Padel: a modalidade que já faz parte dos hábitos desportivos de Guimarães
A modalidade jogada com raquetes entre paredes de vidro está a crescer. Segundo o testemunhos associados a dois dos complexos de padel no território, a vertente social é uma das chaves para a adesão.

O barulho da pequena bola de padel é incessante: ora bate na raquete, ora bate nas paredes de vidro que flanqueiam todo o court. É um som comum às dezenas de campos que se espalham por Guimarães. Apesar de as origens da modalidade remontarem provavelmente ao século XIX, só nos últimos anos é que se espalhou pelo mundo e se tornou tendência também em Portugal. O Tempo de Jogo falou com Frederico Augusto, sócio fundador do Top-Padel Guimarães, e com Rafael Faria, professor e responsável do padel do Clube Ténis de Guimarães. No total, contam-se oito campos de padel entre as duas instituições que, por ordem, trouxeram a modalidade até à cidade berço. O Top-Padel, na Rua Cruz de Pedra, tem cinco campos à disposição e o Clube de Ténis, na Quinta da Feijoeira, oferece mais três.
Foi em momentos e lugares diferentes que o Tempo de Jogo ouviu Frederico e Rafael, mas as perceções de um são confirmadas pelas palavras de outro e os dois concordam que, no concelho, a curva de crescimento da modalidade está ainda a desenhar uma trajetória ascendente em vez de estabilizar. “Desde que nós abrimos houve um crescimento muito grande a nível de concorrentes e o número de atletas tem vindo a crescer desde o início, há sempre caras novas a iniciarem-se na modalidade”, afirma Frederico. As palavras de Rafael vão no mesmo sentido: “Tem sido uma verdadeira loucura. Pensou-se que seria uma modalidade que iria demorar algum tempo a assentar, mas o que aconteceu foi exatamente o contrário, e, mais do que uma moda, é nos dias de hoje uma certeza, há muitos praticantes e uma dinâmica muito forte”.
O que é que faz com que o padel seja, então, uma modalidade irresistível que fideliza com tanta facilidade quem a procura? Há também neste ponto uma convergência de opiniões e as características próprias da modalidade são a resposta. É dinâmica, acessível e social. “Esta facilidade de as pessoas se divertirem desde a primeira experiência é um ponto que justifica o sucesso todo em volta da modalidade”, afirma Rafael. O professor acrescenta: “Toda a gente pode jogar, nós temos aqui famílias e jogam os netos, os avós e os pais”. Frederico Augusto afirma que “é um jogo que é fácil de aprender a jogar”. E justifica: “O facto de existirem vidros também permite que realmente seja um jogo mais fácil de aprender e, portanto, acaba por ser esse o sucesso do padel em relação a outros desportos”.
O padel tem a particularidade de precisar de quatro pessoas – duas duplas – para ser praticado e, por isso, apertam-se laços de amizade enquanto se troca a bola de um lado para o outro do court, mas também quando a bola deixa de circular. Frederico identifica duas situações comuns no Top-Padel: há
“duplas que já chegam pré-definidas ou então quatro pessoas que aparecem sem se conhecerem de lado nenhum, jogam e até começam a criar e estreitar relações a partir desse momento”.
Acontece muitas vezes que lá se encontrem “pessoas aqui do concelho que se conheciam de vista e acabam por se tornar verdadeiros amigos, o que não seria possível sem o padel”. A secção de padel do Clube de Ténis de Guimarães tenta ativamente trabalhar esta vertente da modalidade e aposta nas relações como meio de promover a modalidade. Rafael explica que “no clube trabalhamos muito no sentido de criar os contactos e, para isso, temos um grupo de WhatsApp e algumas pessoas a trabalhar para juntar os alunos”.
O processo depois é natural: “O que acontece é que, depois de um jogo, as pessoas conhecem-se e marcam um jogo para o dia a seguir, depois para o dia a seguir e assim fomentam o convívio e a amizade”. A modalidade que antes se confundia com o ténis – comparações que sempre foram rejeitadas tanto pelos praticantes de uma como de outra modalidade – chegou a Guimarães há menos de uma década e já está incutida nos hábitos desportivos da cidade.