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Flávia Ribeiro, a campeã de karaté que junta títulos ao sacrifício

Karateca vimaranense de 23 anos sagrou-se recentemente Campeã Nacional. Entre os muitos títulos, fala de falta de apoios e dos sacrifícios de quem anda numa modalidade amadora.

16 julho 2021 > 18:15

Campeã Nacional de fresco. Flávia Ribeiro sagrou-se no passado fim-de-semana (outra vez) Campeã Nacional de Karaté, em seniores na categoria -68kg, no Campeonato Nacional de Karaté realizado em Pombal.

Parece simples. Aos 23 anos a vimaranense que representa a Associação Juvenil de Karaté Portugal tem até dificuldades em enumerar os títulos nacionais, porque são vários na vertente individual, universitária e coletiva. Mas, na realidade, não é simples.

“Neste momento estou a acabar o mestrado em Ensino de Educação Física, é sempre um pouco difícil conciliar o karaté e o resto, com os amigos e a família; acaba por não haver tepo para tudo. Mas, sei aquilo que quero e sei que é preciso fazer sacrifícios”, atira em declarações ao Tempo de Jogo.

Flávia entrou para o karaté aos seis anos, no ATL, já lá vão dezassete anos. Quase por acaso foi ganhando o gosto pela modalidade e hoje em dia são várias as horas que passa diariamente no tatami.

“Treino todos os dias menos ao domingo, que é dia de descanso. Mas muitas veze os treinos da seleção são aos fins-de-semana e, por isso, acabamos por ter treinos quase todos os dias, dois treinos por dia”, explica. Tendo em conta que cada treino tem entre uma hora e meia a duas horas, a conjugação da agenda tem de ser metódica.

Para além dos títulos de Campeã Nacional, e de outros feitos, Flávia Ribeiro foi já considerada a Atleta Vimaranense do Ano por três ocasiões, galardoada na Gala do Desporto de Guimarães. Ou seja, por três anos notabilizou-se como a desportista vimaranense de maior destaque.

Bolos e batatas fritas só para os amigos

Um sucesso que anda mãos dadas com sacrifícios, como já foi referido, nomeadamente no que aos cuidados com a alimentação diz respeito. “É preciso bastante responsabilidade. Temos categorias e eu estou quase sempre na categoria a seguir. É preciso muitas restrições e disciplina na alimentação. É muito sacrifico ver os amigos a comer bolo ou batatas fritas, e essas coisas, mas tenho de estar focada, comer apenas legumes, saladas, carne e peixe. Basicamente é isso”, dá conta. Mais um dos sacrifícios necessários para andar em alta competição.

Uma alta competição que, ao fim de contas, acaba por só o ser na teoria, porque na prática é num formato amador que Flávia Ribeiro, e o seu treinador, Sensei Filipe Ferreira, têm de trabalhar. Fazem-no com brio, transformando esse trabalho quase em profissional.

Uma das grandes compensações é a segunda família, os amigos, que se criam. “Passo muito tempo no tatami, acabo por passar muito tempo com os amigos, que acabam por ser quase como irmãos. Depois há aqueles que estão na seleção, acabam por ser tantos treinos que se cria uma relação de amizade”, deixa escapar com sorrisos. Nem tudo, ao fim de contas, são sacrifícios.

Não se arrepende de ter escolhido o karaté como uma espécie de segunda vida acoplada à sua, embora admita que “por vezes custa”. Mas, foca-se então nas coisas boas. Como os títulos já alcançados.

“Sinceramente, nem sei bem, porque há títulos individuais, por equipas, e universitários. Seguramente tenho dez títulos nacionais, mas não sei ao certo”, volta a responder com sorrisos. Apesar destes títulos, o melhor momento da carreira é o segundo lugar atingido no Campeonato da Europa de Sub-21.

Transportes para a seleção e falta de apoio

Atleta internacional, Flávia Ribeiro tem muitas vezes treinos com a Seleção Nacional da modalidade. Treinos que se realizam no Pombal, um local nevrálgico para atender aos atletas de Lisboa e para os atletas do norte do país.

“Temos de estar sempre a tentar arranjar transporte, ou vamos de comboio, ou de carrinha, andar sempre para trás e para a frente, por vezes ficar lá e deixar a família e os amigos; acaba por ser cansativo”, reconhece a atleta que se estreou com as cores de Portugal em 2013, ainda Cadete, numa ida à Suíça.

Para continuar a evoluir sente que faltam apoios a modalidades como estas. É preciso pontuar para o ranking, mas as atletas portuguesas raramente vão a provas internacionais para além dos campeonatos da europa e do mundo.

“É difícil evoluir. Quando vou lá fora noto que as atletas são experientes, sinto que não estão muito longe, se eu tivesse um pouco mais de rodagem talvez conseguisse mais resultados. Falta ter um pouco mais de apoio para ir mais vezes lá fora. Há um ranking e nós temos de ir a provas lá fora, para além de europeus e mundiais, que contam para o ranking. Nós não vamos a essas provas e não fazemos pontos: acabámos por ser prejudicados, não temos tanta experiência”, admite.

Nada que faça esmorecer a vontade de triunfar. Já tem como “objetivo atingir o pódio em seniores no Campeonato da Europa”. Quem sabe chegar “ao lugar que toda a gente quer, o primeiro”. Mas, o Campeonato da Europa é em maio. O foco já está no Mundial, em novembro. É mais difícil, mas Flávia acredita, tal como sempre acreditou e se motivou para a modalidade. Vai dar o seu melhor para “tentar chegar longe”.

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