Montinho: do tiro ao javali ao relvado no campo mais antigo do concelho
Anfiteatro é uma rubrica do Tempo de Jogo que apresenta os recintos desportivos vimaranenses. Desta vez vamos até ao campo mais antigo de Guimarães.

O javali é o símbolo Clube Caçadores das Taipas. Um símbolo que está ligado às origens do clube e ao local onde se implantou. Foi no lugar do Montinho, onde hoje está o Campo do Montinho, que o CC Taipas deu os primeiros passos e a história do local influencia a história do clube.
Luís Pimenta foi jogador, dirigente e treinador do CC Taipas. Fez um pouco de tudo. Conheceu o Montinho na década de sessenta, mas atira que o Montinho tem “seguramente mais de noventa anos”.
Os parcos registos tornam difícil a tarefa de perceber o ano de inauguração, se é que houve. Certo é que de um campo de tiro fez-se um campo de futebol para a criação de um clube de futebol que, à semelhança do campo, é um dos mais antigos do concelho.
“Neste sítio antes era de um clube de caçadores, de caça ao javali e a pombos. Quando eles acabaram, foi fundado o Clube Caçadores das Taipas. No início, quando se formou o clube de futebol, ainda se manteve uma secção e caça, de tiro aos pombos e aos pratos, mas extinguiu-se rapidamente”, aponta Luís Pimenta.
O pelado com muro de madeira
A realidade é que, em 97 anos de história, o CC Taipas nunca teve outro campo que não este, o que leva então a concluir que este será o campo mais antigo de Guimarães. “O Taipas nunca teve outro campo, ali era, e é, o lugar do Montinho; por isso ficou o Campo do Montinho”, explica.
Como todos os campos, também o Montinho começou por ser pelado. Essa é uma das memórias mais vivas de Luís Pimenta, que solta logo que recorda perfeitamente “o antigo campo com piso pelado e um muro negro feito em madeira”.

Recorda o antigo jogador que, no início do seu tempo como atleta, aquilo que havia para ser ver o futebol nem podia ser considerado propriamente uma bancada, uma vez que eram apenas dois degraus em madeira. “Não existia bancada. Existia uns degraus de madeira, uma pequena bancada, se lhe quiserem chamar, mas na verdade não era uma bancada. Era uns assentos de madeira, onde hoje tem a bancada coberta. Mais tarde fizeram em cimento e depois acabaram por alargar para o tamanho que tem hoje”, sublinha.
Os balneários, antes de se instalarem na nova bancada, funcionavam no edifício que se situa ao lado da bancada que hoje é destinada aos associados. “Os balneários de antigamente eram no edifício que ainda existe hoje, ao lado da bancada. O edifício era o mesmo de hoje, o edifício ao fundo, a parte de baixo era para balneários. Na parte de cima era para a direção, arrumos e outras salas”, esclarece.
Relvado em 1995 e bancada em 2001
Sempre com a mesma orientação que ainda hoje tem e depois de várias décadas pelado, foi em 1995 que o Campo do Montinho recebeu o relvado natural que ainda hoje tem. Um relvado com 26 anos que custou, na altura, 15 mil contos.
Uma verba suportada pela Câmara Municipal de Guimarães, sendo eu pertenceu ao clube o investimento na construção de um poço do depósito de água e, posteriormente, das bancadas.

Um histórico que bate certo com as memórias de Luís Pimenta. “Se não me engano, o relvado foi colocado em 1995; foi o primeiro e único relvado, nunca mais foi tirado ou reformulado. Onde tinha o pelado foi colocado o relvado”, relembra dá conta. A inauguração foi a 12 de fevereiro de 1995, um domingo, frente ao Montalegre. Curiosamente, as redes não abanaram, registando-se um empate a zero. Outra curiosidade, é que o adversário deste dia (Montalegre) está também ligado à subida do CC Taipas à II Divisão Nacional, em Montalegre, a 30 de maio de 1998 - o momento desportivo mais alto do clube até agora.
Na altura era presidente João Batista, que lançou também as bases para a construção da nova bancada, a maior do recinto, que alberga por baixo várias infraestruturas, como é o caso dos atuais balneários.
Jogo grande com o Portimonense em 2002
Entre as mutações que o Campo do Montinho foi sofrendo, em 2001 deu-se uma das mais significativas, com a construção da tal nova bancada. No vídeo abaixo é possível perceber que em 2001 a bancada estava em construção.
O vídeo diz respeito ao jogo entre o CC Taipas e o Portimonense a contar para a Taça de Portugal, a 29 de dezembro de 2001. Na altura na 2.ª Divisão B, o CC Taipas chegou aos oitavos-de-final da competição, sendo travado pelo Portimonense, da 2.ª Divisão. Atrás da baliza, através de uma faixa pedia-se a presença dos taipenses no Jamor. Este terá sido o jogo de maior nomeada disputado no Montinho.

Mais recentemente, em 2018 o CC Taipas recebeu mais uma equipa da II Liga, desta feita o Arouca. Curiosamente, ambos os emblemas militam atualmente no principal escalão do futebol português. Além destes dois jogos, Luís Pimenta recorda outros nas divisões inferiores, com equipas fortes.
“Cheguei a participar em grandes jogos, jogos importantes a nível do Minho, porque naquele tempo o Taipas jogava com o Gil Vicente, o Famalicão, o Fafe, equipas que estão na primeira ou já lá andaram. Sempre com muita gente, o Taipas sempre teve muita gente”, recorda
Com capacidade para sensivelmente 6mil espectadores, o retângulo de jogo do Campo do Montinho, casa do CC Taipas, tem 102 metros de comprimento e 64,20 metros de largura.
Resumo da RTP do jogo entre o CC Taipas e o Portimonense: