O Xico Andebol sabe que vem aí uma “batalha dura”, mas quer ganhá-la
De regresso à 1.ª Divisão, o clube encara a nova época com um plantel inalterado e um orçamento baixo face à maioria dos adversários. Ainda assim, o Xico quer “vencer os jogos todos”.

As condições não são “as mesmas” de outros adversários, mas essa desvantagem teórica não “vai invalidar a aspiração de querer vencer os jogos todos”: é este o espírito com que o Xico Andebol promete encarar o regresso à 1.ª Divisão, prova na qual competira pela última vez na temporada 2017/18.
“Todos os jogos vão ser uma batalha dura, mas queremos encará-los da mesma forma: para ganhar (…). É para isso que vamos trabalhar: é para os adversários também saberem que o Xico está aqui não por acaso, mas por mérito próprio”, vincou o treinador Pedro Correia, à margem da apresentação da equipa à imprensa, nesta sexta-feira.
Imbuídos dessa atitude, os 21 jogadores que compõem o plantel escolar estão já “ligados à corrente para começarem bem o campeonato”, mesmo sabendo que o adversário é o Sporting, crónico candidato ao título – o duelo está marcado para as 18h00 de 18 de setembro, no pavilhão João Rocha, em Lisboa.
“A nossa estreia vai ser logo com um candidato ao título, mas também temos o lado positivo disso. não temos pressão. A pressão esta toda do lado de lá. Não vamos para Lisboa fazer turismo, mas para competir e tentar tirar os três pontos, sabendo que é uma missão muito difícil”, perspetivou o técnico.
Treinador do Xico na fase final da temporada 2017/18, que ditou a descida à 2.ª Divisão, Pedro Correia revela-se mais otimista na projeção da época que se avizinha, já que os problemas então vividos pelo clube de Guimarães “fazem parte do passado”. Também satisfeito com o facto de contar com um grupo “construído há três anos”, Pedro Correia admitiu que gostaria de ter recrutado “mais um ou dois jogadores” sem abdicar dos que tem e de ter preparado a época com um intervalo mais longo – o Xico concluiu a época anterior a 25 de julho, quando consumou a subida frente ao Académico de Viseu.
“Os jogadores precisavam e mereciam ter férias, mas as coisas são mesmo assim. O calendário foi assim que ditou a nossa vida. Fisicamente, ainda não podemos dizer que estamos no nosso melhor. Agora, todos os dias, com afinco, criar os atributos físicos, táticos e técnicos para o resto do campeonato”, explicou.
“Jogar com os melhores é sempre bom”
Uma das vozes mais experientes do plantel, Cláudio Mota salienta a “mais-valia” do plantel estar junto desde a época passada e também a ânsia de regressar ao escalão principal. “Estamos ansiosos por começar. É um retornar à 1.ª Divisão de muitos jogadores que estão aqui. E temos jogadores jovens, ambiciosos, que pretendem dar o salto nesta modalidade. Jogar com os melhores é sempre bom, e é isso que queremos”, diz o central de 35 anos, formado no Xico.
Ciente de que o grupo às ordens de Pedro Correia tem a “preparação mais atrasada” face a “equipas altamente profissionais”, o jogador acredita que o Xico Andebol vai “garantir o lugar entre os maiores” no final da época – descem três equipas entre as 16 participantes.
A manutenção também é o principal objetivo de Diogo Silva, pivô de 20 anos que se mudou de Braga (ABC) para Guimarães para “evoluir” na carreira. “Foi o projeto [que me convenceu a vir]. Estava na altura de mudar. Então decidi vir para aqui. Foi importante o facto de vir para a 1.ª Divisão. Para o meu futuro, vai ser importante para evoluir”, disse o atleta, único reforço até agora garantido pelo Xico.
“Temos um financiamento público irrisório”
A participação na 1.ª Divisão só se tornou possível graças a um “apoio” da Câmara Municipal de Guimarães, que “percebeu a importância de ter um clube como o Xico Andebol” nesse patamar, mas a fórmula de financiamento continua a depender sobretudo de privados, revelando-se insuficiente para se “aproximar” dos orçamentos da maioria dos outros clubes. “Os compromissos do ponto de vista financeiro são sobretudo privados. Temos um financiamento público irrisório. É uma realidade que tem de mudar”, vinca o presidente dos escolares, Mauro Fernandes.
Convencido de que a esfera pública deve apoiar os clubes desportivos não pelo número de atletas na formação, mas pelo “projeto” que apresentam, o dirigente admitiu a vontade de manter uma equipa “minimamente remunerada” na 1.ª Divisão a “médio prazo”, indo além das meras “ajudas de custo” que hoje se verificam.
Mauro Fernandes diz ainda que a “estrutura do clube” tem de crescer para acompanhar as exigências do principal campeonato nacional, mas avisa que o Xico vai permanecer um clube formador, mesmo crescendo. “A 1.ª Divisão vai ser muito complicada, mas não era por causa disso que iríamos mudar o nosso perfil. Somos um clube formador. Um clube formador não pode chegar ao topo da modalidade e deixar para trás atletas que formou, que estão aqui há mais de dez anos”, esclarece.