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Diversifiquem e democratizem o desporto

Existe ainda na mente de muitos políticos locais a ideia de que a nossa terra deve ter tudo, tal como a terra do lado. Se o vizinho tem um campo de futebol, nós também temos que ter.

01 outubro 2021 > 00:00

Volvidas as eleições autárquicas acredito que novos ventos possam soprar nos municípios do nosso país. Muitos dos presidentes foram reeleitos mas, mesmo esses, renovaram promessas, melhoraram programas e partem, acredito, com novas motivações.

O papel de uma autarquia é fundamental no desenvolvimento desportivo nacional. Além das grandes linhas aglutinadoras das políticas do poder central, que no caso do desporto deixam muito a desejar, é na base que tudo começa e pode ser moldado.

Existe ainda na mente de muitos políticos locais a ideia de que a nossa terra deve ter tudo, tal como a terra do lado. Se o vizinho tem um campo de futebol, nós também temos que ter. Se lá existe uma piscina ou um pavilhão, nós também queremos. É a teoria das quintas e das quintinhas sem se olhar para um planeamento supra-freguesia ou mesmo supramunicipal.
Nas Câmaras Municipais há ainda a política do cacique, do agradar às clientelas dos comparsas partidários, do dividir para reinar. Faltam programas bem planeados para a construção de infraestruturas que claramente façam falta a cada comunidade e não a construção de campos e campinhos para agradar a este ou àquele, muitas vezes com fins eleitoralistas. Os políticos caem na tentação de distribuir subsídios de forma casuística e não pela meritocracia de quem os reclama.

De que serve construir um campo de futebol numa freguesia onde a maioria da população é idosa? Não se poderia partilhar a utilização com a freguesia do lado que já tem um? Todos querem tudo e de tudo no seu quintal. Porque não um pavilhão ou um campo de ténis, ou um polidesportivo? Tudo na medida certa e com planeamento.

Portugal tem vindo a destacar-se em algumas modalidades coletivas que não o futebol. A diversificação da oferta aos jovens é essencial para que não haja uma futebolização excessiva da prática desportiva. Para isso é preciso que os poderes, locais e não só, distribuam pelos vários municípios e em freguesias estratégicas, espaços onde esses desportos possam ser praticados e, de preferência, sem os encargos financeiros, muitas vezes absurdos, que são exigidos às famílias. A democratização do acesso à prática desportiva é verdadeiramente essencial para a formação dos homens de amanhã e dos desportistas que poderão continuar a dar alegrias aos portugueses.

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