Penálti estranho, livre fatídico: como uma vitória se transforma em derrota
Superior na primeira metade, o Moreirense vencia ao intervalo, mas reentrou mal e sofreu o empate da marca dos 11 metros, antes de voltar a reagir e de sofrer novo golo quando já não se esperava.

O Tondela dispôs de um último contra-ataque já para lá dos nove minutos de compensação e beneficiou de uma falta de Ibrahima para dispor de um último livre. A bola estava ainda longe da baliza, mas um corte para o sítio errado de um defesa do Moreirense foi a chave para o desaire.
Solto na área, Dadashov amorteceu a bola para o encosto decisivo de Manu Hernando. Foi de braços caídos que o Moreirense terminou um jogo em que só não foi superior entre o minuto 45 e o minuto 65. De resto, os pupilos de Lito Vidigal foram mais enérgicos, mais objetivos e mais perigosos, mas regressam a Guimarães sem pontos e complicam a posição na tabela classificativa: concluído o jogo em atraso da 13.ª jornada da Liga Bwin, os cónegos caem para o 16.º lugar da tabela, mantendo os 12 pontos. Segue-se o duelo com o vizinho e rival Vizela, no sábado.
Rafael Martins dá pontaria à chama ofensiva do Moreira
Com Pablo Santos a assumir o lugar de Rosic – ausente devido à covid-19 – no trio defensivo montado por Lito Vidigal e Fábio Pacheco de regresso ao meio-campo, por troca com Sori Mané, chamado à seleção da Guiné-Bissau para a CAN, a equipa vimaranense contrariou a maior iniciativa beirã com ataques repentinos nos primeiros 45 minutos. Mal recuperavam a bola, os homens de Moreira de Cónegos disparavam rumo à baliza de Pedro Trigueira, mais exposta a calafrios do que a de Kewin Silva até ao intervalo.
Com espaço na direita, Paulinho enviou o primeiro aviso ao guardião auriverde, num remate cruzado, seguindo-se-lhe Rafael Martins, num lance protagonizado pelo mesmo lado. Estavam decorridos oito minutos e os homens que viajaram de Guimarães contavam já duas ocasiões de golo.
O futebol da turma de Pako Ayestarán era mais rendilhado, mas raramente se traduzia em perigo para as redes cónegas; a exceção foi a jogada entre Salvador Agra e Rafael Barbosa, travada por Kewin, ao minuto 19. Mais vigoroso nos movimentos ofensivos, o Moreirense respondeu e marcou: o maior artilheiro da história do clube na Primeira Liga impôs o seu físico em disputa com Pedro Augusto, rodou o corpo e atirou cruzado, sem hipóteses de defesa para Trigueira. O ponta de lança repetia o gosto ao pé da jornada anterior, concretizando o 33.º golo ao serviço do “verde da esperança”.
Salvador Agra ameaçou três minutos volvidos, num remate de longe, mas os vimaranenses mantiveram um controlo firme sobre as incidências do encontro até ao momento em que rubricaram o seu lance mais vistoso: Walterson trabalhou na esquerda e colocou os olhos e toda a sua convicção na bola, antes de desferir um arco que esbarrou no poste esquerdo. Trigueira estava batido.
Passividade na reabertura, ineficácia no fecho e dois lances fatais
A feição do encontro alterou-se mal as equipas regressaram dos balneários. O árbitro Hugo Silva reatou o jogo e a bola circulou quase sempre nas imediações da área cónega até ao lance que viria a ditar o resultado final: Kewin deixou escapar uma bola aparentemente fácil e, na tentativa de a agarrar, tocou em Daniel dos Anjos, com o ponta de lança tondelense a cair.
O juiz de Santarém apontou de imediato para a marca de grande penalidade, mas as dúvidas adensaram-se. Nas múltiplas repetições, via-se um toque, mas também a incerteza sobre se o contacto impossibilitava obrigatoriamente os movimentos de Daniel dos Anjos. Ao fim de oito minutos de indecisão, com consulta ao videoárbitro pelo meio, o árbitro manteve a decisão e o avançado que sofreu o penálti bateu Kewin com um remate que tabelou no poste.
A partir daí, o jogo assumiu uma toada indefinida e lenta, com duas equipas incapazes de assumirem o futebol ofensivo até ao minuto 80. Aí, o depósito da equipa de Lito Vidigal parecia acumular mais energia do que a do Tondela, inclinando o campo no sentido da baliza de Trigueira. Na compensação, Paulinho e Felipe Pires tiveram a vitória ao alcance, mas, no final, nem sequer um ponto ficou na bagagem de regresso. No último lance do jogo, já para lá dos nove minutos de compensação, Manu Hernando apareceu na cara de Kewin e selou o desfecho da partida.