SAD do Vitória tem primeiro resultado negativo em sete anos
Após seis épocas consecutivas no verde, a sociedade apresentou um resultado líquido negativo de 8,2 milhões de euros em 2020/21. Passivo ascende aos 61 milhões e supera ativo em 3,8 milhões.

O exercício de 2020/21 terminou com um resultado líquido negativo de 8.2 milhões de euros para a SAD do Vitória. É a primeira vez que tal acontece desde 2013/14, quando a sociedade, no segundo ano de funcionamento, fechou a época com um valor negativo de 2,6 milhões de euros. Entre 2014/15 e 2019/20, a entidade responsável por quase todo o futebol vitoriano teve sempre resultados positivos, atingindo um pico de 2,8 milhões em 2016/17, também a melhor temporada desportiva da última década – quarto lugar no campeonato e final da Taça de Portugal.
No documento enviado às redações, o Vitória justifica o sucedido com o “decréscimo de sete milhões de euros nos resultados operacionais” com a “ausência das competições europeias” e pelo “efeito direto da pandemia de covid-19 nas receitas de sponsorização e de bilhética” – a temporada em causa decorreu sem público na bancada.
“A quebra de 39% nas receitas de exploração, em grande parte devido a condicionantes externas à sociedade e ao setor, motivaram neste capítulo uma perda global muito penalizadora para a atividade da Vitória SAD”, lê-se.
Por outro lado, a sociedade privilegiou a continuidade da maioria dos jogadores da equipa principal e, como consequência dessa política, viu os custos de exploração subirem. O Vitória acredita que, apesar da “retração do mercado” ocorrida em 2020/21, a presente época vai marcar a “retoma da confiança do setor” e traduzir-se, a “curto prazo”, numa “mais-valia relevante para a operação da SAD”. “[A sociedade] optou por não forçar um equilíbrio de contas que seria feito em prejuízo do projeto desportivo e de futuras melhores perspetivas de negócio”, indica o comunicado.
Essa subida de custos deveu-se também à “celebração de contratos profissionais com jovens jogadores avaliados com potencial de primeira equipa” e às “rescisões contratuais com atletas tidos como excedentários”, com “um custo aproximado de 0,7 milhões de euros”.
Por outro lado, a SAD vitoriana reduziu os custos com pessoal com cerca de 2,5 milhões de euros em 2020/21 e tenciona baixar esse valor em mais de dois milhões “no curto prazo”. Além dessa contenção, a sociedade prevê o “regresso aos lucros” em 2020/21, fruto dos quatro contratos de patrocínio à equipa principal e das previsíveis receitas de bilhética.
Ativo de 57,9 e passivo total de 61,7 milhões
Os valores patrimoniais da SAD dispararam: o ativo subiu dos 27,86 para os 57,85 milhões de euros, enquanto o passivo ascendeu dos 23,45 para os 61,68 milhões. O capital próprio positivo de 4,4 milhões de euros em 2019/20 transformou-se assim num valor negativo de 3,8 milhões no mais recente exercício.
O Vitória argumenta que, no passivo do exercício, está “sustentada uma componente que tem correlação direta no ativo”, cuja “regularização ocorrerá imediatamente na temporada já em curso, resultando numa redução proporcional no total do balanço”.
Desse passivo, 56% é não corrente – pode ser saldado num prazo superior a um ano -, menciona ainda o comunicado. Já o ativo engloba contas de clientes de 21 milhões de euros, que permitem a “liquidação de passivos de igual montante”.
A sociedade refere ainda que “os direitos económicos de jogadores” que, no entendimento do Vitória, como do próprio mercado, possuem “um valor muito superior ao espelhado”. “É o caso, por exemplo, de Marcus Edwards – avaliado em 150 mil euros -, assim como de vários jogadores que, sendo produtos da formação, não têm ainda valor de relevo para efeitos de ativo (André Almeida, Tomás Handel, Gui, André Amaro, Hélder Sá ou Herculano Nabian)”, lê-se.
A SAD refere ainda que “a estratégia de recuperação do impacto financeiro passa naturalmente pela concretização dos objetivos desportivos”, pela “valorização dos ativos e nomeadamente dos jovens talentos” e pelo investimento em instalações, com a “modernização das estruturas de trabalho” da academia e a construção do miniestádio.
Estes números constam do relatório e contas 2020/21, que será apreciado, discutido e votado na assembleia-geral da SAD, marcada para 30 de setembro, no Pavilhão Desportivo Unidade Vimaranense.