“Ser capitão no Vitória é uma coisa marcante. Há um aumento de responsabilidade”
Dois anos depois de chegar a Guimarães, Jorge Fernandes vai envergar a braçadeira. O central de 25 anos louva a “capacidade de trabalho” do plantel e ambiciona uma temporada com muitos jogos.

Está prestes a começar a terceira temporada em Guimarães. Como se transformou como jogador nesta fase da carreira?
Acima de tudo é um Jorge Fernandes que está e vai continuar em crescimento. É um Jorge Fernandes que cresceu como homem, aprendeu com as adversidades e procura trabalhar todos os dias para ser melhor. Estou mais capaz para o que se avizinha.
Distingue-se sobretudo pela marcação ao adversário. Chegar a um Vitória SC, equipa habituada a assumir a maioria dos jogos, exigiu muita adaptação?
A nossa defesa costuma estar muita mais subida do que noutros clubes em que estive. Tenho de me adaptar, ouvir as ideias do treinador e executá-las da melhor maneira. É necessária adaptação porque defender numa linha mais subida é diferente de defender numa linha mais baixa. A marcação numa transição tem de ser mais forte; não podemos deixar o adversário virar-se. Temos de ter a capacidade de o ir buscar quando a bola é colocada nas costas. Tenho evoluído nesse sentido e acredito que vou aprender todos os dias até ao final da minha carreira.
Ganhou a titularidade na segunda volta da época passada, até ao jogo com o FC Porto, em que se lesiona e falha os últimos cinco jogos do campeonato. Como aparentava estar a viver um dos melhores momentos pelo Vitória, sentiu alguma frustração?
A época passada foi das temporadas com mais altos e baixos da minha carreira. Foi a melhor fase que tive aqui; estava a sentir-me bem e confiante. As lesões acontecem, e o primeiro impacto é sempre o de uma frustração enorme, mas o chip muda e pensas é em treinar bem para não teres recaídas. Estamos numa nova época e já me sinto bem, a 100%, pronto a ajudar a equipa.
A dias do arranque oficial da época que atributos vê no grupo? O que é que o distingue?
Temos um grupo unido; somos um grupo jovem, procuramos trabalhar todos os dias, e essa vontade normal dos jovens – temos vontade de singrar e de nos mostrar – faz com que a equipa traga ao de cima as suas qualidades. Nos jogos, um ou outro vai destacar-se mais, o que é normal no futebol. Mas o mais importante é que somos uma equipa trabalhadora, humilde, que sabe o que tem de fazer em campo em todos os momentos. Ainda vamos crescer muito.
"As lesões acontecem, e o primeiro impacto é sempre o de uma frustração enorme, mas o chip muda e pensas é em treinar bem para não teres recaídas"
O primeiro adversário da época é a Puskas Akadémia, equipa que, apesar de desconhecida nas lides europeias, foi terceira classificada na Hungria. Como antecipa o embate?
Para estar nesta fase, tem de ser uma equipa com as suas valências. Temos conhecimento do adversário, mas devemos preocupar-nos connosco. Se formos fiéis a nós próprios e estivermos nos nossos limites, certamente vamos dar uma alegria aos adeptos, a nós e a toda a gente.
O plantel pode deparar-se com uma época intensa até novembro, com o campeonato e a eventual presença na fase de grupos da Liga Conferência. Que desafios isso acarreta para o plantel vitoriano?
Quantos mais jogos melhor. O que queremos é estar dentro do campo a jogar e a mostrar as nossas qualidades. Se for uma época com bastantes jogos, o grupo tem de estar preparado para ajudar. Infelizmente vai haver lesões, faz parte; há cartões e todos temos de estar prontos para ajudar.
Olhando para o trabalho em curso, que objetivos se podem traçar para 2022/23, quer no campeonato, quer nas taças?
O mais importante, sem dúvida, é o jogo da próxima quinta-feira [com a Puskas Akadémia]. A longo prazo queremos mais e melhor. Tem sido passada a mensagem entre nós, os jogadores, de se querer fazer mais. Queremos lutar por mais e é nesse sentido que estamos a trabalhar.
Foi promovido a capitão. Como se sente ao assumir a braçadeira? A responsabilidade é maior?
Senti-me logo muito agradecido às pessoas que depositaram essa confiança em mim. Se as pessoas acharam que devia ser um dos capitães é porque olharam para mim e viram capacidade para tal. Por isso tenho de manter a postura, seja de liderança dentro de campo, seja de ajudar os colegas fora de campo. Ser capitão num clube como o Vitória é uma coisa marcante. Há um aumento de responsabilidade. Quero ser um exemplo dentro de fora de campo para os meus colegas.

Em relação ao futuro, ainda é um jogador jovem. Que objetivos traça para a carreira?
Todos os jogadores têm objetivos e sonhos. Mas não vale a pena olhar para isso se não estivermos focados no dia a dia. A consequência do dia a dia vai acontecer no futuro. Claro que tenho as minhas ambições, mas o mais importante é estar focado no Vitória SC. Estou bem no Vitória SC, adoro o clube, adoro a cidade e quero dar o meu melhor. Se noutros momentos vou passar por outros campeonatos ou pela seleção nacional, o futuro o dirá. Dou o meu melhor todos os dias e, no fim, a recompensa vai chegar. Se não chegar, é porque não estava predestinado para mim.
Há algum jogo especialmente marcante na carreira?
No ano passado, em casa, contra o Sporting de Braga, foi se calhar o jogo que mais me marcou. Na época passada afirmei-me mais na fase final da época: foi uma resposta que eu consegui dar a mim mesmo, para toda a gente ver do que sou capaz, as minhas qualidades.
Qual foi o jogador mais difícil de marcar?
Existem vários avançados com bastante qualidade. Se pudesse referir um hoje, diria o Falcão, que enfrentei na Turquia. É um ponta de lança diferenciado. Em Portugal, o Darwin, tanto pela sua capacidade física como técnica.
Com que jogador mais aprendeu?
O central com quem mais partilhei aspetos a melhorar foi o Ricardo Costa, no Tondela. Ajudou-me bastante quando dei o salto para a Primeira Divisão. Foi um exemplo para mim, já o era, e poder trabalhar com ele foi muito bom para mim. Sempre lhe agradeci por isso.
Que figura mais o inspirou enquanto futebolista?
O meu gosto pelo futebol sempre esteve presente desde muito novo. É o que amo fazer. Tive várias referências a nível futebolístico, seja na minha posição ou não: o Ronaldo pelos aspetos fora de campo - o compromisso e a ambição que tem. Na minha posição, sempre tive como referências os centrais que representam a nossa seleção: o Bruno Alves, o Pepe. Depois é colocar em mim aquilo com que me identifico de cada um.