Uma expulsão, erros às dúzias e uma fortaleza que ruiu
Vitória B perde invencibilidade caseira em 2022, naquela que, porventura, foi a pior exibição da época na Pista Gémeos Castro. Distância para o comando da fase de subida pode crescer para seis pontos.

As primeiras trocas de bola foram prenúncio de um embate difícil para os jovens vestidos de branco: força a mais ou passes transviados eram sinais de uma insegurança repetida por 90 minutos quando chegava a hora de construir. A demora na decisão, o atabalhoamento na receção e na rotação do corpo, de um lado, e a pressão torreense aliaram-se para consumar um domínio inquestionável do Torreense, assente na verticalidade dos ataques e na velocidade dos elementos mais adiantados.
Essa toada traduziu-se em golo aos 64 minutos: Pedro Machado elevou-se mais alto em resposta a canto de João Cardoso e cabeceou para o fundo das redes, com Celton Biai a tocar ainda o esférico. O golpe certeiro do defesa, com o Vitória reduzido a 10 unidades, por expulsão de Tounkara, resolveu o jogo a favor de uma equipa se superiorizou em todos os capítulos e que igualou provisoriamente o Alverca na liderança da Série 1 da 2.ª Fase da Liga 3.
Já os comandados de Moreno podem ficar a seis pontos do único lugar de acesso direto à Segunda Liga, se os ribatejanos derrotarem o Felgueiras, último classificado sem pontos, a em partida marcada para as 15h00 deste domingo.
Sobreviver às ondas atacantes de Torres Vedras
Bastaram cinco minutos para surgir o primeiro golpe a tentar ferir a invencibilidade caseira do Vitória B em 2022 – ao longo da época, só perdera com o Felgueiras na Pista Gémeos Castro, em dezembro de 2021. Veterano ex-Gil Vicente, Nacional, Arouca e Boavista, Mateus apareceu na cara do golo e só uma intervenção do estreante Alberto Baio o impediu de marcar; a bola esbarrou no poste e saiu.
Novo carrinho do lateral direito impediu novo golo aos 19 minutos, no caso a Midana Sambú. O segundo lance perigoso do Torreense apareceu numa fase em que os vitorianos queriam assentar o seu futebol ofensivo, feito de posse, mas sem o conseguirem, fruto da previsibilidade nas decisões ou de erros no passe.
A partir dessa segunda oportunidade, o Torreense instalou-se no meio-campo vitoriano, encostando o opositor à área numa torrente ofensiva com sobressaltos pontuais para a baliza de Celton Biai. E o nome do guarda-redes vitoriano merece uma menção honrosa, já que a sua luva esquerda travou a ocasião mais flagrante dos torreenses. Com a bola na marca de grande penalidade, após mão de Alberto Baio, Mateus rematou forte, mas não o suficiente para ultrapassar a estirada do internacional sub-21, ao minuto 38.
Expulsão, golo, derrota
Ilesa perante a superioridade contrária na primeira parte, a equipa de Moreno tinha a oportunidade de retificar o que estava mal ao intervalo para surgir com outra cara na segunda parte. Mas a versão que regressou dos balneários foi muito parecida à dos 45 minutos anteriores: continuou a faltar imaginação, velocidade e, principalmente, segurança com a bola nos pés. Mesmo sem ocasiões claras, o Torreense manteve-se no comando das operações e ficou em situação ainda mais favorável aquando do cartão vermelho a Tounkara, aos 58 minutos; o central vitoriano chegou atrasado a uma disputa com João Cardoso, após passe errado de Afonso Freitas, e atingiu o oponente com a sola da chuteira.
Os comandados de Nuno Manta Santos precisaram de meia dúzia de minutos para se adiantarem no marcador. Depois, no tempo que restou, geriram o resultado, com várias transições falhadas para dilatarem a margem. No lado vitoriano, a equipa avançou no terreno e construiu, mas sem qualquer ameaça para a baliza contrária.