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Há lá coisa melhor do que ver um estádio cheio?

Porque é que aqueles que agora se deslocam ao estádio com o cachecol do clube da sua terra preferem, ao longo da época, ficar a ver pela televisão o jogo dos ‘seus’ Benfica, Sporting ou FC Porto?

09 maio 2022 > 00:00

No último mês têm-se visto assistências acima do normal em muitos estádios do futebol português. Da I Liga aos distritais, passando pelo II Liga, Liga 3 e Campeonato de Portugal, dá gosto olhar para as bancadas dos mais diversos estádios e ver os lugares ocupados por entusiastas adeptos. Dos clubes de maior implantação nacional ao mais humilde de bairro nenhum deles nesta fase se pode queixar da falta de apoio e de carinho do público.

É o ponto de partida para um dos grandes dilemas do futebol português. Porque é que o povo, que gosta tanto de bola, não vai aos estádios? Porque é que aqueles que agora se deslocam a um estádio com o cachecol do clube da sua terra preferem, ao longo da época, ficar em casa a ver pela televisão o jogo dos ‘seus’ Benfica, Sporting ou FC Porto?
Será que esse apoio dado nas últimas jornadas não teria sido decisivo nas que ficaram para trás?

Haverá, por certo, muitas razões para esse alheamento e para que em Portugal não tenhamos equipas de divisões secundárias sempre com estádios ‘à pinha’, como se vê noutros países por essa Europa fora. No rol de argumentos poderão figurar a qualidade dos espetáculos, o preço dos bilhetes, as condições dos estádios, o horário dos jogos, entre outros.

E é certo que os promotores do futebol erram amiúde nestes pressupostos que atrás elenquei. Adeptos em bancadas à chuva nos meses de inverno, famílias que para assistirem a um jogo de futebol têm de desembolsar uma percentagem significativa do vencimento mensal, e jogos a horas a que obrigam os adeptos visitantes a chegarem a casa no dia seguinte, com mais uma jornada de trabalho pela frente.

Claro que estas teses só poderão ser desmistificadas quando forem experimentadas. Preços simbólicos, cativação de crianças e jovens para os estádios, o regresso das famílias, horários decentes e estádios com melhores condições. É óbvio que a qualidade dos espetáculos também poderá dar um impulso importante e aí terão de ser os jogadores, treinadores e árbitros a fazerem o seu papel.

O que este final de época nos mostra mais uma vez é aquilo que já há muito concluímos mas que ninguém consegue inverter.


O povo gosta de ir à bola mas, por algum motivo, não vai. Reflita-se sobre isto porque não há coisa mais bela no desporto do que ver bancadas cheias e a emoção a jorrar para dentro do terreno de jogo. Para bancadas vazias e jogos sem sal já bastou na pandemia.

Quem manda no futebol que dê o passo em frente.

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