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O ciclismo como metáfora (ou a história de uma “bravíssima” Ilda Pereira)

A ciclista de São Torcato sofreu um acidente a 16 de junho, na Alta Via Stage Race, prova de BTT no norte de Itália. Ilda Pereira tem aproveitado o tempo de recuperação para se reaproximar da família.

22 julho 2021 > 11:00

Ilda Pereira ainda não sabe o que se passou naquele dia em que viu a cidade de Génova a aparecer no horizonte. Perante o cenário, um pensamento: “Estou a chegar, a etapa está quase feita”. Estava no quinto dia da Alta Via Stage Race, em pleno norte de Itália, uma prova querida da ciclista vimaranense, anexada a boas memórias. Só que um “incidente” atirou os momentos seguintes para o esquecimento

“Eu não sei o que aconteceu, sei que não me pude proteger”, resume a atleta ao Tempo de Jogo. A conversa acontece uma semana depois de regressar de Itália, onde esteve a recuperar de uma queda – do “incidente”, como apelida. “O meu corpo absorveu os impactos todos: afetou vértebras, costelas, fígado e baço. Ainda não retomei a mobilidade no meu braço esquerdo. É muito complicado voltar ao episódio, eu não sei o que aconteceu”.

No Hospital de San Martino, em Génova, ficou numa área médica crítica e, posteriormente, no trauma center, “zona onde as equipas médicas sabem que os casos são graves”. A recuperação tem sido célere. Enquadra a queda e o ciclismo como “uma metáfora da vida”: “Aquilo que sou na bicicleta sou também fora dela. Sou uma guerreira, mas a vida por vezes é ingrata. Não é pelo facto de eu fazer bem as coisas que as coisas más não vão acontecer”.

 

Uma reaproximação familiar

Uma onda de mensagens de apoio foram chegando e ajudaram a levantar o ânimo. No hospital, na cama onde não devia estar – “acordei confusa, queria estar na meta mas estava ali”, pontua – os médicos, empáticos, encorajavam: “ Brava, bravissima”. Na família, uma âncora. “O meu marido ia recebendo muitas mensagens, esteve ao meu lado. Para ele foi extremamente exigente”, salienta.

Este “estágio” em Itália, que seria fulcral para preparar os nacionais de cross, era também o pano de fundo ideal para uma reaproximação ao irmão. “Para ele também foi um desafio. Estou a reatar e a tentar construir uma relação. Acabou por presenciar o melhor – fiz pódio em duas etapas e fui líder – e o mais ingrato”, sublinha. Não pode “voltar à bicicleta e ao calendário enquanto não voltar à vida” e é essa a próxima etapa da bravíssima Ilda Pereira.

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