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JO Tóquio: “Apagão” nos últimos 15 minutos dita estreia amarga de Portugal

O que parecia ser um jogo em aberto até ao fim transformou-se, a partir dos 45 minuto, num triunfo confortável para o Egito, por 37-31. Rui Silva foi dos melhores entre a equipa das quinas.

24 julho 2021 > 13:00

A estreia do andebol português nos Jogos Olímpicos parecia ter contornos de thriller – enquanto uma equipa marcava para se adiantar no marcador, já a outra estava a responder com a igualdade -, mas o último quarto de hora esvaziou as expetativas até aí alimentadas, tornando-se num desfile para a potência e para a colocação dos remates egípcios, sem qualquer antídoto do lado português.

Portugal perdeu assim por 37-31 frente ao campeão africano na primeira jornada do grupo B do torneio olímpico masculino, após o 15-15 registado ao intervalo. A seleção orientada por Paulo Jorge Pereira defronta na segunda jornada o Bahrein, que perdeu neste sábado por 32-31 com a Suécia, em partida agendada para as 11h30 portuguesas de segunda-feira, novamente no Ginásio Nacional Yoyogi, em Tóquio.

Os “heróis do mar” viram-se em marés tormentosas durante a primeira parte, face às três exclusões de dois minutos, mas mantiveram a nau à tona e operaram a reviravolta no marcador a segundos do intervalo, antes do lateral direito Yahia Omar restabelecer a igualdade (15-15) no último lance da primeira parte, num livre que sobrevoou o bloco português e bateu Humberto Gomes.

Com uma retaguarda disposta num sistema 6x0, Portugal travou o primeiro ataque egípcio e inaugurou o marcador, por André Gomes, num remate de longe, movimento que constitui a sua especialidade. Os comandados de Paulo Jorge Pereira não conseguiram, porém, dar sequência ao golo nos minutos seguintes, com crescentes dificuldades para visar a baliza de Karim Hendawy.

Só depois dos oito primeiros minutos a equipa das ‘quinas’ começou a encontrar soluções para “furar” o compacto 6x0 defensivo dos egípcios, com Rui Silva a ter papel preponderante nesse sentido, juntamente com Fábio Magalhães: as combinações rápidas entre os dois jogadores geraram movimentos surpresa que permitiram ao pivô, na maior parte do tempo Alexis Borges, isolar-se perante o guardião contrário. A recuperação lusa culminou no empate aos 13:57 minutos, com Fábio Magalhães a capitalizar, isolado, um passe de costas de Rui Silva.

Feito o empate, as duas equipas estiveram sempre coladas até ao intervalo, com Portugal a desperdiçar algumas ocasiões para virar o resultado, até o conseguir na entrada para o último minuto, num chapéu de Pedro Portela após passe de Fábio Magalhães. Yahia Omar tinha, porém, uma soberba execução técnica guardada para o último lance da primeira metade, levando o desafio igualado a 15 para o intervalo.

Portugal e Egito mantiveram o equilíbrio após o regresso dos balneários, mas com um ritmo mais frenético de golos: Rui Silva apontou dois dos golos portugueses num reatamento movimentado, com sucessivas respostas dos norte-africanos às magras vantagens dos “heróis do mar”.

O desafio prosseguiu assim até ao minuto 45, altura em que o Egito vencia apenas por 26-25 e as marés se agitaram contra a embarcação portuguesa, derrubando-a em cinco minutos: numa fase em que os ataques se superiorizavam às defesas, uma sucessão de erros ofensivos, com Miguel Martins algo desastrado e o guarda-redes suplente egípcio Mohamed Eltayar inspirado, selaram o desfecho da estreia olímpica lusa nas modalidades coletivas de pavilhão. A formação de Paulo Jorge Pereira ainda conteve, nos instantes finais, uma desvantagem que chegou a ser de oito golos, mas já sem tempo, nem disponibilidade física e psicológica para inverter o rumo dos acontecimentos. Ainda não foi desta que Portugal derrotou o Egito em jogos oficiais.

 

Rui Silva: um farol de clarividência sem luz suficiente para mudar o destino luso

A estreia olímpica do andebol português foi também a estreia do vimaranense Rui Silva no mais ambicionado palco para a maior parte das modalidades desportivas. Mesmo sem ser titular, o central de 28 anos apareceu na quadra logo no segundo minuto e foi dos mais interventivos na recuperação portuguesa ao longo da primeira parte: a disponibilidade para oferecer linhas de passe aos colegas, a capacidade de acelerar e pausar o ritmo dos ataques, e as desmarcações inteligentes que proporcionaram golos aos colegas ajudaram a equipas das quinas a manter-se ombro a ombro com o Egito até ao intervalo.

Mais tarde, no começo da segunda parte, deixou a sua marca na equipa com dois tiros certeiros de longe, sem grande preparação, e voltou a faturar aos 44:05 minutos, para fazer o 25-25, pouco antes do esforço português se desmoronar. A defender, revelou mais dificuldades, principalmente quando encostado ao lado esquerdo; no segundo tempo, Ali Zein aproveitou a brecha entre a sua posição e a de André Gomes para apontar a maioria dos seus cinco golos.

 

Portugal 31-37 Egito (Ficha)

Portugal: Humberto Gomes, Diogo Branquinho (1 golo), André Gomes (5), Alexis Borges (3), Daymaro Salina (1), João Ferraz (6) e Pedro Portela (5).

Jogaram ainda: Gustavo Capdeville, Rui Silva (3), Victor Iturriza (3), Miguel Martins (1), António Areia (2), Fábio Magalhães (1) e Luís Frade.

Treinador: Paulo Jorge Pereira.

 

Egito: Karim Hendawy, Omar Elwakil (1), Ahmed Mohamed (7), Yahia Omar (6), Yehia Elderaa (1), Ahmed Mesilhy (1) e Ali Mohamed (5).

Jogaram ainda: Mohamed Eltayar, Ibrahim Elmasry, Hasan Kaddah, Seif Elderaa, Ahmed Elahmar (6), Mohamed Shebib (3) e Mohammad Sanad (4).

Treinador: Roberto Parrondo.

 

Árbitros: Slave Nikolov e Gjorgji Nachevski (Macedónia do Norte)

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