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Rafa atenuou os sintomas de um Vitória perdido no labirinto de Tondela

Num jogo em que o Tondela esteve mais tempo por cima, o Vitória salvou um ponto no meio da desinspiração graças ao pontapé do lateral. Há cinco pontos a recuperar para o Gil, mas menos um jogo.

24 abril 2022 > 22:30

A combinação entre Miguel Maga e Rafa Soares para o golo do lateral esquerdo foi um oásis numa exibição repleta de decisões erradas, de passes desinspirados, de perdas de bola que entregaram sucessivos contra-ataques ao Tondela, reminiscentes do pior que se viu do Vitória na época 2021/22. O Vitória apresentou-se no Estádio João Cardoso como que perdido num labirinto, raramente encontrando solução para se libertar da intensa pressão contrária, várias vezes em superioridade numérica.

Perante um contexto tão difícil, a distância para o quinto lugar é a mesma, mas com menos um jogo pela frente: o Vitória continua a cinco pontos do Gil Vicente, quando lhe falta defrontar Santa Clara, Boavista e os próprios galos. Os vimaranenses têm de chegar a esse último jogo a três pontos dos gilistas para almejarem o quinto lugar no final do campeonato.

Nos primeiros minutos, a aplicação das equipas ao jogo foi digna das aspirações em causa: mesmo sem um claro ascendente na criação de jogo atacante, Vitória e Tondela disputavam cada bola no limite e aceleravam campo fora, sempre que uma das equipas abria espaço. Assim foi quando Rochinha serviu Rúben Lameiras para um disparo que esbarrou em Marcelo Alves e quando Eduardo Quaresma correu desde o seu meio-campo até ao passe para o remate ao lado de Salvador Agra.

Com o avanço do cronómetro, a tendência cingiu-se ao meio-campo vitoriano: os aurinegros cederam a iniciativa à turma de negro, cada vez mais lenta e previsível, com o meio-campo várias vezes estático, e aproveitaram o desposicionamento contrário nas recuperações de bola para um par de contra-ataques em inferioridade numérica. Salvou a baliza de Bruno Varela o erro beirão na decisão e no último passe, mesmo com intervenção atenta a remate de Bebeto.

Até ao intervalo, quase tudo falhou na exibição vitoriana; a bola até rolava veloz da defesa para o trio do meio-campo, mas a marcha travava de súbito assim que a equipa se deparava com o muro amarelo em redor da área. As movimentações ao primeiro toque escasseavam, a bola permanecia colada ao pé do mesmo jogador por demasiado tempo e as janelas para desequilíbrios fechavam-se. Não decidisse Rúben Lameiras ensaiar o remate de bem longe, o perigo ter-se-ia mantido afastado das redes de Babacar Niasse.

Pior do que a falta de soluções para desmontar a organização adversária, foram os passes errados na origem das duas ocasiões de golo mais flagrantes para os homens de Nuno Campos: Bruno Varela negou o golo a Salvador Agra, num contra-ataque originado num desentendimento entre Rochinha e Tiago Silva, e, nos descontos do primeiro tempo, a Daniel dos Anjos, depois de uma saída proporcionada por um mau passe de Alfa Semedo.

Uma mazela física de Tiago Silva obrigou Pepa a substituí-lo por Janvier, mas a dinâmica pouco mudou: os 11 vitorianos continuaram presos de movimentos, com muita demora a soltar a bola e erros na decisão, que permitiram novos contra-ataques aos auriverdes. O golo adivinhava-se e, depois do remate cruzado de Tiago Almeida e do passe atrasado de Janvier que deixou Varela em apuros, surgiu mesmo, aos 63: a arrancada fantástica de Rafael Barbosa aliou-se à passividade dos defesas vitorianos para um remate ao ângulo.

O lance coroou a supremacia tondelense, alvo de um rude golpe quatro minutos depois: ainda sem uma reação sistemática que encostasse o adversário às cordas, o Vitória marcou um golo protagonizado pelos laterais: Miguel Maga vislumbrou uma clareira na área e endossou a bola para o remate colocadíssimo de Rafa Soares.

Estava feito o empate, mas não garantida a viragem na toada da partida. O Tondela continuou a ameaçar em contra-ataques perigosos, sempre à espreita de Rafael Barbosa, até que o cansaço nas hostes aurinegras se adensou. Nos 10 minutos finais, sim, os vitorianos instalaram-se definitivamente no miolo tondelense, aproveitando a ligação entre Miguel Maga e Nelson da Luz. Mas o problema de todo o jogo continuou lá: a falta de imaginação e de velocidade para quebrar a resistência adversária e deixar a baliza à mercê.

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