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Há uma escola em Guimarães que quer especializar o treino de guarda-redes

Sem carreira de guarda-redes, Silvano Pereira apaixonou-se pelo treino e ajuda os jovens aspirantes a guarda-redes a exponenciar o seu talento na escolinha do Silas, prestes a completar dois anos.

30 junho 2022 > 14:55

“A especialização é o caminho”. Foi assente nesta convicção de Silvano Pereira que há dois anos despontou a Escolinha de Guarda-redes do Silas. Nascido em França, o vimaranense nem sequer conta no currículo com uma carreira de guarda-redes de futebol, tendo sido no CCD Coelima que cumpriu a sua carreira, na baliza, mas a disputar andebol. A única certeza é mesmo a baliza, portanto, e de forma pessoal fez esse interesse catapultar-se. “O gosto pela baliza vem do meu pai, que foi guarda-redes amador. Eu comecei também a ir para a baliza, na escola, por exemplo, na hora de se escolher os jogadores eu dizia que queria ir para a baliza”, conta ao Jornal de Guimarães.

Fez, então, a formação em andebol, acabou por abandonar o andebol quando o CCD Coelima foi extinto, deixando a paixão pela baliza como que adormecida. Até ser acordada aos 30 anos, quando um convite inesperado lhe bateu à porta por parte de um amigo. “Fui convidado a ir para o Montesinhos, um clube de Vizela. Viram que tinha espírito de grupo, uma voz de comando, e o meu amigo fez-me o convite para ir treinar os guarda-redes. Queriam de uma pessoa que fosse o terceiro guarda-redes, mas que pudesse dar os treinos”, recorda. Um convite daqueles improváveis, que fazem parte do dia-a-dia do futebol distrital, mas que neste caso teve o condão de reacender a chama pelas balizas. 

Os guarda-redes gostaram os treinos do mister, o feedback positivo estendeu-se por várias pessoas e “começou aí” a aventura de Silvano Pereira. “Decidi investir na minha formação como treinador de guarda-redes. Inscrevi-me na formação no Alto Rendimento no Porto, onde tirei o Nível I, depois tive diversas formações presenciais sobre o que é o guarda-redes, a posição específica, e o treino. Fiz alguns clubes na distrital, e fiz o meu percurso, no qual cheguei à 2.ª Divisão B Nacional como treinador de guarda-redes”, explica o técnico de guarda-redes. Da passagem por vários clubes, proporcionou-se a possibilidade de integrar a formação do Vitória SC, por intermédio de Luís Esteves, atual adjunto de Rui Vitória e “uma referência do treino de guarda-redes”.

 

Da formação do Vitória à Escolinha de Guarda-redes do Silas

Em seis anos na formação do Vitória, onde integrou as equipas técnicas de iniciados enquanto treinador de guarda-redes, tendo subido até à equipa principal do escalão – que disputa o Campeonato Nacional –, Silvano viu a sua “formação prosseguir com gente muito capaz”. Saiu em 2020 para dar seguimento a um sonho antigo: abrir a sua própria escola destinada ao treino de guarda-redes, a Escolinha de Guarda-redes do Silas, atualmente a funcionar em Ronfe e em Campelos.

“O treino de guarda-redes é um gosto pessoal; sendo sincero, nunca fui remunerado em condições pelo que faço. O meu trabalho permite-me sustentar a escola, porque é isso que acontece, com o dinheiro do meu trabalho sustento a escola, claro que os pais dos miúdos ajudam, mas nunca foi uma profissão que me desse sustento. Tive oportunidades para isso, para me sustentar, mas tinha de pegar nas malas e eu não quero isso, não quero sair do país”, explica Silvano Pereira.

E nestes moldes a escola está no terreno. Já passou por Tabuadelo, Salgueiral, Selho e Montesinhos, até se estabelecer no Campo do Desportivo de Ronfe e também no Campo José Maria Machado Vaz, em Campelos. São 24 os inscritos atualmente, a trabalhar com o mister Silvano Pereira e com o mister Vasco Peixoto, os dois treinadores de guarda-redes da escolinha, que funciona todos os dias excetuando segunda-feira e sábado. “Os nossos guarda-redes trabalham de diversas formas, alguns em treino individual, outros em treinos de grupo – grupos de quatro miúdos divididos por fases de desenvolvimento. Alguns uma vez por semana, outros duas vezes, e há casos em que alguns pedem para vir esporadicamente”, menciona o mentor do projeto.

 

 

Ambição é ter instalações próprias para deixar o “acampamento”

Essencialmente quem procura a Escolinha de Guarda-redes do Silas são jovens guarda-redes, ainda dos escalões de formação, que jogam em diferentes clubes. “Entendem que no clube onde estão não têm trabalho de guarda-redes adequado” e, por isso, procuram um complemento especializado. “A escolinha tem guarda-redes que jogam desde o distrital, as divisões mais baixas, aos nacionais”, complementa. Na forja está já um plano para “abrir as portas ao pessoal mais velho, através de trabalhos de pré-época até aos sub-23”, anuncia Silvano Pereira, esclarecendo que a escolinha está aberta a todas as idades.

Para o futuro, o grande objetivo passa por ter instalações próprias. O protocolo com o Ronfe contempla o usufruto das instalações com “preços especiais para os guarda-redes do Ronfe” e ainda “formação interna aos treinadores de guarda-redes do Ronfe”. Em Campelos a escolinha paga para utilizar as instalações. As instalações são precisamente o grande “sonho” de Silvano Pereira, que ambiciona ter o seu próprio espaço para desenvolver a atividade, até porque até agora a escolinha parecia “um acampamento, com a casa às costas”. “Desde que iniciei este projeto, há dois anos, tenho o sonho de ter instalações próprias. Os passos estão a ser dados; devagar. Conto com o apoio de muita gente, não posso deixar passar um pai de um atleta, que está comigo desde início – Rui Costa – e é patrocinador da escola. Mas estamos a caminhar devagarinho, é um sonho e uma ambição que acredito que vamos conseguir ter: as nossas próprias instalações para a nossa academia”, aponta.

Por enquanto, o desenvolvimento da escola prossegue nos moldes atuais, e com Silvano Pereira a alimentar o seu gosto. “Tudo o que sejam formações que eu ache que são pertinentes participo. Há temáticas que eu acho que devemos aprender, mas com gente que sabe. Nesse sentido, tudo que eu acho que tenho valorização pessoal participo nessas formações”, dá conta o formador na área do desenho técnico. Até porque, acredita, “ser treinador de guarda-redes é muito mais do que chutar à baliza”.

 

 

Estágio de dois dias para assinalar o segundo aniversário

No fim-de-semana de 18 e 19 de junho a Escolinha de Guarda-redes do Silas celebra dois anos de existência de uma forma original. Contando já com 22 guarda-redes inscritos, os membros deste projeto vão vivenciar uma experiência de estágio no Complexo Desportivo de Lousada.

“Vamos trabalhar num regime de estágio, ou seja, os miúdos vão ficar com a escola no hotel. Vamos fazer treinos, visualização de vídeos e utilização da piscina, entre outras coisas, numa espécie de miniestágio”, diz Silvano Pereira.

Durante estes dois dias vão passar pelo Complexo Desportivo de Lousada várias referências do treino de guarda-redes, como Paulo Lobo, treinador de guarda-redes do Gil Vicente, Vítor Dimas, treinador de guarda-redes dos quadros do Benfica que recentemente conquistou a Youth League.

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