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Os golos como o sal do futebol

Ainda continuo a acreditar, como diria Quinito, que futebol é tentar “marcar mais golos que o adversário”. O Vitória precisa de resolver este seu problema e de aumentar os níveis de eficácia ofensiva.

14 agosto 2021 > 00:00

No final das duas primeiras jornadas do campeonato português o Vitória teve exatamente os mesmos resultados que na época passada: 0 golos marcados e uma derrota em casa por 1-0 na primeira jornada (em 21/22 contra o Portimonense; em 20/21 contra o Belenenses SAD); empate a zeros na segunda jornada (em 21/22 contra o Estoril; em 20/21 contra o Rio Ave). É apenas uma curiosidade estatística, e pese embora as exibições não sejam iguais, é inegável que são duas más entradas no campeonato e sintomáticas de uma das principais pechas do Vitória nas últimas épocas: uma dificuldade muito grande em marcar golos.

Olhemos por isso um pouco para a história do Vitória neste capítulo. Consideremos as nossas 76 épocas na 1ª divisão e para ser mais fácil comparar, tendo em conta que os campeonatos tiveram diferentes número de jornadas, olhemos para o número de golos por jogo. Por exemplo, em 20/21 o Vitória marcou 37 golos em 34 jornadas, o que dá um pecúlio de +/- 1.09 golos por jogo. Em 76 épocas, esta foi apenas a 64ª (ou 13ª pior). Pior do que isso 6 das 10 piores épocas nesta estatística foram nas últimos 20 épocas, ou 11 das 21 piores também nas últimas 20 épocas. Significa que este problema tem sido recorrente e não se explica apenas pela evolução do futebol como um todo...

É preciso perceber que um ataque bem sucedido passa por todo o coletivo e não apenas pela figura do tradicional “ponta-de-lança”. Contudo, é inegável que é preciso ter alguém seja capaz de concretizar as oportunidades criadas. É por isso interessante olhar para os nossos melhores marcadores nas últimas épocas. A figura que ilustra o artigo contém os melhores marcadores e respetivo nº de golos marcados nas últimas 36 épocas, culminando nas duas épocas de Paulinho Cascavel, o nosso último bola de prata (em 86/87, fruto dos seus 22 golos). Se considerarmos um limite mínimo de 15 golos para termos um verdadeiro “homem-golo”, vemos que apenas por uma vez nos últimos 20 anos tivemos alguém a chegar a esse número: Raphinha com 15 golos em 17/18. Para encontrar outro jogador no mesmo patamar é preciso recuar até Brandão (16 golos em 99/00)! Pior ainda, em 10 das últimas 20 épocas o nosso melhor marcador nem a 10 golos chegou… Olhando para os nomes dos melhores marcadores é fácil ver nomes de avançados marcantes nos anos 80 e 90 (P. Cascavel, Ademir, Chiquinho Carlos, Ziad, Gilmar, Edmilson, Edinho e tantos outros), que mantiveram veias goleadoras durante várias e vemos dificuldade extrema em ter nosso atual plantel algum nome que verdadeiramente nos deixe mais descansados nesta importante vertente do futebol: “meter redondinha lá dentro”!

Claro que o sucesso desportivo não se faz apenas de golos marcados e até se costuma dizer que ataques ganham jogos e defesas ganham campeonatos. Convenhamos no entanto que o golo é o sal do futebol e sem marcar é impossível somar os 3 pontos. Ainda continuo a acreditar que, como diria Quinito, futebol é tentar “marcar mais golos que o adversário” (e não apenas “sofrer menos golos”). O Vitória precisa por isso de resolver este seu problema e de aumentar os seus níveis de eficácia ofensiva. Parte da resposta pode ser de ordem tática (Pepa ainda procura a melhor maneira de maximizar o atual plantel), mas parece-me que também seria importante reforçar as soluções disponíveis e deixar Pepa poder “cozinhar com mais condimentos”. E parece-me inegável que a frente do ataque deveria ser algo de um investimento cirúrgico (ainda para mais no caso de se confirmar a saída de Óscar Estupiñán).

Esperemos que a próxima jornada, tal como na época passada, traga também a nossa primeira vitória, o que implicaria também que finalmente vemos a bola a balançar as redes adversárias. Os adeptos já regressaram ao D. Afonso Henriques (e que fantástico foi regressar a nossa casa na 1ª jornada). Esperemos que também os golos regressem, pois os vitorianos já merecem voltar a ser felizes.

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