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João Sousa – Rio 2016; Tóquio 2020

O apuramento para Tóquio significa que o vimaranense se vai tornar no primeiro tenista português a disputar dois quadros de singulares em Jogos Olímpicos.

21 julho 2021 > 14:50

A falta de infraestruturas adequadas para a prática de ténis em Guimarães fez com que o interesse pela modalidade despontasse tarde. Na década de 1960, as publicações locais davam conta de que se tratava de uma “modalidade linda mas com poucos admiradores” e que “em Guimarães havia algum entusiasmo (…), mas os jogadores que, para a praticarem, tinham de se deslocar às Taipas a pouco e pouco foram perdendo o entusiasmo”. Em 1976, a criação do Clube de Ténis de Guimarães dinamizou a modalidade. Em 1991, o torneio Continente Open passou pela cidade e juntou atletas de várias nacionalidades. A partir de 1993, o Clube de Ténis de Guimarães começou a organizar com regularidade o Ladies Open, competição internacional.

João Sousa nasceu em Guimarães no ano de 1989 num ambiente que começava a tornar-se menos inóspito à prática do ténis. Há outro dado importante a reter: no mesmo ano em que nasceu, o pai começou a jogar ténis. Premonitório ou não, a verdade é que enquanto o pai treinava, o miudinho ia para as escadas bater bolas com uma raquete maior do que ele. Seguiram-se as aulas, os treinos, os jogos e, aos 15 anos, a mudança para Barcelona. Um ano depois, em 2005, tornou-se profissional. Em retrospetiva, tudo pareceu desenrolar-se rapidamente, mas o caminho foi trilhado degrau a degrau. Primeiro participou nos torneios Futures; começou por ganhar um e depois outro até somar, por fim, sete títulos na categoria. De 2011 a 2013, venceu cinco torneios Challenger. O último desses troféus não podia ter sido mais simbólico: foi em Guimarães, cidade que o viu nascer e crescer. Não tardou até subir de divisão para o circuito principal: ATP tour.

Só os mais distraídos não devem ter reparado que o tenista de Guimarães estava perto de fazer história. Aconteceu na cidade de Kuala Lumpur em 2013. A final foi de sofrimento e reviravoltas. O agora icónico e estranho equipamento sem patrocínios que vestia é o lembrete de que muitas coisas mudaram a partir daquela noite em que se tornou no primeiro português a ganhar um torneio do circuito ATP. Uma das coisas que mudou foi o seu palmarés e outra foi a história do ténis português. Em 2015, no Open de Valência, repetiu o feito ao conquistar o segundo título ATP da carreira. Três anos depois, chegou à final do torneio que até então, para grande frustração, nunca tinha corrido bem: o Estoril Open. Na terra batida do Clube de Ténis do Estoril, o vimaranense defrontou e venceu Frances Tiafoe em dois sets para se tornar no primeiro português a ganhar o torneio.

É impossível explorar exaustivamente os feitos do vimaranense. Ainda assim, parece relevante acrescentar mais alguns dados a esta pequena biografia. No US Open de 2014, João Sousa foi o primeiro português a figurar na lista dos cabeças de série de um Grand Slam; alcançou, em 2016, o 28.º lugar no ranking mundial, a posição mais elevada de sempre a ser ocupada por um português; em Wimbledon fez história em 2019 quando foi o primeiro português a chegar à quarta ronda e disputar, por isso, a Manic Monday.

Em 2016, João Sousa ainda teve tempo de fazer história olímpica, mas não estava sozinho. Na vertente de singulares, venceu o primeiro jogo, mas perdeu na segunda ronda frente a Juan Martín del Potro. Foi ao lado de Gastão Elias, no evento de pares, que conseguiu um resultado melhor: o 9.º lugar, o melhor resultado de tenistas lusos no ténis olímpico. O apuramento para Tóquio significa que o vimaranense se vai tornar no primeiro tenista português a disputar dois quadros de singulares em Jogos Olímpicos. Na vertente de pares, desta vez vai estar acompanhado por Pedro Sousa.

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