A relação de Guimarães com o ciclismo é antiga. Remonta à primeira metade do século passado. Foi uma das primeiras modalidades a despertar a curiosidade dos vimaranenses que desde cedo se empenharam na organização de atividades recreativas com bicicleta. Em 1932, a 3.ª edição da Volta a Portugal, prova que popularizou a modalidade em todo o país, passou por Guimarães. O momento repetiu-se uns anos depois, quando os ciclistas “foram recebidos por uma multidão de muitos milhares de pessoas”, conforme escreveu o Notícias de Guimarães no dia 8 de setembro de 1935. A história entre a cidade e o ciclismo continuou a estreitar-se nos anos seguintes, sempre pautada por um grande entusiasmo popular.

Nos últimos anos, muitos foram os atletas vimaranenses que se destacaram nas mais diversas vertentes do ciclismo. José Mendes, nascido no ano de 1985 e natural de Pevidém, é uma dessas referências, quiçá a maior de todas. A paixão foi-lhe passada pelo pai que, apesar de não ter sido profissional, sempre praticou ciclismo. Aos 11 anos, o pequeno José conheceu a modalidade e não largou mais a bicicleta. Não foi preciso passar muito tempo até que os resultados se evidenciassem. Foi campeão nacional de contrarrelógio nas formações juniores e cadetes e campeão nacional de estrada nos escalões de cadetes e elites. Em 2007, venceu a Volta a Portugal do Futuro, a mais importante prova nacional para os atletas sub-23.

A carreira de José Mendes é recheada de distinções. Em muitos momentos foi pioneiro, primeiro atleta vimaranense ou português a entrar em ou a vencer alguma prova. Aconteceu quando foi o primeiro atleta português a participar no Campeonato do Mundo de Ciclismo Universitário. Igualmente notável foi o momento em que, ao participar na mítica e emblemática Tour de France, se tornou no primeiro vimaranense a fazê-lo. O mesmo aconteceu com a participação olímpica: José Mendes foi o primeiro ciclista vimaranense a competir nos Jogos Olímpicos.

Foi com o título de campeão nacional de fundo, conquistado em 2016, que José Mendes voou para os seus primeiros Jogos Olímpicos, realizados na cidade brasileira do Rio de Janeiro. Aposta do selecionador para o ciclismo de estrada, terminou aquela que foi considerada uma das corridas mais difíceis na história olímpica. Não lhe valeu uma medalha, mas atribuir-lhe uma pelo trabalho e esforço a que foi submetido não seria completamente injusto. Com partida e chegada no Forte de Copacabana, o circuito estendeu-se por 241.5 quilómetros cheios de desafios. O vimaranense chegou à meta apenas 20 minutos depois do atleta que alcançou o ouro. As seis horas e 30 minutos de prova renderam-lhe um honorável 53.º lugar. Durante o seu percurso representou muitas equipas nacionais e algumas do pelotão internacional, desde a Alemanha à Espanha. Em 2018, depois de um período prolongado fora do país, regressou a Portugal para representar o Sporting CP/Tavira, clube com o qual se sagrou novamente campeão nacional de fundo em 2019. Nesse mesmo ano mudou-se para os quadros da W52/FC Porto, clube que ainda representa em 2021.