Na ambiência de Hugo Magalhães, os Piratas de Creixomil são presença contínua. Não é proximidade meramente física – apesar de fazer vida “à beirinha do pavilhão”. O guardião pisa a quadra em Creixomil há 25 e é testemunha de como um “grupo de amigos” cresceu para se tornar uma família que “acarinha e aproxima”. “Damos mais valor a tudo porque estamos perto de pessoas que nos dizem muito”.

“Os anos foram passando” e Maga foi vendo centenas de miúdos galgarem escalões – “Nos seniores já jogo com miúdos que vieram para cá nos iniciados”, pontua – e embarcarem no paquete azul e amarelo que pincela o equipamento dos homens de Creixomil. Viu tudo – porque esteve sempre lá.

“Fiquei sempre. Muitos dos meus colegas cresceram, saíram para outros desafios. Apesar de ter tido algumas propostas nunca foram suficientes para sair daqui. Há coisas que o dinheiro não compensa, só o facto de me sentir bem, estar onde gosto, com as pessoas de quem gosto, com muita gente que me acompanhou, fez com que nunca tivesse que pensar duas vezes”, explica ao Tempo de Jogo.

Quando é por gosto não cansa? “Às vezes cansa um bocado”

É segunda-feira e o número três do FC Piratas de Creixomil prepara-se para o primeiro treino da semana. São três. Entre as 21h30 e as 23h00 a bola rola, os solados das chuteiras prendem na quadra. “A minha namorada já me deu o toque para ver quando parava”, graceja. Para já, “está tudo bem”. “É um bocado desgastante: os três treinos e o jogo. E as horas nunca são as melhores. Uma altura, trabalhava às 06h00 e acabava o treino às 23h00: ficava só com quatro horas de sono, resume o vimaranense. “Diz-se que quando se faz por por gosto não cansa… às vezes cansa um bocado”.

“São sacrifícios” de quem já passou pela direção do clube ou deu uma mão na sede “só para ajudar um pouco mais”.

E o Maga que entrou há 25 anos ainda sente o mesmo entusiasmo agora? “Está-me a dar prazer muito grande esta temporada”, responde. Com uma equipa alicerçada em “prata da casa”, o FC Piratas de Creixomil está a lutar para subir. “Este ano está a ser muito bom. Mesmo que acabe de outra maneira, já não tira o prazer que deu”. E que seja sempre assim.

Fotografia: © Bruno José Ferreira / Tempo de Jogo