Como seria interpretado este lance em Portugal…
As equipas de arbitragem são compostas por pessoas, que têm reações, alegrias, tristezas, que podem variar por diversos fatores e não há nenhum árbitro que fique contente por ter cometido uma falha.

Na semana que agora termina, foi tornado viral um lance ocorrido na segunda divisão da Dinamarca, por uma decisão do árbitro. Nils Heer ao ter interrompido erradamente o jogo, beneficiando a equipa infratora e anulando uma clara oportunidade de golo, reagiu ajoelhando-se levou as mãos à cabeça e bateu com esta no solo, em sinal claro de arrependimento pela decisão que tinha acabado de tomar. Contrariamente ao que estamos habituados por estas bandas, não houve qualquer contestação dos jogadores, nem houve qualquer conflito fomentado pelos elementos técnicos sentados no banco de suplente…..nada. Inclusivamente, os jogadores da equipa que foram “prejudicados” com a decisão, tentaram consolar o árbitro tendo-o cumprimentando quase que a dizer ”acontece, deixa lá”.
Recordo-me que há uns anos atrás, um árbitro foi acusado de ter festejado um golo, num lance onde decidiu de forma correta ter aplicado a vantagem que resultou em golo (mas também por essas bandas não houve confusão uma vez que as pessoas respeitam o jogo e defendem o fair play, não apenas ostentando o símbolo no braço).Por estas bandas, um árbitro assistente cerrou ligeiramente o punho, assim que recebeu a informação do VAR que tinha tomado uma boa decisão, foi logo conotado como sendo adepto do club A e que festejou o golo porque é adepto do club B. Teve logo a sua vida pessoal devassada ao mais ínfimo pormenor.
Voltando à Dinamarca, todos nos lembramos da reação dos jogadores, quando no último Europeu, o jogador Christian Ericksen desfaleceu em campo. A forma como o grupo reagiu à adversidade e o discernimento que tiveram para, naquele momento de dor e de sofrimento, unir-se em volta do seu colega de equipa, é em todos os níveis de profunda admiração para todos nós.
Interrupções como as que Nils Heer fez já aconteceram a todos os árbitros, sendo que a forma como reagimos no momento a elas é que nos diferencia um dos outros enquanto indivíduos, e esta, sendo insólita, é sem dúvida uma reação pura de arrependimento. As pessoas devem perceber que as equipas de arbitragem são compostas por pessoas, que têm reações, alegrias, tristezas, que podem variar por diversos fatores e que não há nenhum árbitro que fique contente por ter cometido uma falha grave. Proponho, que antes de julgar, tentem perceber o motivo do gesto e o enquadramento da decisão.
O resultado final do jogo acabou por ser um empate, que poderia ter sido diferente se o lance em analise não tivesse sido interrompido. Contudo, por aquelas bandas, o resultado é o menos importante.
Deixo para reflexão: ”Como seria interpretado este lance em Portugal…”