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E quando a atualidade se impõe

O nosso bairrismo é uma mais-valia, que nos faz rivalizar com os três grandes do nosso futebol, (..) mas é igualmente o nosso calcanhar de Aquiles.

31 maio 2021 > 00:00

Karl Popper, filósofo da ciência, escreveu certa vez que “a tolerância ilimitada deve conduzir ao desaparecimento da tolerância”, isto é, o paradoxo em que atualmente vivemos no nosso Vitória Sport Clube e no nosso país quanto as medidas das autoridades sanitárias e governamentais em elação à pandemia da Covid-19.

A época chegou ao fim, e mais uma vez a deceção caiu sobre os sócios e adeptos do nosso enorme clube. Que fazer, meus amigos? O mesmo de sempre? Para o ano é que é…; gritar contra a direção, e mais uma vez começar do zero…; esperar que a sorte venha ter connosco… Não! Precisamos de um projeto, realista e razoável, ousando pensar o nosso clube como maior que a nossa terra, e paulatinamente construir na grandeza da nossa história e na enormidade dos nossos sócios e adeptos, o grande clube que somos. O nosso bairrismo é uma mais-valia, que nos faz rivalizar com os três grandes do nosso futebol, e tanto ciúme causa a pequenos rivais que cobiçam a paixão vitoriana; mas é igualmente o nosso calcanhar de Aquiles, que nos impede de ousar sair do Largo da Oliveira e de aventurar-se como os de antanho a construir um novo futuro… Nós não fizemos somente uma cidade, mas fizemos um país aqui nascido que deu mundo ao mundo. Chega de termos pena de nós próprios, de uma tolerância ilimitada que nos pode conduzir a uma situação gravosa para o nosso amado clube, que é de Guimarães, mas que deve pretender romper com as fronteiras da nossa cidade e concelho. Nós, os vitorianos, merecemos muito mais. E comecemos, os que apoiaram e os que não apoiaram esta direção, por olhar para o nosso presidente como presidente de todos os vitorianos, deixando chegar ao fim o seu mandato e o seu projeto, e nas urnas todos faremos o nosso juízo. Só desejo que esta direção, e todas as que lhe venham a suceder, que sejam felizes, pois a sua felicidade será sempre a minha. 

Quanto à pandemia da Covid-19, só posso dizer que a tolerância ilimitada que tive com o governo de Portugal e a DGS chegou ao fim. A tolerância desapareceu! Este paradoxo é insuportável, revelando falta de congruência e consequência do agir político e ético das nossas autoridades. Depois da final da Liga dos Campeões e o que na Cidade do Porto aconteceu, e a dualidade de critérios que usaram na abordagem, neste caso, do futebol, tornou insuportável a posição das nossas autoridades quanto à presença de público no futebol em Portugal. Como não têm vergonha aqueles que multam cidadãos portugueses numa praia e permitem que milhares de estrangeiros não cumpram o mínimo das normas estabelecidas, e mais de 6000 adeptos sem bilhete possam viajar para Portugal sem a famosa bolha prometida. Somos um país de mão estendida, que alimenta interesses que nos ultrapassam e nos mantêm num marasmo que parece não ter fim. Que saudades tenho de estar no Dom Afonso Henriques, junto dos meus consócios, gritando e festejando o ser vitoriano. O que será da próxima época? A desfaçatez das nossas autoridades permanecerá? A minha resposta é a de Deleuze – “A ética é estarmos à altura daquilo que nos acontece”.

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