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José Pinto é mais do que um "tapa furos". É a alma do CR Candoso_

A ligação ao CR Candoso estende-se por mais de duas décadas. A pandemia afastou-o do pavilhão e o "ecossistema" ressentiu-se. “Quando é que o senhor Pinto vem?”, perguntavam. Já lá está, em "casa".

06 abril 2021 > 09:25

O rasgo de luz que trespassa as janelas do pavilhão do Clube Recreativo de Candoso, numa manhã pacífica e reluzente de março, ilumina parte de um recinto que José Pinto conhece como ninguém. Aqueles metros quadrados revestidos em madeira, em São Martinho de Candoso, casa do clube local, são sinónimo de conforto, de serenidade de quem sabe que, por ali, não há segredos por descobrir.

Roupeiro, porteiro, organizador, vigilante. “Tapa furos”, descreve o próprio. José Pinto é responsável por alimentar um clube que, sem a sua visita assídua, seria diferente. Mora a 500 metros do pavilhão e está alerta para quando o telefone toca. “Quando é preciso, cá estou. Todos têm o meu número. Ligam e perguntam: ‘Pode ser?’ “Pode”, respondo. E cá estou. Qualquer coisa que é preciso, cá estou eu”.

 

 

A pandemia impediu-o de abrir os portões da casa do Candoso durante duas semanas. E o ecossistema sentiu-se. “Voltei ainda mais depressa por conta deles. Estive 15 dias em casa por causa da covid-19. Estavam sempre a perguntar: “Quando é que o senhor Pinto vem?” Quando vim para aqui, ainda vim atordoado”, brinca. “Queixavam-se que a roupa estava sempre húmida”, acrescenta.

Tudo começou na bilheteira

Agora, de regresso, José palmilha com desenvoltura os corredores de uma estrutura familiar. Da casa das máquinas e balneários à sala de troféus, recorda memórias antigas. Que começaram a formar-se quando, um dia, lhe perguntaram: “Queres ir para a bilheteira?” A resposta, afirmativa, desencadeou uma ligação que não mais se quebrou. “Eu já aqui morava quando [o pavilhão] começou a ser construído. Depois, perguntaram-me se queria continuar aí ,e vir para aqui tomar conta dos balneários, abrir as portas ao pessoal quando viesse aqui para os treinos”. Assim foi.

 

Fotografias: Bruno José Ferreira

As visitas começaram por ser somente ao fim-de-semana, agora são diárias. A reforma trouxe mais tempo e as estadias foram-se prolongando. Por vezes, chega de manhã e só sai da casa do Candoso à noite. José ainda se lembra de quando se alugava o pavilhão. Agora já não é assim. O clube cresceu e trepou divisões: uma taça de campeão na algibeira e lugar na primeira divisão granjearam outro estatuto ao coletivo da freguesia vimaranense.

Os anos de casa – são mais de 25 – aproximaram José dos intervenientes; deu de caras com muitos jogadores e treinadores. “Cada um tem as suas brincadeiras”, refere, “aceito tudo e também lhe digo a eles, eles também aceitem”. Pelo guardião da casa do Candoso ainda vão passar outros. Quando chegarem, vão ser recebidos por José Pinto. Vai andar por lá, “a abrir a porta à malta” que quer entrar.

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