Santiago Mascotelos. Rodrigo Pacheco pôs uma freguesia a correr. Segue por lá, a dar "uma mão"
Há mais de 40 anos, Rodrigo fundou um clube em Santiago de Candoso. O atletismo dominava e chorou quando o emblema deixou de correr. Agora, com o futebol a voar alto, o Santiago Mascotelos renasceu.
“Eu deito uma mão naquilo que posso”. Passa pouco das 10h00 e Rodrigo Pacheco trabalha debaixo de um sol quente no Campo de Jogos de Santiago Mascotelos. Um boné branco protege da luz forte de uma manhã de setembro. É altura de “deitar a mão” a um placard do estádio (arranjá-lo). À tarde regressa à labuta: há que abrir as portas às 18h00 para os treinos. “A idade e a saúde não me ajudam muito. Mas corri 29 anos seguidinhos, sempre no duro. Venho para aqui e trabalho com gosto”, refere o presidente da Assembleia Geral do Santiago de Candoso. Está calejado.
A história de Rodrigo Pacheco começa a confundir-se com a do emblema há 42 anos. Primeiro, com o Grupo Recreativo Cultural e Desportivo de Santiago de Candoso e o atletismo – “Quando acabei com o atletismo, chorei; mas teve de ser, não havia dinheiro”, pontua. Agora o futebol é rei na freguesia a sudeste do concelho vimaranense. Mas antes já rolava a bola.
“Convidavam-nos para torneios populares e nós formávamos uma equipa e lá íamos, chegámos a ser campeões nesses torneios. Há sete ou oito anos apareceu este presidente. Estive 33 anos com o clube. Vai fazer agora 42 e há oito anos deixei a presidência”. Agora, Rodrigo é presidente da Assembleia Geral – mas é – e foi – muito mais. Lavandaria, bar, marcação de campo: tudo cabe no currículo com muitas entradas. “Fazia parte da junta de freguesia, era o secretário. Numa Assembleia Geral lembrei-me que era tempo de formar um clube. Já tinha tentado numa ocasião, mas nunca foi avante. Arranjei um grupo, da parte de baixo de Santiago, fomos para a frente e começámos com o atletismo”, reforça.

"Está ali o Santiago, não levamos nada’”.
Corriam os anos 80, começam as viagens “a todo o lado do país” e somam-se troféus. É através de Rodrigo Pacheco que a freguesia ganha nome no panorama desportivo. “Fiz 29 grandes prémios de atletismo na freguesia. Só o peditório dava para a época toda, para pagar sapatilhas. Tive sempre bons atletas, em veteranos não havia hipótese. Quando aparecíamos diziam logo: ‘Está ali o Santiago, não levamos nada’”.
Agora, as cores de Santiago erguem-se na tela verde. Já não há peditórios, mas o trabalho estica: “Tive sempre ambições em ajudar cada vez mais. A minha mulher até já me disse: ‘Leva uma cama lá para cima’”.
O Santiago Mascotelos nunca voou tão alto. Subiu aos campeonatos nacionais e soma duas vitórias em dois jogos. Aproxima-se o aniversário do clube fundado em 05 de outubro de 1980. Nesse dia, Rodrigo Pacheco até tem um batizado, mas vai “tentar aparecer”. Fazem questão que apareça. “Nunca me dei mal com ninguém, por isso é que tenho tanta gente que me ajuda”, diz.