Manuel Abreu: "um dos bons" faleceu há 25 anos
Ciclista de Gondar conquistou dois pódios na Volta a Portugal, o campeonato nacional de estrada e participou ainda nas Voltas a Itália e a Espanha, antes de ser vítima de morte súbita num treino.

"Um bom ciclista, com muita força” sucumbiu há 25 anos. Manuel Abreu “era um dos bons” que na década de 80 despontou para o ciclismo em Guimarães, à boleia da Coelima. Sucumbiu em cima da bicicleta quando tinha 34 anos, traído pelo coração ao pedalar em mais um dos seus muitos treinos. Para trás deixa um legado, apesar de incompleto, que perdura até aos dias de hoje.
Referência da modalidade a nível nacional, passado um quarto de século Manuel Abreu é lembrado na terra de onde é natural pela Paróquia de Gondar e seu Agrupamento de Escuteiros, numa homenagem em que alguns dos seus troféus serão expostos na igreja. Manuel Abreu tem o melhor registo de um vimaranense até à atualidade na Volta a Portugal, alcançando o segundo lugar em 1992, participando em três Campeonatos do Mundo, e ainda cinco Voltas a Espanha e uma Volta a Itália. “Chegou-me às mãos e eu praticamente ensinei-o a andar de bicicleta. Era um bom ciclista, tinha muita força e muita vontade”, recorda ao Jornal de Guimarães Mário Miranda, um nome também ele incontornável do ciclismo, que foi o primeiro treinador de Manuel Abreu.
“Vi-me negro para o ir buscar à Incotex, onde ele trabalhava, para o dispensarem duas manhãs por semana. Fui ao encarregado pedir se o dispensava, disse-lhe que o moço era bom e tal. Assim começou a correr, foi ganhando corridas em juniores, até que foi crescendo. Era um bom ciclista e um bom homem. Do melhor que havia, em tudo”, repara Mário Miranda com uma tensão nostálgica difícil de esconder.
Manuel Abreu foi um dos milhares de miúdos que passou pelas mãos de Mário Miranda numa altura em que despontavam várias promessas no Vale do Selho, uma zona com forte tradição na modalidade. “Se durasse mais uns tempos poderia ter conseguido mais coisas” “Acho que só tinha um mal: nas subidas não era muito forte. Na Serra da Estrela, por exemplo, subia bem, mas não era um trepador nato e perdia segundos que eram determinantes. Depois, no resto, no contrarrelógio, a rolar, e em tudo o resto era bom. Tinha muita força”, destaca o primeiro treinador do malogrado ciclista.
“Se durasse mais uns tempos poderia ter conseguido mais coisas"
Teve uns azares, umas quedas, e muitas vezes esteve em equipas em que teve de trabalhar para outros. Se encontrasse uma equipa em que fosse o líder, poderia ter mais conquistas”, destaca Mário Miranda, reconhecendo que “era um ciclista como havia poucos”. Depois das brincadeiras iniciais, e mesmo tendo começado tarde, Manuel Abreu chegou a profissional, representando equipas como Coelima, o Vitória, Garcia Joalheiro, Tensai/Santa Marta, Sicasal/Acral e Maia/Jumbo. Apesar de o seu antigo treinador vaticinar outros feitos, no currículo Manuel Abreu conta com um título de Campeão Nacional de Ciclismo, Campeão Nacional de Rampa em duas ocasiões, ou Rei da Montanha na Volta a Portugal, entre outros.
Deu a última pedalada no fatídico dia 25 de fevereiro de 1997, “num repente”, como recorda Mário Miranda. Partiu “um dos melhores do pelotão”, então 34 anos. Passados 25 anos a paróquia e os escuteiros de Gondar continuam a perpetuar a memória do ciclista com uma homenagem a partir das
18h00 no cemitério e posteriormente na igreja.