GUIMAGYM: um clube feliz
Depois de captar 300 atletas no primeiro ano, o clube manteve o crescimento, e o espaço na academia de ginástica já parece escassear. O clube diz priorizar o bem-estar dos atletas face à competição.

No livro que conta a história do desporto da cidade de Guimarães, o capítulo dedicado à ginástica começou a ser escrito em 2016. Foi a 21 de julho desse ano que, nas instalações da CERCIGUI, nasceu o GUIMAGYM – Clube de Ginástica de Guimarães. O primeiro clube de ginástica a integrar o movimento associativo vimaranense surgiu para dar resposta à procura que já existia e para preencher uma lacuna na oferta desportiva da cidade.
Cinco anos depois, o GUIMAGYM assume-se como um clube de emoções que tem a competição como consequência e já se afirmou como uma referência desportiva que extravasou as fronteiras nacionais. Foi em ano de Jogos Olímpicos que Guimarães despontou para a prática da ginástica. Os Jogos da XXXI Olimpíada, a acontecer do outro lado do Atlântico, no Rio de Janeiro, fizeram nascer uma atleta em terras vimaranenses.
É Maria Lina Guimarães, a mãe, que conta a história da filha que, depois de sete anos a praticar ballet, decidiu o que queria mesmo era praticar ginástica quando viu, pela televisão, muitas atletas brilhar no tatame olímpico. Maria não esquece a receção “calorosa e positiva” de todos os que estavam ao serviço do GUIMAGYM. Este relato certamente multiplica-se: no primeiro ano de vida, ainda a operar dentro das instalações da CERCIGUI, o clube chegou à marca dos 300 atletas.
Natacha Silva, agora com 14 anos, foi uma das primeiras atletas a ingressar no GUIMAGYM. Praticar ginástica era um desejo antigo que só não foi concretizado mais cedo porque “em Guimarães nunca houve nenhum clube”. Por isso, inscreveu-se “mal soube da novidade”. Cinco anos volvidos, a campeã distrital continua a fazer do clube de ginástica uma segunda casa. Os treinos de quatro horas, seis vezes por semana, ocupam grande parte do seu dia, mas Natacha sabe que é esse o preço de lutar pelos objetivos ambiciosos que tem: “Quero conseguir ser uma atleta de elite e talvez chegar à seleção nacional”. Fazer parte de um “clube que está sempre feliz” torna as coisas mais fáceis.
Num clube que vê a competição como consequência, atletas como Natacha Silva são a minoria. “Apenas 23% dos praticantes que nós temos estão inseridos em classes competitivas; tudo o resto está inserido em classes de formação”. Os dados são de Luís Rodrigues, presidente da direção. A verdade é que o GUIMAGYM tem “uma vertente social e uma vertente recreativa muito forte” e acolhe praticantes desde o momento em que têm poucos meses até aos nonagenários. O objetivo é “fazer cumprir aquilo que é o nosso espírito de missão, que tem que ver com a partilha de valores e de princípios”.

Um clube de emoções
O GUIMAGYM apresenta-se como um clube de emoções e são as emoções que transparecem no discurso de todos os que estão ligados ao clube. Luís Rodrigues é terminante: “Eu costumo dizer que não vendemos ginástica; nós vendemos felicidade e emoções”. Trabalhar num “contexto de felicidade” é, por isso, o mínimo numa instituição como esta.
Palavras que são corroboradas por Natacha Silva, que afirma que é motivador estar num “clube feliz”, e por Maria Lina Guimarães, que afirma que saber que todos “são recebidos com um sorriso desde o primeiro dia” é importante. Alfredo Pereira, treinador e coordenador de ginástica acrobática e mentor da participação do clube no programa televisivo Got Talent, menciona que a filosofia “de felicidade e emoções” é uma das razões que o fazem ter orgulho de trabalhar no clube.
Clube do Ano 2021
Para a Federação de Ginástica de Portugal, o GUIMAGYM foi o Clube do Ano de 2021. De todas as distinções que o órgão máximo da modalidade atribui, este é o galardão que Luís Rodrigues escolheria: título de Clube do Ano diz-me muito porque é um prémio coletivo e é isso que o clube teve sempre desde a sua génese, um coletivo forte”. O presidente da direção elenca três razões para que o clube tenha este troféu no palmarés: o “trabalho que foi desenvolvido durante o período da pandemia”, “a resiliência que nós tivemos” e “os projetos inovadores que nós lançamos”.
Alfredo Pereira destaca que esta distinção é ainda mais “notória” por se tratar de um clube tão jovem: “eu estou na ginástica há alguns anos e acho que deve ser inédito o Clube do Ano da Federação ser um clube com tão pouco tempo”. Para o treinador, é o reconhecimento do trabalho que se faz e que “mostra a qualidade daquilo que estamos a fazer e do nosso crescimento”.

Projeto de futuro
Luís Rodrigues assume que há “um projeto de futuro que já foi apresentado e que está neste momento a ser analisado e trabalhado pelas entidades competentes” e que tem como meta “dar uma resposta positiva ao território”. O programa que deve nortear o futuro da coletividade “vai no sentido de melhorar as condições de todos e obviamente a oferta desportiva que existe atualmente na cidade”. O presidente fala do futuro com esperança: “Temos tido sempre uma porta aberta e um compromisso muito sério por parte da autarquia no sentido de nos ajudar a resolver os nossos problemas”.
Os problemas do GUIMAGYM, que está a caminho de celebrar o sexto ano de vida, são consequência da procura cada vez mais elevada. O presidente do clube sublinha que “a procura que se regista e se tem registado é muito elevada e nós não temos as condições desejadas”. O espaço não se multiplica ao ritmo que se multiplicam os atletas e as disciplinas gímnicas. O treinador Alfredo Pereira também aborda as dificuldades, superadas com trabalho de equipa: “Somos mesmo uma família; neste momento nós temos mesmo muitas modalidades, pouco espaço e acho que conseguimos trabalhar todos ajudando-nos muito uns aos outros”.
Para o futuro, Luís Rodrigues quer “melhorar a resposta que dá aos seus públicos” e afiança que “isto não é uma necessidade do Luís, não é uma necessidade do GUIMAGYM, é uma necessidade que tem sido imposta pela sociedade”. Para o futuro, a fórmula mantém-se: somar a partilha com as emoções e a felicidade para que, no fim, os sonhos sejam cumpridos.
As palavras são do presidente: “Aqui não existem objetivos que não sejam partilhados, nós não impomos nada, tudo isto é um processo natural e nós apenas temos que dar resposta. Isto acontece até numa simbiose de fora para dentro, ou seja, são os próprios atletas que nos impõem os seus objetivos e nós temos que dar resposta a tudo isso”. Há, no fundo, uma resposta que não pode faltar: “A principal resposta que o clube pode dar é termos gente capaz de possibilitar o cumprimento de todos os sonhos”.