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Em busca de um outro final no regresso à Pedreira ‘assombrada’

Na véspera do 17.º dérbi minhoto no Estádio Municipal de Braga, Vitória procura quebrar tradição desfavorável. João Alves espera jogo “muito disputado”, embora com favoritismo arsenalista.

27 agosto 2021 > 08:30

Quando Sporar desviou a bola do alcance de Bruno Varela a cinco minutos do fim do Sp. Braga – Vitória da época passada, a 09 de março, estava selado o desfecho de mais um dérbi minhoto. Era o habitual no Estádio Municipal de Braga: a formação vimaranense, então treinada por João Henriques, perdera por 3-0.

Casa dos bracarenses desde 2004, a Pedreira tem sido uma casa dos horrores para as cores preta e branca, andando de mão dada com o crescimento do rival arsenalista. Dos 16 dérbis até agora realizados naquele palco, o Vitória perdeu por 12 vezes (75%). A percentagem de desaires supera a da era que antecedeu a inauguração do Estádio Municipal de Braga, quando se trata de jogos oficiais para as competições nacionais: os homens de Guimarães perderam em 32 ocasiões (58,1% dos jogos dessa era), empataram em 10 e venceram em 13.

No domingo, a comitiva com o escudo de D. Afonso Henriques cumpre mais uma deslocação de 20 quilómetros à cidade vizinha, agora sob o comando de Pepa.  Médio do Sp. Braga na época 2004/05 e do Vitória entre 2007/08 e 2011/12, João Alves projeta um jogo “bem disputado”, apesar do desnível nos confrontos mais recentes.

“Jogos entre Braga e Vitória são sempre muito bem disputados, com um caudal ofensivo muito grande, em que as duas equipas querem ganhar. Neste ano, as equipas não querem fugir à regra”, perspetivou, em declarações ao Tempo de Jogo.

Convicto de que as exibições nas três primeiras jornadas, frente a Portimonense, Estoril-Praia e Vizela, podem dar aos vitorianos “confiança” para discutir o “jogo pelo jogo” na Pedreira, o ex-jogador de 41 anos avisou que o Sp. Braga tem “feito da sua casa a sua fortaleza”. “Em casa, o Braga é uma equipa muito difícil de bater. Nestes últimos anos, tem tido sempre vantagem sobre o Vitória”, reiterou.

Face às épocas mais recentes, em que os bracarenses têm andado a “morder os calcanhares às equipas grandes” e a lutar pelo acesso à Liga dos Campeões, João Alves considerou que o emblema arsenalista é “sempre favorito” quando joga na Pedreira.

 

“Com o videoárbitro, não perderíamos esse jogo”

O antigo futebolista participou em quatro dérbis no Municipal de Braga, todos com a camisola do Vitória. Depois de um empate a zero na estreia, em 2007/08, época do terceiro lugar, João Alves perdeu os três jogos seguintes, todos para o campeonato: 1-0, em 2008/09, 3-2, em 2009/10, e 4-0, em 2011/12.

De todos esses embates, o mais vívido na memória do ex-atleta é o de 2009/10, disputado a 02 de abril de 2010, feriado de Sexta-Feira Santa naquele ano. O Sp. Braga protagonizava uma inédita corrida ao título – partia para o jogo no segundo lugar, com 55 pontos, a seis do Benfica. O Vitória lutava pelo acesso à Liga Europa – antes do jogo, era quinto, com 36 pontos, a dois do Sporting, quarto da tabela, e mais três do que a União de Leiria, sexta classificada.

A partida até começou de feição para as hostes vimaranenses, graças ao remate em arco de Rui Miguel que só parou no fundo das redes de Eduardo, decorria o minuto 18. A partida, contudo, viria a inscrever-se na memória coletiva devido à arbitragem de Artur Soares Dias. O Sp. Braga viria a ganhar por 3-2, com os restantes quatro golos a surgirem da marca de grande penalidade.

E as infrações que originaram o castigo máximo suscitaram imensos protestos, que viriam a culminar na expulsão de quatro jogadores vitorianos: Valdomiro, aos 77 minutos, após o penálti que valeu o 2-1 aos arsenalistas, e ainda Desmarets, Andrezinho e João Alves, todos aos 90.

“Entrámos no jogo a vencer e depois acabámos por perder. Expulsou-nos quatro jogadores, salvo erro. Teve uns erros a prejudicar o Vitória e acabámos por perder o jogo”, realça. João Alves diz mesmo que o resultado do jogo seria diferente caso houvesse videoárbitro. “Com o videoárbitro, certamente não perderíamos esse jogo, mas, na altura, não havia, e o Soares Dias teve uma tarde infeliz”, acrescenta.

Para o médio, esse jogo influenciou o destino do Vitória naquele campeonato; a formação então treinada por Paulo Sérgio ficou de fora da Liga Europa na última jornada, ao perder com o Marítimo (2-1), diante de uma plateia de 25.830 espetadores no D. Afonso Henriques. Para assegurar o quinto lugar, bastava um empate. “Naquele jogo com o Marítimo, na última jornada, acabámos por não ir à Liga Europa. Se tivéssemos tido esses pontos com o Sporting de Braga, já não precisávamos do resultado”, recorda.

 

“Tentávamo-nos abstrair um pouco da rivalidade”

Nas semanas de dérbi, a temperatura no seio de cada uma das massas associativas costuma subir, face à “emoção” associada, mas, para os profissionais da bola, um embate entre Vitória e Sp. Braga era encarado como “outro jogo qualquer”. “Fosse o Braga, o Porto ou o Benfica, entrávamos sempre com o intuito de ganhar. Mas sentia-se aquele fervor fora dos relvados”, lembra. “Tentávamo-nos abstrair um pouco da rivalidade dos adeptos e focar ao máximo no jogo”.

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