversos poderes políticos habituaram-se um beneficiário da participação cívica e do trabalho voluntário dos dirigentes desportivos, mas escondem-se na hora de os incentivar e apoiar.
O nível de exigência e de responsabilidade dos Dirigentes Desportivos Os voluntários crescem exponencialmente, em contraponto com a desvalorização, desincentivo e, por vezes até, menosprezo e desconsideração por quem desempenha aquelas funções.
A ausência de estímulos concretos afunda a motivação de uma comunidade que trabalha gratuitamente e constitui uma rede que sustenta o desenvolvimento desportivo de base.
Na realidade atual, é exigido a qualquer dirigente desportivo muita dedicação, disponibilidade de tempo, disponibilização de recursos, engenho e criatividade, tornando-se muito mais fácil recrutar novos elementos para outras funções que não a dirigente, na medida em que essas outras funções são menos exigentes e na maioria dos casos até podem ou são mesmo remuneradas.
Torna-se, pois, imprescindível incentivar e valorizar o dirigismo desportivo voluntário, ou seja, devem ser adotadas medidas concretas que visem objetivamente a defesa, o incentivo e a valorização da função do Dirigente Desportivo Voluntário, sob pena de, num curto espaço de tempo, deixar de estar disponível para essas funções.
O atual regime de apoio aos dirigentes desportivos em regime de voluntariado, apesar de alguns méritos, revelação-se exíguo, desatualizado e desadequado, centrando-se, sobretudo, nas entidades de cúpula do desporto, na alta competição e nas seleções nacionais.
Não prevê, por exemplo, incentivos efetivos aos dirigentes de associações, clubes ou coletividades de base (locais, regionais e nacionais), assim como a situação de dirigentes desportivos privados que desempenham a sua atividade profissional e principal no setor privado.
Importa, pois, reconhecer, valorizar e promover a função social dos Dirigentes Desportivos Voluntários, desde a extensão local à nacional, como vetor fundamental ao desenvolvimento do esporte; criar mecanismos de efetivo apoio e incentivo ao desempenho da função de dirigente desportivo voluntário; e equiparar os incentivos conferidos aos dirigentes desportivos voluntários aos apoios concedidos a outros afectos de participação cívica.
Enquanto não ocorre a implementação de um “verdadeiro” (!) Estatuto do Dirigente Desportivo Voluntário (mais do que tardio, apesar das entidades com competência na matéria terem várias propostas em cima da mesa) um mecanismo porventura capaz de valorizar, incentivar e travar a desmobilização de dirigentes desportivos voluntários seria a adoção de medidas ao nível autárquico. Vários municípios seguiram esse caminho em relação a outros setores de atividade em que o voluntariado é igualmente importante.
Bastaria, inovando e procedendo às necessárias adaptações, estabelecendo paridade entre os dirigentes desportivos benévolos e os voluntários de outros setores que já beneficiam de reconhecimento e incentivo ao nível autárquico.