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Pode alguém ser quem não é?

São inúmeros os exemplos de dirigentes, treinadores, jogadores e adeptos, das mais diversas modalidades, que se olham ao espelho e lá não vêm refletido aquilo que, na verdade, são.

11 abril 2022 > 00:00

O título desta crónica remete-nos para a canção de Sérgio Godinho mas creio adaptar-se bem à realidade do desporto português. São inúmeros os exemplos de dirigentes, treinadores, jogadores e adeptos, das mais diversas modalidades, que se olham ao espelho e lá não vêm refletido aquilo que, na verdade, são.

Vivem daquilo que desejavam/desejam ser, de ilusões que transmitem ou lhe são transmitidas e constroem em seu redor todo um imaginário que os transporta para uma espécie de País das Maravilhas, como na história da célebre Alice.

Nesse local encantado, por eles criado, vivem bem, são donos e senhores da razão e das verdades absolutas e tudo corre na perfeição. O pior é quando são confrontados com a realidade. A que desperta as consciências, é incómoda, faz refletir e os atira para a banheira da humildade.

No desporto em Portugal isso acontece quase semana a semana e está indelevelmente associado aos resultados. Se se ganham dois ou três jogos seguidos passeia-se nas nuvens desse país das maravilhas. Mas o pior acontece quando os resultados não surgem.

Essa imagem idílica daquilo que pensam ser começa a desvanecer-se mas, como esse brilho ainda cega, é melhor atirar-se a culpa para os outros. Para os árbitros, para os jornalistas, para os adversários, que até foram melhores mas não é bom admitir isso porque bons ‘somos nós, só nós’. Casas construídas sem sustentação, que caem como baralhos de cartas, mas criam a ilusão de enormes fortalezas, normalmente com exércitos de fiéis seguidores que, ávidos de conquistas, não têm também capacidade crítica e embarcam na fé cega.

Uma ilusão que, mais cedo do que tarde, vai trazer desânimo e revolta porque a realidade é como o azeite, ‘vem sempre ó de cima’.

Está ao alcance dos líderes tentar alterar esta forma de olhar para o desporto mas serão esses os primeiros a não querer mexer neste status quo porque na maioria do tempo lhes dá muito jeito.   

O circo monta-se e desmonta-se e lá segue o seu caminho.     

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