O andebol é berço de campeões, mas precisa de espaço para crescer
Para garantirem um futuro que esteja à altura da tradição de Guimarães na modalidade, Xico Andebol e CCR Fermentões/Vitória SC ambicionam melhores instalações e mais presença nas escolas.

Os títulos praticamente em simultâneo de Xico Andebol, na 2.ª Divisão Nacional masculina, e de Vitória SC, na 3.ª Nacional, foram mais um capítulo de celebração numa modalidade com tradição em Guimarães; este território deu afinal Carlos Ferreira, Álvaro Martins, Carlos Carneiro ou o olímpico Rui Silva à seleção nacional, para lá de muitos outros ao principal campeonato português.
Para que esse passado se faça futuro, é preciso cimentar a ligação com as escolas, reforçar o acompanhamento clínico e psicológico e melhorar as instalações, expandindo-as se possível. Esse é pelo menos o caso do Xico Andebol, emblema com 200 atletas na formação, entre masculinos e femininos. Com os jovens distribuídos pelos pavilhões do Inatel e das escolas Santos Simões e Francisco da Holanda, não há espaço para receber mais gente, apesar da procura. “Não há equipamentos suficientes em Guimarães para dar resposta a uma estratégia de crescimento do número de atletas”, adianta ao Tempo de Jogo Mauro Fernandes, presidente eleito a 18 de junho.
A expansão é um objetivo, mas, antes, o dirigente tenciona aumentar a qualidade da formação. O desafio envolve a requalificação do pavilhão do Xico, com “melhores balneários”, a contratação de treinadores com provas dadas – Eduardo Rodrigues, vencedor da Taça de Portugal pelos escolares em 2010, vai assumir os iniciados -, o aumento do número de fisioterapeutas e o acompanhamento escolar do 1.º Ciclo à universidade, fator que tem sido obstáculo à transição entre camadas jovens e equipa sénior.
Ao contrário do ABC, o Xico não tem direito a um protocolo com a Universidade do Minho que garanta a “possibilidade de propinas pagas, alojamento, transporte e refeições”. Apesar desse tratamento que crê “díspar”, Mauro Fernandes promete manter os jogadores através do “reforço das áreas da psicologia e clínica”, embora sem promessas financeiras. A prática feminina é outra das apostas para o mandato: o clube tem já 60 a 70 jogadoras na formação e anseia guarnecer os mínis e os bâmbis – equipas dos seis aos nove anos – a partir da próxima época.
“Perceber onde está o talento”
Outro nome reconhecido do andebol vimaranense, o CCR Fermentões, conta iniciar a temporada 2021/22 com 130 a 140 atletas na formação, distribuídos pelos pavilhões da freguesia: o Municipal Fernando Távora e o da Casa do Povo. Prestes a assumir a formação do clube agora associado ao Vitória SC, António Martins vinca que a “qualidade do trabalho” pode aumentar com mais horas disponíveis para a modalidade, embora os treinadores nunca achem os “pavilhões suficientes”. E a procura de espaços alternativos será mesmo necessário se a procura “crescer”, admite. “Temos de perceber até onde podemos ir e de adequar o número de praticantes ao espaço de treino que temos", detalha.
Convicto de que a participação portuguesa nos Jogos Olímpicos vai fomentar o interesse jovem pelo andebol, o coordenador defende o reforço da ligação ao desporto escolar. Para António Martins, essa é a via para se “perceber onde está o talento”. “Não podemos olhar para o desporto escolar só de forma lúdica. O trabalho com as escolas tem em vista não só a captação de novos atletas, mas a deteção do talento muito mais cedo”, reitera. E o nome Vitória pode ser outro atrativo, embora a “qualidade da formação” seja a prioridade, conclui.