Um voo em suspensão para a história: Vitória alcança primeira final da Taça
Assertiva no remate quando a receção funcionava e robusta no bloco, a equipa de Hugo Andrade derrotou o favorito Sporting por 3-1 e disputa o troféu no sábado, perante o Leixões.

Quando Manu Araújo se ergueu para atacar a rede pela última vez, num ângulo apertado, a mão foi certeira e a bola desceu numa trajetória indefensável para as mulheres de verde e branco. Estava feito o ponto que deu o 25-22 no quarto set, consumando o triunfo do Vitória sobre o Sporting por 3-1.
Ao derrotar um candidato ao título de campeão nacional com uma exibição superlativa, a equipa liderada por Hélder Andrade está na final da Taça de Portugal feminina, o maior feito vitoriano desde o regresso ao convívio dos grandes, na temporada 2020/21. Para se encontrar algo de dimensão parecida no voleibol feminino vitoriano, é preciso recuar aos dourados anos 80 da equipa de Ana Lopes, Crisálida Gonçalves, Ivone Ferreira ou Palmira Castro.
Segue-se o jogo decisivo, neste sábado à noite, perante o Leixões, que derrotou o FC Porto por 3-2. O jogo disputa-se às 21h00, no Centro Cultural de Viana do Castelo, palco das meias-finais desta sexta.
A noite de Viana do Castelo arrancou numa toada tu cá, tu lá, com o marcador quase sempre igualado até aos 13 pontos. Graças à robustez do bloco e aos ataques agressivos à rede, o Vitória conseguiu um ascendente momentâneo que lhe deu dois pontos de vantagem, mas os erros no serviço – três bolas de serviço para fora nas cinco que se seguiram – e o renovado acerto leonino na defesa viraram o marcador. Após o empate a 16, a turma verde e branca conquistou quatro pontos seguidos que lhe permitiram gerir o set até ao fecho, por 25-20.
A equipa preta e branca entrou a perder no segundo set – teve mesmo três pontos de desvantagem (10-7) -, mas inverteu o rumo dos acontecimentos a meio, antes de embalar para o triunfo na reta final, numa moda semelhante à do Sporting no parcial inaugural: quando se verificava um empate a 20, acumulou quatro pontos consecutivos e fechou o parcial por 25-21.
A toada foi semelhante no terceiro set, com o Vitória a exibir-se de novo ao melhor nível na receção, no bloco e no ataque à rede, para além da crença no resgate de bolas que pareciam perdidas, e desequilibrou o parcial a seu favor a partir dos 13 pontos, virando o marcador com um parcial de 25-23.
A reviravolta pareceu abalar o Sporting, que se esteve claramente por baixo das vimaranenses durante a maior parte do quarto set. Dominante em todos os aspetos do jogo, a equipa de Hélder Andrade chegou a fixar uma vantagem de sete pontos na fase final (21-14), antes da última reação leonina, conduzida pelo serviço de Evgeniya Bochkareva, estreitar a margem para três pontos (22-19). O eventual golpe de teatro parou aí: o Vitória aproveitou cada um dos side out que se seguiram. Como corolário, fica o remate de Manu Araújo, quase paralelo à rede, para a história.