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O homem que fundou o Pevidém duas vezes

José Varela esteve na criação do Grupo Desportivo de Pevidém e na refundação como Pevidém Sport Clube, sendo hoje o sócio número um. Instituição pode “atingir outros voos” nesta época, diz empresário.

09 abril 2021 > 08:30

“Era um campo pelado e não tinha bancada nenhuma. Isto era monte à volta”, diz José Varela, erguendo a mão na direção do relvado do Parque de Jogos Albano Martins Coelho Lima e das urbanizações em redor.

A afirmação remonta a 1989, quando participou na fundação do Grupo Desportivo de Pevidém, a 11 de abril. Presidente na primeira metade dos anos 90, o empresário voltou a tomar a dianteira na refundação como Pevidém Sport Clube em 2006, após a extinção da equipa de futebol do Grupo Desportivo, e hoje, aos 75 anos, é o sócio número um, mostrando-se “muito, muito contente“ com a performance da equipa no Campeonato de Portugal. “Tem uma equipa bem orientada, muito capaz. Vê-se que tem algo consistente, que pode levar a equipa a outros voos”, diz, elogiando ainda o “trabalho espetacular” da direção presidida por Rui Machado.

A ligação a Pevidém não começou desde tenra idade, mas a paixão pelo futebol sim, uma vez que nasceu junto ao antigo campo do Futebol Clube de Vizela, em 1945. A mudança ocorreu aos 31 anos, aquando do casamento. Nesse tempo, Pevidém tinha “as empresas no auge”, recorda. E a atividade desportiva era intensa. Além da conhecida equipa de ciclismo, a Coelima tinha uma equipa de futebol que chegou a competir na 3.ª Divisão Nacional, na época 1982/83. A TARF, outra das empresas têxteis da então freguesia, também tinha equipa de futebol de 11.

Também a empresa de José Varela, a Zemil, que funcionava em São Martinho de Candoso, teve atividade desportiva nos anos 80: competiu na Taça de Portugal de futebol de salão. Com a crise que assolou o tecido industrial da zona no final dessa década, a Coelima e a TARF abandonaram o futebol, deixando sem uso o campo que, no sábado, vai acolher a decisão quanto ao vencedor da série B do Campeonato de Portugal. Foi então que surgiu a ideia de um novo clube. “Como a Coelima e a TARF acabaram, um grupo de amigos incutiu-me a vontade de criar uma equipa de futebol em Pevidém. Era difícil, porque, naquela altura, a Coelima já se começava a ressentir de alguma crise”, recorda.

 

A herança da Coelima

Em primeiro lugar, era preciso garantir que havia campo. “Começou-se a urbanizar a zona. O nosso receio era que, aqui no campo, fizessem prédios”, diz. Com o apoio da família Coelho Lima, o fundador do Grupo Desportivo de Pevidém lembra que foi possível impedir a urbanização, cedendo a propriedade do campo à câmara municipal.

Salvaguardada essa questão, José Varela foi eleito o primeiro presidente do clube numa assembleia-geral realizada a 12 de maio, tendo Maria Perpétua Campos, ex-dirigente desportiva da Coelima, na mesa da assembleia-geral, e Albino Ferreira Fernandes no conselho fiscal. O semanário vimaranense Notícias de Guimarães deu eco desse assembleia eleitoral e também da tomada de posse, realizada a 02 de junho. Nessa ocasião, José Varela afirmou que o novo clube iria ser o que “a direção, com o apoio da câmara, das juntas de freguesia do vale do Selho, industriais, comerciantes e toda a população em geral” quisessem que ele fosse.

Com a antiga glória vitoriana Osvaldinho como primeiro treinador, o primeiro líder do GD Pevidém estabeleceu então a meta de colocar o Pevidém na 3.ª Divisão Nacional, subindo ininterruptamente nos campeonatos regionais. “Na altura, havia 3.ª Divisão regional, 2.ª e 1.ª. Na altura, o nosso objetivo era sermos campeões todos os anos até à 3.ª Nacional. Eram três anos. Ora bem, falhámos num ano”, recorda.

O clube fixou-se nas provas nacionais, tendo chegado, na época 1998/99, aos oitavos de final da Taça de Portugal, eliminatória em que viajou à Madeira, perdendo com o Marítimo (5-1), e, na época 2000/01, à 2.ª Divisão B, então o nome do terceiro escalão. José Varela já não era então o presidente, depois de ter conduzido os destinos do clube na primeira metade da década.

Os problemas financeiros vieram depois, revelando-se irresolúveis. Em 2006, o Grupo Desportivo deu lugar ao Pevidém Sport Clube. “Fui convidado novamente para refundar o clube”, recorda José Varela. A subida até às provas nacionais não foi imediata, desta feita. Foi preciso esperar 14 anos para atingir de novo este patamar. Mas com o trilho do sucesso retomado, José Varela até crê que é possível o Pevidém competir na Segunda Liga, caso “as gentes de Pevidém se juntem mais ao clube”.

“Subindo para a Terceira ou para a Segunda Liga, precisa de mais apoios e que as gentes de Pevidém se unam ao clube, porque o clube é um estandarte da terra”, antecipa.

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