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Está aí o distrital: no Minho, Guimarães é quem “empresta” mais clubes

Sintéticos têm levado clubes a optarem por se federar na AF Braga. Em 2022/23, os campeonatos distritais contarão com a participação de 124 equipas. Guimarães é o concelho com mais equipas.

29 setembro 2022 > 10:30

A emoção do futebol distrital está de volta. O principal campeonato da Associação de Futebol de Braga, o Pró-Nacional, já se iniciou, uma semana após a disputa da Supertaça. Uma “boa época” é o que se espera, nomeadamente Manuel Machado – presidente da AF Braga – que aponta ao regresso total da normalidade “sem jogos adiados” devido à pandemia.

Em crescimento nos últimos anos no que ao número de equipas diz respeito, os três escalões da AF Braga contarão na temporada 2022/23 com 124 equipas dos catorze concelhos do distrito. A ver o número de equipas federadas aumentar nos últimos anos – a mais recente é o Nespereira, que esta época salta do futebol popular para a 1.ª Divisão distrital –, Guimarães é o concelho com mais equipas nos campeonatos distritais.

Ao todo, são 27 as equipas vimaranenses que vão competir na AF Braga (seis na Pró-Nacional, cinco na Divisão de Honra e 16 na 1.ª Divisão), mais uma do que as equipas do concelho de Braga, o segundo com mais equipas inscritas.

Há vários anos a liderar os destinos da AF Braga, Manuel Machado destaca a quantidade de equipas, mas sobretudo a qualidade. “Nota-se uma grande evolução. Temos todas as condições e mais algumas, nomeadamente infraestruturas – com os relvados sintéticos, já poucos campos há pelados. Há também a capacitação técnica, a formação dos técnicos, e o próprio desenvolvimento dos clubes. Na questão das infraestruturas, tenho de frisar o papel das autarquias, como a de Guimarães, que têm apostado no melhoramento dos campos e estruturas de apoio”, refere.

A este nível, o presidente da AF Braga sustenta que a associação que dirige é um exemplo pelo trabalho desenvolvido. “O distrito de Braga é um exemplo. Tem cerca de 880 mil habitantes, enquanto Lisboa tem cerca de três milhões, mas mesmo assim somos mais fortes em seniores do que Lisboa. Isso demonstra uma grande paixão pelo desporto, em particular pelo futebol”, sustenta, relembrando as cinco equipas da associação no principal escalão do futebol português.

Missão é “dobrar o número de praticantes até 2030”

Para a nova temporada, que já se iniciou, Manuel Machado aponta como receita três ingredientes chave: “Colaboração, tolerância e compreensão de todos os intervenientes”. No entender do presidente da AF Braga, “podem esperar-se competições com grande fair play e desportivismo, independentemente da enorme competitividade em cada escalão.

Estes são, de resto, valores transversais para perseguir o objetivo de “dobrar os atletas até 2030” a praticar desporto, nomeadamente futebol nas suas diversas variantes, como futsal ou futebol de praia. “Queremos continuar a aposta no futebol feminino. A igualdade de género é muito importante; os clubes que tenham disponibilidade de campo, de horários, que avancem”, desafia.

O ‘Projeto 2030’ dá corpo a esta missão: “Tem apoios da Federação Portuguesa de Futebol, via AF Braga”, sustenta Manuel Machado, que aponta a necessidade de haver “uma simbiose de cumplicidade entre todos os intervenientes para continuar a valorizar o futebol distrital”. “Todos os envolvidos, dirigentes, técnicos, atletas, adeptos, árbitros, público têm de ser tolerantes”.

Futebol Popular: “É sempre uma luta”

O desenvolvimento do futebol distrital, realidade que se tem verificado nos últimos anos à boleia dos sintéticos, tem levado à perda de fulgor do futebol popular, que noutros tempos chegou a ter equipas suficientes para mais do que uma divisão, repartidas por séries.

“É sempre uma luta”, desabafa Arlindo Costa, presidente da Associação de Futebol Popular de Guimarães. Das sete equipas que participaram na SuperLiga da época anterior, duas federaram-se na AF Braga – Nespereira e Infias –, mas já há substitutos. Infantas e Serzedo vão participar de novo no campeonato popular, estando Arlindo Costa a tentar engrossar o leque de equipas.

“Pelo menos sete equipas, como no ano passado, vamos ter. Já falei com outros clubes e estou à espera. Espero uma resposta do Doniense, já falei com duas equipas de Felgueiras e também com duas da Póvoa de Lanhoso. Vamos ver”, assinala o presidente da Associação de Futebol Popular de Guimarães. O evoluir dos tempos mudou as necessidades e, se no passado a falta de condições era o maior entrave, atualmente o maior problema é mesmo a “falta de gente para trabalhar e para tomar conta dos clubes”.

“Antigamente não havia campos, mas havia vontade e malta para trabalhar. Agora há campos e condições, mas não há vontade. Falta quem queira estar à frente dos clubes”, conclui, garantindo que pelo menos o mesmo número de clubes da época passada está garantido no futebol popular.

[ndr] Artigo originalmente publicado na edição de setembro de 2022 do Jornal de Guimarães. 

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