Perdidos na Pérola do Atlântico
Vitória perde na Madeira num jogo com pouca história depois do golo marcado pelo vimaranense Pedro Mendes, ao minuto sete. As duas bolas à trave foram exceção na inércia dos pupilos de Bino Maçães.

À semelhança de muitos outros jogos da segunda volta, o Vitória mostrou-se incapaz de responder a uma desvantagem madrugadora, como consequência de uma má entrada em campo. Com Sílvio, André Almeida e Rúben Lameiras de regresso ao ‘onze’, os homens da cidade-berço tiveram mais bola, como seria de esperar para quem esteve em desvantagem a partir do minuto sete, mas quase nada de produtivo fizeram com ela, face à falta de rasgo ofensivo e até de sentido nos lances gizados, com vários erros cometidos em lances aparentemente fáceis de solucionar. Esta incapacidade em reagir a adversidade consumou a derrota da equipa que se assume como candidata à Europa no terreno do lanterna-vermelha, formação que vinha de uma série de dez desaires consecutivos.
O espírito de conquista de que Bino Maçães falara na antevisão não apareceu em campo no primeiro quarto de hora: o Vitória limitava-se a tocar a bola no meio-campo defensivo quando a tinha e deu azo a que o Nacional avançasse rumo à sua baliza, precisando apenas de sete minutos para o fazer com sucesso.
Num lance em que a turma de Guimarães ficou estática na hora de disputar a segunda bola, Larry Azouni dominou de frente para a área e colocou em Pedro Mendes. O avançado vimaranense, de 21 anos, formado no Vitória e no Moreirense, teve tempo para trabalhar em frente a Jorge Fernandes e rematar para a baliza a baixa altura, com o esférico a ressaltar em André Amaro e a trair Bruno Varela que ainda deu um toque.
Em vantagem, os madeirenses deram a iniciativa à equipa da cidade-berço e o que se viu a partir daí foi uma construção ofensiva lenta e lateralizada, sem automatismos, nem ideias, dependente de um ou outro rasgo individual que raramente apareceu.
Apesar da inépcia, os pupilos de Bino Maçães ainda acertaram com duas bolas nos ferros: Pepelu, num lance iniciado e concluído por si, rematou forte ao poste, quando tinha ângulo reduzido e zero soluções de passe para uma finalização eventualmente mais simples, ao minuto 25, e uma bomba de Rúben Lameiras à trave, numa bola que sobrou para a entrada da área.
A feição do jogo manteve-se na segunda parte: alvinegros recuados e bem organizados, à espera de uma eventual saída em contra-ataque, perante um adversário que não lhe criava qualquer desconforto, face à circulação de bola sem chama nem ímpeto, incapaz de qualquer desequilíbrio que fosse.
Quase como se fosse um navio à deriva no oceano, sem qualquer propósito ou rumo, o cronómetro avançou para o apito final, com escassos lances de realce junto de qualquer das balizas. Pepelu ainda introduziu a bola nas redes adversárias, ao minuto 82, mas Fábio Veríssimo assinalou falta de Óscar Estupiñán sobre Rui Correia.
Concluídos 12 jogos na segunda volta, o Vitória soma sete pontos. Tem o segundo pior registo da segunda metade do campeonato, precisamente à frente do adversário de hoje. E os números ofensivos e defensivos comprovam esta pontuação atroz para um clube que se diz candidato à Europa: nos últimos oito jogos do campeonato, a equipa de Guimarães marcou quatro golos. E sofreu 15.