Na decisão de Rochinha, Vitória sorri para a Europa e Moreirense vê abismo
O equilíbrio alternado entre uma primeira parte de domínio cónego e uma segunda de ascendente vitoriano, desfez-se com o desvio certeiro do extremo. Cónegos são lanterna-vermelha da Liga.

Rochinha esteve ausente do jogo ofensivo vitoriano ao longo dos primeiros 45 minutos, perdendo a bola em todas as fintas ensaiadas e em todos os duelos travados. O intervalo foi um bom tónico para o capitão do Vitória, que apareceu mais intenso, a dar volume ao ataque vitoriano e a decidir o dérbi num lance de insistência:
Com cerca de meia hora por jogar, na sua maioria dominada pelos homens trajados de negro, ficou estabelecido o resultado final, acentuando o bom momento de uns e a crise de outros. O Vitória é agora mais sexto classificado – tem 39 pontos, com cinco de vantagem para o Estoril Praia e sete de desvantagem para o Gil Vicente; o Moreirense atravessa agora sete jogos sem vencer e vê confirmado o estatuto de lanterna-vermelha do campeonato, após os triunfos de Arouca, Tondela e Belenenses SAD. Com 20 pontos, a turma de Sá Pinto está agora a seis da salvação direta.
Um futuro risonho e outro mais sombrio desenham-se após uma partida de domínio alternado, intensidade e luta, com um último forcing cónego incapaz de dar frutos.
Mais verde da esperança do que preto da unidade
Pressionados pelos triunfos de Belenenses SAD, Arouca e Tondela, os cónegos mostraram-se organizados nos primeiros 10 minutos, encurralando o Vitória numa teia defensiva bem subida que travou a primeira fase de construção adversária, à exceção de um lance, o mais perigoso da primeira metade deste dérbi que bem poderia ser o dérbi Dino Freitas, autor dos hinos de ambos os emblemas: Tiago Silva trabalhou a bola no lado direito e vislumbrou no outro poste Rafa Soares, que, de primeira, rematou para grande defesa de Pasinato.
No segundo ato da primeira parte, até ao minuto 25, a equipa trajada de negro avançou no terreno e criou espaços entre o xadrez de Sá Pinto, mas sem a capacidade de decisão necessária para criar oportunidades que pudessem desfazer o nulo.
Com o avanço do cronómetro, a reorganização da dupla Fábio Pacheco-Jefferson a meio-campo e a velocidade de Paulinho na ala direita garantiram novo ascendente à turma de Moreira de Cónegos. Empenhados nas recuperações de bola e rápidos na transição da defesa para o ataque, os jogadores de verde e branco desmantelaram várias vezes o miolo vitoriano para aparecerem com espaço nas imediações da área. Rafael Martins, aos 33 minutos, e Paulinho, aos 40, ainda ensaiaram os remates à baliza vitoriana, mas sem proveito.
Rochinha apareceu… e marcou
Desaparecido na primeira parte, o capitão vitoriano Rochinha mostrou outra presença em campo mal começou o segundo tempo, atraindo muito do jogo ofensivo para a ala esquerda, numa ligação reforçada com Rafa Soares. Apesar do perigo ter rondado antes a baliza à guarda de Bruno Varela, num remate forte de Paulinho, a corrente mais forte continuou a fluir na direção da baliza onde se encontrava o setor vitoriano, mas agora com a equipa de Pepa, afastado do banco de suplentes, a impor regras.
Descaídos para a esquerda, Rochinha e Oscar Estupiñán, também mais produtivo do que na primeira parte, falharam por duas vezes em remates descaídos para a esquerda, no limite da pequena área, mas à terceira o capitão vitoriano não desperdiçou, com um desvio rasteiro fora do alcance de Pasinato.
Com 30 minutos por se jogarem, o Moreirense lançou-se para a frente, já com Derik Lacerda no terreno de jogo para dar imprevisibilidade ao ataque cónego. Faltou, no entanto, critério à turma axadrezada. Muitos dos passes da manobra ofensiva saíram transviados, quer para fora, quer para os jogadores vitorianos. Com o espaço cedido pelos verdes e brancos, o Vitória irrompeu até à área cónega quando podia, desperdiçando três ocasiões claras para fechar o jogo mais cedo: Rochinha quase bisou num remate em arco, Geny Catamo atirou por cima após arrancada e Bruno Duarte desperdiçou um remate muito perto da baliza.
No último fôlego do Moreirense, a bola rondou a área vitoriana em várias bolas paradas, mas a defesa vitoriana aguentou firme a vantagem. Confrontada com mais uma derrota, a equipa de Ricardo Sá Pinto está forçada a vencer em Barcelos, o Gil Vicente, para manter o objetivo vivo. Já o Vitória recebe o líder FC Porto.