“Cria-se uma relação de empatia”: o desporto equestre galopa cada vez mais
Diogo Teixeira tem dado conta – “e muito” – do crescimento da procura pelo desporto equestre em Guimarães. “Entro no centro hípico e quase não conheço ninguém.

É gente nova praticamente todos os dias”, dá conta o cavaleiro de 18 anos. Natural de Felgueiras, encontrou no Centro Hípico da Pena Brava, em Abação, o local ideal para maturar uma paixão que vem de família.
Entrou no mundo do hipismo “há cerca de quatro anos” e descortinou “dois tipos” de abordagens: há as pessoas que experimentam “por interesse próprio ou depois de um ligeiro empurrão dos pais”, não gostam e “já não voltam”; e depois há aqueles que passam essa primeira fase e “dificilmente largam”: “Vejo no centro hípico e nas provas que faço muitas caras conhecidas e acho isso natural, porque criamos uma conexão muito forte, muito íntima, com o cavalo, que é difícil de largar”, explica o jovem que fez 7.º lugar no Campeonato de Portugal da Juventude 2022, na categoria ganha pela vimaranense Bruna Carvalho.
Não é só perceção de Diogo Teixeira. A equitação está mesmo a crescer e a cativar mais gente em Guimarães. É isso que dá conta o relatório do Centro de Estudos do Desporto de Guimarães para a época desportiva 2021/2022. Das 39 modalidades praticadas no território vimaranense, é a que mais cresce: são 146 praticantes registados em comparação com a época 2019/2020 (a temporada 20/21 não foi considerada devido ao caráter “excecional” provocado pela pandemia), o que representa uma variação positiva de 265%.
Como explicar este aumento? Para Elisa Santos, a resposta está (em parte) na pandemia. “As pessoas tentaram deixar os desportos coletivos”, e o desporto equestre surgiu como uma possibilidade. “Na altura da covid-19, o interesse começou a aumentar”, reitera a treinadora e fundadora do Centro Hípico da Pena Brava. Acresce o caráter lúdico – o convívio com um animal é parte importante – e “o contexto de responsabilidade” que envolve a modalidade: são jovens entre os seis e os oito anos que mais aparecem à porta do espaço fundado em 2014. Ou seja, desde cedo cabe ao aluno perceber se “está tudo bem” com o cavalo, cuidar dele. “O cavalo e a pessoa têm de estar em sintonia. Cria-se uma relação de empatia”, vinca. E há poucas modalidades a oferecer o mesmo.
O concelho tem na freguesia de Abação uma escola “reconhecida a nível nacional”. “Fazemos acompanhamento para criar uma equipa de renome. Tivemos no ano passado uma aluna que representou Portugal no Campeonato da Europa. No fundo, o nosso intuito é levar os miúdos ao mais alto nível”, adianta a treinadora. A escola tem oito cavalos à disposição dos alunos. Algo que ajuda a aplacar os custos de uma modalidade que exige esforço financeiro. “Damos oportunidades aos miúdos de chegarem à competição nacional com os nossos cavalos, os da escola, e isso apela. É um desporto um pouco caro. Conseguindo isso, atraímos mais pessoas que poderiam ter mais dificuldade em chegar ao mais alto nível”, refere Elisa Santos.
Agora já tem o seu, mas Diogo começou com um destes cavalos. Foi com a ajuda do treinador Raul Borges que trepou escalões e galopou pelo país em competição. “Lembro-me de olhar deslumbrado para a harmonia entre ele e o animal”, recorda. Partiu em busca desse entendimento com o cavalo e nunca mais parou.