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Entre os campeões que atiram em Pevidém, há o sonho dos Jogos Olímpicos

O barulho inconfundível do chumbo a estilhaçar o prato ou a hélice é rotina no Clube Industrial de Pevidém.Entre os 200 atletas que ali afluem, há campeões nacionais e do mundo, como Cidália Fernandes

21 setembro 2022 > 17:42

Três anos bastaram a Cidália Fernandes para se tornar campeã nacional, conquistar a Taça de Portugal, alcançar a medalha de bronze no Campeonato da Europa de Mérida (Espanha), em julho, e se sagrar bicampeã mundial de TRAP5, uma das variantes do tiro. O mais recente título conquistou-o a 11 de setembro, em Mira; na designada categoria Senhoras, estilhaçou 137 em 150 pratos, deixando a segunda classificada, a espanhola Judit Gimeno, a uma distância de 10 pratos. “Eu sou recente na modalidade. Venho do mundo da caça. Há 13 anos que caço. O tiro veio por desporto e para experimentar. Experimentei e fiquei”, conta ao Jornal de Guimarães.

Oriunda de Vinhais, no distrito de Bragança, Cidália encontrou no Clube Industrial de Pevidém (CI Pevidém) a plataforma que a elevou do tiro desportivo de recreação ao de competição. A atiradora confessa tê-lo feito a convite dos diretores desportivos Vítor Sabino e Sérgio Campos, tendo ganhado desde então “apreço” pelo clube fundado em 1933, que dispõe de um campo de tiro desde 1974.

Há mais como ela que, a partir da vila industrial, têm levado aquela instituição ao lugar mais alto do pódio: só em 2022, Alberto Lopes foi campeão nacional em tiro ao voo e Jorge Mourão campeão mundial de TRAP5 na categoria de Veteranos, também em Mira. “Temos tido vários títulos em várias modalidades. O nosso trabalho é dar o melhor apoio para todos os atletas conseguirem treinar com as melhores condições possíveis. Sem treino, ninguém chega lá”, realça Sérgio Campos.

O CI Pevidém contabiliza cerca de 200 atletas federados, repartidos pelas variantes do tiro com armas de caça – além do TRAP5, o fosso olímpico ou o Compak Sporting -, mas nem todos ensaiam a pontaria no único campo de tiro do concelho de Guimarães. Por norma, cada atleta treina nas instalações mais próximas de casa e passa pelas instalações do clube na semana ou no dia que antecede a competição, acrescenta. Assim acontece porque os atiradores do CI de Pevidém são de todas as regiões do país. “Não temos nenhuma obsessão pelo regionalismo. Portanto, temos aqui atletas do Algarve, do Alentejo, de Lisboa, do Centro, do Norte”, detalha, a meio da conversa, o presidente do clube, Manuel Melo, ligado à direção desde 1976.

 

 

Cidália Fernandes, por exemplo, tem de percorrer 200 quilómetros para chegar às instalações do seu clube e trabalhar a pontaria com cartuchos de 24 gramas de chumbo, numa variante em que os pratos são lançados a partir de cinco máquinas, mas com “diversas trajetórias”. O TRAP5 é uma porta de entrada para o Fosso Olímpico, variante com pratos lançados a partir de 15 máquinas, em que Cidália almeja competir a partir de 2023.

“O meu objetivo é, para o ano que vem, entrar no Fosso Olímpico. Claro que sonho com os Jogos Olímpicos. Senão nem andaria a treinar, a participar e a investir neste desporto”, vinca a atiradora. Se o conseguir pelo CI Pevidém, repetirá o feito de Manuel Vieira da Silva, 27.º no fosso olímpico de Pequim2008.

Três anos bastaram a Cidália Fernandes para se tornar campeã nacional, conquistar a Taça de Portugal, alcançar a medalha de bronze no Campeonato da Europa de Mérida (Espanha), em julho, e se sagrar bicampeã mundial de TRAP5, uma das variantes do tiro. O mais recente título conquistou-o a 11 de setembro, em Mira; na designada categoria Senhoras, estilhaçou 137 em 150 pratos, deixando a segunda classificada, a espanhola Judit Gimeno, a uma distância de 10 pratos. “Eu sou recente na modalidade. Venho do mundo da caça. Há 13 anos que caço. O tiro veio por desporto e para experimentar. Experimentei e fiquei”, conta ao Jornal de Guimarães.

Oriunda de Vinhais, no distrito de Bragança, Cidália encontrou no Clube Industrial de Pevidém (CI Pevidém) a plataforma que a elevou do tiro desportivo de recreação ao de competição. A atiradora confessa tê-lo feito a convite dos diretores desportivos Vítor Sabino e Sérgio Campos, tendo ganhado desde então “apreço” pelo clube fundado em 1933, que dispõe de um campo de tiro desde 1974.

