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Pevidém SC: a equipa insubmissa às portas da história

O próximo sábado pode-se eternizar na memória do clube, caso a receção ao São Martinho dê pelo menos empate. Técnico João Pedro Coelho enaltece conjunto que entra para cada jogo para o dominar.

09 abril 2021 > 08:45

O fim de semana das decisões na primeira fase do Campeonato de Portugal aproxima-se e um dos locais debaixo dos holofotes será o Parque de Jogos Comendador Albano Martins Coelho Lima. É precisamente no seu lar que o Pevidém pode garantir a subida à Liga 3, nova competição da Federação Portuguesa de Futebol.

Há duas receitas possíveis frente ao São Martinho, adversário no embate agendado para as 10:45 de sábado: ganhar ou empatar. Ambos os desfechos garantem o primeiro lugar na série B a um clube que, na época passada, competia na Pró-Nacional da Associação de Futebol de Braga. “O espírito é de muita confiança, de muita tranquilidade, de percebermos que somos capazes de ficar na história do clube e diria mesmo na história do futebol português”, considera o treinador João Pedro Coelho. “Aquilo que está a ser feito em Pevidém é realmente algo de extraordinário”.

Os cavaleiros de São Jorge de Selho ocupam agora o segundo lugar, a um ponto do Fafe, que já concluiu a série B, mas até ao fim de semana passado lideraram sempre desde o início da segunda volta, aquando do triunfo sobre o Mondinense (1-0). “Era uma posição impensável no início da época. Fomos nós que, no decorrer da época, fizemos por a merecer”, admite o timoneiro.

 

“A principal característica da nossa ideia de jogo é não sermos submissos ao adversário. Há uma pressão constante em todo o campo, um privilégio muito grande da posse e da circulação”

 

Enquanto recém-chegado, o Pevidém tinha a “manutenção no Campeonato de Portugal como “preocupação principal”, acrescenta. Afinal, ia disputar uma série “competitiva”, com “equipas profissionais” dotadas de “condições totalmente distintas” das suas. “Sabíamos desde o início da desigualdade de condições existentes”, realça.

Mas os objetivos definidos no seio do balneário foram sempre mais “ambiciosos” do que a manutenção. Ainda com o primeiro dia da época vivo na memória, o treinador de 39 anos reconheceu logo “capacidade e qualidade” ao plantel para lutar pelos cinco primeiros lugares e eventual acesso à Liga 3. Definiu com os jogadores que iriam “trabalhar muito” para tornar esse “objetivo alcançável”, através de um modelo que passava por “controlar e dominar o jogo com bola”, impedindo o adversário de a ter.

“A principal característica da nossa ideia de jogo é não sermos submissos ao adversário. Há uma pressão constante em todo o campo, um privilégio muito grande da posse e da circulação”, resume. Fazer os jogadores acreditarem que teriam de “pressionar a campo inteiro” adversários como Vitória B, Felgueiras, Rio Ave B ou Berço foi um “desafio muito grande”. Mas a possibilidade de se valorizarem individualmente motivou os atletas a formar “uma equipa coletivamente muito forte e difícil de ser batida”, com “qualidade de trabalho e um espírito de grupo tremendo”. “Com o passar das jornadas, fomos acreditando que era muito difícil bater-nos”, assinala.

Mas o sucesso é também fruto da “estabilidade” conferida pela direção de Rui Machado, capaz de garantir o “cumprimento de todos os compromissos sempre de forma atempada”, não “falhando com nada daquilo a que se comprometeu ao nível de condições de trabalho”, diz. João Pedro Coelho acredita, por isso, que a manhã de 10 de abril “será mais um momento importante” para todos os intervenientes do Pevidém “demonstrarem aquilo de que realmente são capazes".

 

Um dos adversários “mais experientes”

A última jornada da série B é também decisiva para o São Martinho, que chega a Pevidém no quinto lugar, dependendo apenas de si para marcar presença na fase de acesso à Liga 3. João Pedro Coelho é rápido a encontrar um termo para definir a formação treinada por Agostinho Bento: experiência. “Se olharmos para o plantel, tem uma média de idades elevada, um treinador conhecedor desta divisão como ninguém, que já subiu o Fafe à Segunda Liga. É uma equipa bem organizada”, descreve.

O timoneiro dos pevidenses antecipa, por isso, um “jogo muito emotivo, muito combativo, de luta constante nos duelos”, com “várias estratégias e vários comportamentos”, alertando que o “pensamento no empate” pode causar “dissabores”. “Vamos encontrar duas equipas com o objetivo de vencer, percebendo o contexto de ser importante não perder”.

À frente do Pevidém desde fevereiro de 2019, depois de uma primeira passagem pelo clube em 2013/14, o técnico recusa temer a experiência dos homens de São Martinho do Campo, já que o seu plantel foi maioritariamente construído na Pró-Nacional para se manter no Campeonato de Portugal, com jogadores contratados a partir de critérios desportivos, mas também humanos. João Pedro Coelho frisa, aliás, que a competitividade do escalão maior da Associação de Futebol de Braga deu, na época passada, “algum traquejo” para o que o seu grupo está agora a fazer.

 

A hipótese da profissionalização

O encontro de sábado pode garantir a presença na Liga 3, mas também abrir as portas da profissionalização do emblema fundado em 2006, realça o técnico. “A Liga 3 será um campeonato profissionalizado, muito perto do que será a Segunda Liga, o que irá obrigar o clube a crescer a nível organizativo e a preparar-se para ser profissional”, antevê.

A direção, frisa João Pedro Coelho, quer “aproveitar” a eventual subida para “projetar o clube para outros patamares”. Um dos patamares em que as melhorias urgem é o das infraestruturas, adaptando-as à “exigência de um campeonato que, se não for 100% profissional, andará muito perto disso”, acrescenta.

Assegurado em dezembro de 2020 o direito de superfície para os próximos 50 anos sobre o campo em que joga, propriedade do município, o Pevidém também recebeu 200 mil euros da autarquia para construção de novas bancadas, balneários e salas de apoio, ao abrigo dos apoios ao desporto para 2021.

A subida à Liga 3 pode até nem ser a última página de história a escrever pelo Pevidém nesta época. Se garantir o primeiro lugar, a equipa vai disputar uma poule de acesso à Segunda Liga com os vencedores das séries A, C e D. Para já, contudo, João Pedro Coelho quer somente focar-se no que vai acontecer sábado.

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