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Quando se cometem os erros de sempre, é impossível esperar outro resultado

Incapaz de manter a compostura quando marcou, Vitória foi copiosamente derrotado, sofrendo golos difíceis de catalogar para uma equipa profissional. João Ferreira fez jogo para esquecer.

30 janeiro 2022 > 17:20

Na sua passagem pelo Vitória, durante a temporada de 2015/16, Sérgio Conceição lamentou vezes sem conta os "golos de circo" que a equipa sofria, deitando a perder eventuais melhores resultados.

A descrição enquadra-se nos três golos sofridos que ditaram (justa) derrota em Vizela, marcada pela disparidade de atitude entre as duas formações vizinhas: os homens vestidos de azul ganharam quase todas os duelos aéreos, anteciparam quase sempre os movimentos algo denunciados do futebol vitoriano e superiorizaram-se com naturalidade, beneficiando dos habituais erros defensivos da turma preta e branca para selarem a reviravolta.

Sim, porque o Vitória esteve a vencer, com um golo acrobático de Rochinha, mas logo deitou a perder esse avanço, fruto de sucessivas hesitações na escolha dos passes e da pressão frequentemente atrasada ao portador da bola adversário, aliados da reação do Vizela, equipa aguerrida do princípio ao fim, como é seu apanágio.

Com este naufrágio à moda daqueles que já tinham ocorrido em Moreira de Cónegos, para a Taça de Portugal, e em Barcelos, para o campeonato, o Vitória marca novamente passo na luta europeia, estando longe da constância exibicional pedida por Pepa na antevisão ao desafio.

Os alertas para aquilo que estava por vir soaram logo nos primeiros minutos: em comparação com a vivacidade do miolo vizelense, o tridente branco para o meio-campo parecia incapaz de se mexer. Mesmo chegando atrasado a alguns lances, que resultavam em falta, Alfa Semedo ainda recuperava algumas bolas, resguardando a defesa. Pelo contrário, Tiago Silva e Janvier eram incapazes de acompanhar as mudanças de flanco do Vizela e até de segurar a bola quando a tinham em sua posse. Fruto desta inoperância, o sentido do jogo inclinou-se na direção da baliza de Matous Trmal, e o alarme de perigo piscou ao minuto 18: Aidara acertou no poste.

Ainda assim, o Vitória arranjou forma de chegar primeiro ao golo, numa sequência de três lances de bola parada: Pedro Silva ainda teve mãos para o livre de Tiago Silva e para o canto de Rochinha, mas não para o pontapé de bicicleta do extremo de 26 anos. A equipa de Pepa estava na frente e parecia ganhar uma plataforma de segurança para gerir o jogo com mais tranquilidade, mas foi pura ilusão.

Abalada pelo golo nos cinco minutos que se seguiram, a turma vizelense aproveitou a inépcia vitoriana com a bola nos pés e os erros de posicionamento sem ela para recuperarem a confiança no processo. Os homens de Álvaro Pacheco voltaram a carregar e chegaram ao golo: Kiko Bondoso ultrapassou João Ferreira com uma mera aceleração e iniciou o lance que resultou no cabeceamento decisivo de Guzzo.

O lance abriu as portas a um domínio vizelense por maioria absoluta até ao minuto 60, período em que marcou mais dois golos. E muito consentidos: à imagem do primeiro golo, Kiko ultrapassou João Ferreira no segundo, tendo iniciado um lance concluído por Cassiano à boca da baliza, ao minuto 54. Seis minutos depois, três defesas equipados de branco ficam pregados ao relvado a ver Aidara marcar golo.

Só nessa circunstância amplamente desfavorável o Vitória deu sinais de vida, já com Marcus Edwards e André Almeida em campo. Faltou muito critério, porém. E as clareiras na defesa mantiveram-se, com o Vizela a desperdiçar situações para dilatar o resultado. À semelhança do que se viu em Moreira e em Barcelos, o Vitória encurtou a desvantagem para a margem mínima, mesmo sem fazer refletir o que estava a acontecer em campo: neste jogo, coube a Bruno Duarte o derradeiro golo, num cabeceamento.

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