O Vitória parecia em xeque, mas o rei teve cabeça para fazer mate
Comandados de Moreno pareciam ter o jogo sob controlo, mas viram-se a perder por 2-1 em superioridade numérica. O coração parecia levar a melhor, mas no fim foi a cabeça de André Amaro a dar vitória.

Êxtase é talvez eufemismo para se descrever o que se viveu no Estádio D. Afonso Henriques ao minuto 90+3. O cabeceamento em vólei de André Amaro beijou o ângulo superior direito da baliza de Bracali e as bancadas entraram em erupção. O banco vitoriano invadiu o relvado, os jogadores correram desalmadamente para a bancada poente e as restantes bancadas celebravam. Estava feito o golo que selou um triunfo por 3-2, num jogo que parecia controlado nuns momentos e perdido noutros.
O Vitória esteve a ganhar, a perder e, no fim, ganhou, com uma reviravolta iniciada pela bomba de Janvier, aos 87 minutos. Assim, foi na reta final que os homens de Guimarães ultrapassaram os axadrezados, quer no jogo, quer no campeonato. Os vitorianos são agora sextos, com 17 pontos, e os boavisteiros sétimos, com 16.
Protagonista do triunfo sobre o Canelas, para a terceira eliminatória da Taça de Portugal, Mikey Johnston segurou a titularidade, ocupando a posição que fora de Rúben Lameiras na deslocação a Paços de Ferreira. E o escocês foi um dos voluntariosos com bola num início de jogo avesso ao risco por ambas as equipas.
Superado um período aparente de desconfiança, ali por volta do minuto 15, o Vitória começou a pegar no jogo e encontrou nos lançamentos em profundidade a chave para desbloquear o nulo: num lançamento de Bruno Varela, Anderson ganhou em velocidade a Sasso, entrou na área com a bola e foi derrubado pelo central axadrezado. Fábio Veríssimo apontou a marca dos 11 metros e Tiago Silva aproveitou-a para adiantar os homens da casa: Bracali adiantou o lado, mas a bola seguiu imparável para o fundo das redes.
A partir do minuto 20, este clássico deu ainda mais Vitória. Perante a ténue reação dos homens de Petit, limitada a bolas em profundidade para os homens da frente, os comandados de Moreno controlaram as operações no miolo e lançaram-se para o ataque quando havia espaços.
Nélson da Luz obrigou Bracali a negar o 2-0 três minutos depois do golo inaugural, Mikey Johnston e Anderson ameaçaram de longe, e o Boavista ficou em inferioridade numérica ao minuto 44. Ricardo Mangas viu amarelo por falta sobre Zé Carlos, mas o videoárbitro chamou Fábio Veríssimo após ter visto os pitons tocarem o gémeo do lateral direito e a cor do cartão mudou para vermelho.
Parecia tudo mais fácil para o Vitória, mas foi puro engano. Uma falta desnecessária de Mikey Johnston sobre Martim Tavares originou um livre na direita, que se revelou fatal para a baliza vitoriana: Pedro Malheiro cruzou para o segundo poste, André Amaro falhou o corte e Sasso cabeceou para o fundo das redes. Faltava um minuto para o intervalo.
O jogo foi outro na segunda parte: uma avalanche ofensiva vitoriana contra um xadrez de fileiras cerradas. A equipa de Moreno teve bola, mas faltaram os espaços para alvejar a baliza contrária com frequência. Rúben Lameiras fê-lo com toda a violência ao minuto 57, mas Bracali interveio à altura.
O Vitória estava plantado no meio-campo contrário, mas uma perda de bola quando a equipa se preparava para iniciar novo ataque custou caro: Salvador Agra progrediu em velocidade pela direita e rematou fora do alcance de Bruno Varela.
As nuvens negras adensavam-se ao cabo de um dia chuvoso, mas os jogadores mantiveram fiéis aos desenhos ofensivos até então ensaiados. Moreno também acreditava e colocou Jota Silva em campo, numa entrada que viria a ser decisiva.
O extremo deu objetividade à ala, com vários cruzamentos, e efetuou os dois lançamento na origem dos golos decisivos.