Rui Bragança – Rio 2016; Tóquio 2020
Rui Bragança costuma servir de exemplo e incentivo para que a nenhum atleta pareça que a única opção é desistir do desporto e para que a nenhum desportista pareça impossível prosseguir os estudos.

Sabemos que os campeões se fazem com doses anormais de esforço e disciplina, mas já percebemos também que não raras vezes é necessário que o acaso se intrometa no início da história. Rui Bragança nasceu no dia 26 de dezembro de 1991, em Guimarães. Por obra do acaso, e essencialmente porque os pais treinavam num ginásio que oferecia a modalidade, aos 13 anos ingressou no taekwondo. Não foi amor à primeira vista e os primeiros treinos não o convenceram, mas foi suficiente participar nas aulas durante o resto do mês para perceber o encanto que tem a modalidade que já descreveu como “xadrez misturado com esgrima”.
Quando aparece na agenda mediática são frequentes as menções ao seu percurso de atleta-estudante. Rui Bragança costuma servir de exemplo e incentivo para que a nenhum atleta pareça que a única opção é desistir do desporto e para que a nenhum desportista pareça impossível prosseguir os estudos. Licenciou-se em medicina pela Universidade do Minho por volta da mesma altura em que começou a destacar-se como o melhor atleta de taekwondo português. Por enquanto, a prática da medicina está suspensa para que se possa dedicar inteiramente ao desporto.
A primeira vez em que se destacou no panorama português foi ainda nos escalões de formação ao vencer o Campeonato Nacional de Juniores. Em 2009, o circuito europeu entrou na vida de Rui Bragança. Já a frequentar a universidade, foi ao Campeonato Europeu Universitário e a estreia traduziu-se numa medalha de prata. Dois anos depois, uma nova estreia voltou a ser sinónimo de medalha de prata: em 2011, participou no Campeonato do Mundo e distinguiu-se como vice-campeão mundial. Foi a primeira medalha de prata mundial a ser entregue a um atleta português. Em 2014, uma lesão contraída duas semanas antes do Campeonato Europeu Sénior não deixava prever que tudo ia, afinal, correr bem. Deixou as muletas e recuperou a tempo para não só estar presente na competição, mas para se sagrar campeão europeu pela primeira vez e, por consequência, ser o primeiro português a sagrar-se campeão europeu na modalidade; não havia de ser um feito irrepetível. Nesse mesmo ano chegou a ocupar a primeira posição do ranking mundial.
Em 2015, ao sagrar-se vencedor dos Jogos Europeus Universitários e do Grand Prix da Turquia, conseguiu finalmente assegurar a presença nos Jogos Olímpicos que tinha fugido quatro anos antes.
Antes de partir para o Rio de Janeiro, em 2016, o vimaranense sagrou-se campeão europeu pela segunda vez. No dojang dos Jogos Olímpicos, inscrito na categoria -58 kg, Rui Bragança não conseguiu chegar ao pódio, mas isso em nada beliscou a sua primeira participação. Fez dois combates. O triunfo no primeiro automaticamente escreveu o seu nome nos livros de história para dar conta de que foi o primeiro português a vencer um combate olímpico de taekwondo. No desafio seguinte foi eliminado pelo atleta que conquistou o bronze. Em 2016, Rui Bragança e Manuel Mendes tornaram-se nos primeiros atletas do Vitória Sport Clube a participar nos Jogos Olímpicos. No mesmo ano, o praticante de taekwondo transferiu-se para o Sport Lisboa e Benfica, clube que ainda hoje representa.
Em 2021, Rui Bragança já participou no Campeonato da Europa e conquistou a medalha de bronze. Um mês depois disso carimbou a passagem para Tóquio na habitual categoria -58 kg.