Glória ficou à distância de um cesto
Depois de muito tempo por cima do Sporting no marcador, Vitória falhou o último ataque e o consequente apuramento para a final four da Taça de Portugal de basquetebol masculino.

A perder por 80-78, o Vitória dispôs de uma última posse de bola para forçar o prolongamento ou até ganhar, com ténues 2,4 segundos para jogar. Apesar do desconto de tempo pedido por Carlos Fechas, a fim de preparar esse lance, Ricardo Monteiro foi incapaz de atirar ao cesto, mantendo-se o resultado já indicado no marcador. Foi um final inglório para uma equipa que não só se bateu de igual para igual com o Sporting, o líder da Liga Placard, como, em vários momentos, se superiorizou.
O primeiro embate dos quartos de final da Taça de Portugal de basquetebol masculino é daqueles jogos que levanta alguns “ses”. Como teria sido se André Bessa não se tivesse lesionado ainda na primeira parte, forçando Carlos Cardoso a jogar mais de 32 minutos na posição de base? E o desfecho do jogo teria sido diferente se Jaron Hopkins revelasse uma eficácia acima dos 33% na linha de lance livre? São questões que ficam sem resposta perante a evidência de que o Sporting, vencedor da anterior edição da competição, vai defender o troféu na final four.
Solução tripla
O Vitória está entre as equipas que melhor atiram de fora da linha de três pontos na Liga Placard – concretiza 35% dos lançamentos -, mas, no arranque do embate com os ‘leões’, atingiu o dobro da eficácia: marcou sete das 10 tentativas exteriores, o que lhe garantiu uma vantagem de quatro pontos no final do primeiro período (25-21). Tyler Seibring marcou os dois primeiros triplos, Ricardo Monteiro apareceu depois, alargando a diferença até sete pontos (17-10), e Alexander Peacock distanciou de novo o Vitória com três pontos no último segundo, após reação leonina.
A solução exterior para contornar a agressiva defesa verde e branca teve de ser alterada no segundo período, já que a equipa de Luís Magalhães, em constante rotação de jogadores, protegeu melhor as zonas mais afastadas da tabela. Liderado por Travante Williams, o Sporting também ganhou mais facilmente espaço para atacar e encestar, conseguindo a reviravolta nos cinco primeiros minutos (37-35).
O desconto de tempo pedido por Carlos Fechas nesse preciso momento inverteu a tendência da partida: com uma defesa mais acertada e melhores incursões rumo ao cesto, o Vitória chegou ao intervalo a vencer por 45-37, graças a um parcial de 10-0. Mas nem tudo era perfeito para os homens da cidade berço: André Bessa estava fora do jogo por lesão, enquanto Seibring e Peacock já tinham três faltas cada um, o que condicionava a rotação para a segunda parte.
Até à buzina final
Num terceiro período de constantes avanços e recuos na vantagem vitoriana, Alfred Parrish, o atleta com mais minutos em campo (37!), foi o primeiro nome a destacar-se, com as suas ações a revelarem-se decisivas para a diferença de 11 pontos que se verificava a 06.51 minutos do fim, a maior de todo o jogo. Apesar dos sucessivos turnovers – 23 em todo o jogo -, os ‘leões’ contaram com Travante Williams e Shakir Smith – MVP do desafio, com 15 pontos marcados – para fixarem a desvantagem num ponto, na antecâmara do derradeiro período (63-64).
Os cinco primeiros minutos desse quarto revelaram-se fatais para as aspirações vitorianas: os pupilos de Carlos Fechas contiveram um ou outro ataque verde e branco, mas praticamente não marcaram. Deparando-se com um prejuízo de oito pontos (76-68), os homens da cidade berço tiveram o mérito de permanecerem na discussão do jogo até ao último segundo, num esforço, porém, insuficiente para virar o resultado.
Estatísticas
A eficácia na linha de lance livre bastou para fazer a diferença no resultado: o Vitória concretizou 14 das 19 tentativas (73% de eficácia), enquanto o Sporting pontuou em 17 dos 19 lançamentos (89%). Os leões também foram melhores no lançamento interior (75% de eficácia contra 48%), mas não no exterior; os pupilos de Carlos Fechas marcaram 10 das 22 tentativas (45%), frente a um Sporting que concretizou sete dos 24 lançamentos (29%). Os lisboetas também foram melhores no ressalto (33 contra 23) e nos roubos de bola (12 contra 10).
Parrish foi o atleta que mais se evidenciou no Vitória, com 17 pontos, seguido de Jaron Hopkins, com 14 pontos, oito ressaltos e seis roubos de bola, e de Ricardo Monteiro, com 14 pontos. No Sporting, além do rendimento de Shakir Smith, Travante Williams somou 14 pontos e cinco ressaltos.