Há mais como ela que, a partir da vila industrial, têm levado aquela instituição ao lugar mais alto do pódio: só em 2022, Alberto Lopes foi campeão nacional em tiro ao voo e Jorge Mourão campeão mundial de TRAP5 na categoria de Veteranos, também em Mira. “Temos tido vários títulos em várias modalidades. O nosso trabalho é dar o melhor apoio para todos os atletas conseguirem treinar com as melhores condições possíveis. Sem treino, ninguém chega lá”, realça Sérgio Campos.

O CI Pevidém contabiliza cerca de 200 atletas federados, repartidos pelas variantes do tiro com armas de caça – além do TRAP5, o fosso olímpico ou o Compak Sporting -, mas nem todos ensaiam a pontaria no único campo de tiro do concelho de Guimarães. Por norma, cada atleta treina nas instalações mais próximas de casa e passa pelas instalações do clube na semana ou no dia que antecede a competição, acrescenta. Assim acontece porque os atiradores do CI de Pevidém são de todas as regiões do país. “Não temos nenhuma obsessão pelo regionalismo. Portanto, temos aqui atletas do Algarve, do Alentejo, de Lisboa, do Centro, do Norte”, detalha, a meio da conversa, o presidente do clube, Manuel Melo, ligado à direção desde 1976.

Cidália Fernandes, por exemplo, tem de percorrer 200 quilómetros para chegar às instalações do seu clube e trabalhar a pontaria com cartuchos de 24 gramas de chumbo, numa variante em que os pratos são lançados a partir de cinco máquinas, mas com “diversas trajetórias”. O TRAP5 é uma porta de entrada para o Fosso Olímpico, variante com pratos lançados a partir de 15 máquinas, em que Cidália almeja competir a partir de 2023.

“O meu objetivo é, para o ano que vem, entrar no Fosso Olímpico. Claro que sonho com os Jogos Olímpicos. Senão nem andaria a treinar, a participar e a investir neste desporto”, vinca a atiradora. Se o conseguir pelo CI Pevidém, repetirá o feito de Manuel Vieira da Silva, 27.º no fosso olímpico de Pequim2008.



“Conseguimos títulos com a boa vontade dos atiradores”

Inventado por diretores portugueses, como alternativa ao fosso universal, o TRAP5 é uma “entrada” e uma “saída” para o fosso olímpico, uma solução para os atiradores de idade mais avançada diminuírem a massa dos cartuchos (28 para 24 gramas) e dispararem a pratos lançados de cinco máquinas. “É menos doloroso. Essa é uma das grandes vantagens do TRAP5”, esclarece o presidente da Federação Portuguesa de Tiro com Armas de Caça, Vítor Pitti.

Ao deslocar-se a Pevidém no início de setembro, para distinguir o CI Pevidém com a medalha de mérito da FPTAC, o dirigente enalteceu a capacidade daquela instituição para organizar várias provas internacionais e também as suas instalações. “São poucos os clubes que têm as instalações como estas. É um clube emblemático, um clube essencial para a federação”, realça.

A FPTAC regista entre 6.000 e 7.000 atiradores federados, número em crescendo, mas ainda aquém do pico de 13 mil; leis mais restritas para licenciamento do uso e porte de arma motivaram esse decréscimo. Em 2022, o organismo realizou até agora 700 exames de admissão, mas é difícil acelerar esse crescimento, face ao orçamento global de 500 mil euros por ano, já incluindo “ajudas a clubes e a atletas”, e aos custos que a modalidade envolve. “O tiro é o desporto mais caro”, afirma. “Uma arma com alguma qualidade exige um valor na ordem dos 5.000 euros. Depois há o colete, o equipamento todo e as munições. Cada caixinha de 25 cartuchos custa entre oito e 10 euros”, descreve.

A ajuda federativa limita-se ao pagamento das inscrições para as provas de juniores e ao financiamento dos cartuchos para quem sobe ao pódio, mas Portugal dispõe, ainda assim, de “excelentes atiradores”, campeões do mundo e da Europa, em condições mais precárias face a Espanha, França e Itália, países em que um atirador de topo recebe ordenado do Estado para se concentrar no tiro. “Conseguimos títulos com a boa vontade dos atiradores. Há uma enorme quantidade de coisas que têm de fazer antes de pensarem em atirar, e não é fácil conseguir o que queremos: estar nos Jogos Olímpicos e ganhar medalhas”, sublinha.

Os custos podem travar jovens que queiram testar a pontaria, algo que o CI Pevidém tenta contornar com cursos de iniciação à modalidade e treinos a “valor simbólico” para iniciantes, esclarece Sérgio Campos. No caso de Cidália Fernandes, os resultados obtidos em três anos já lhe garantiram patrocínio para as munições. “É menos uma despesa. Por muito pequena que seja, toda a ajuda é bem-vinda”, constata.

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