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Eu, sou o Padre Francisco, o Doutor Francisco de Oliveira, mas gosto muito que me apelidem, porque assumo com alegria e responsabilidade a minha paixão, o Padre do Vitória.

23 março 2021 > 00:00

Fui convidado para ser cronista neste espaço de informação intitulado Tempo de Jogo. Aceitei, e hoje estou aqui a partilhar convosco algumas linhas do meu pensamento sobre o jogo e o desporto em geral. Fá-lo-ei como sacerdote de Cristo, que nos ensinou que o sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado, quer dizer, a humanidade, e não as ritualidades religiosas, têm de estar no centro do meu agir e pensar/sentir sacerdotal como Jesus nos ensinou. Mas faço-o também como filósofo, que versei na minha tese de doutoramento, sobre o humanismo no pensamento português, de sobremaneira, Leonardo Coimbra, e que me faz cismar no logos inquieto, do filósofo que me proponho ser, a centralidade da humanidade e do seu papel neste espaço e tempo em que habitamos, e não sozinhos, mas acompanhados pela ecologia diversa da nossa morada. Mas, como nos lembra a filosofia grega, não somos só logos/razão, mas também somos pathos/afetos. E eu, que gosto de cultivar a razão, não num racionalismo frio e impiedoso, mas numa razoabilidade, onde a minha paixão – pathos – não seja obliterada, mas assumida na plena humanidade e na corresponsabilidade pelos outros, manifesto a minha paixão vitoriana, que de muitos de vós é por demais conhecida. Eu, sou o Padre Francisco, o Doutor Francisco de Oliveira, mas gosto muito que me apelidem, porque assumo com alegria e responsabilidade a minha paixão, o Padre do Vitória.

O desporto, seja ele qual seja, é um traço genético-cultural da nossa humanidade, e de sobremaneira, ocidental (o meu background por excelência). Vamos começar por interrogar, o que é o desporto? Quais são os seus valores? E a sua função na humanidade situada em cada tempo e em cada espaço que define cada mulher e homem e cada povo/etnos? Como constrói humanidade e urbanidade? E tantas outras questões poderíamos levantar… Como nos ensina a filosofia, comecemos por definir os termos. No Dicionário da Porto Editora, 5ª edição, de 1979, é “qualquer atividade que tem por fim o desenvolvimento físico; desporte; divertimento; desenfado; recreio”. Já o dicionário da mesma editora, mas de 2013, com o acordo ortográfico “o antes e o depois”, com maior precisão escreve: “1. Exercício físico praticado de forma metódica, individualmente ou em grupo, e com diversos objetivos (competição, recreação, terapia, etc.) 2. divertimento, recreio; ~ radical prática desportiva que envolve algum risco; por ~sem obrigação; para se distrair”. Quer um, quer outro dicionário, referem a origem arcaica ou antiga do francês desport, precisando o dicionário mais recente como “divertimento, jogo”. Duas questões se levantam – Primeira: onde colocamos o desporto profissional? Será que encaixa nestas definições apresentadas? Segunda: e a expressão jogo, é ou não mais originária ou original que a expressão desporto? Não será mais própria/genuína da nossa tradição, que os estrangeirismos oitocentistas desprezaram na nossa cultura peninsular? Não dirá mais sobre o que é o desporto? Ou o desporto é uma transformação, maturação, do jogo como a humanidade sempre o conheceu?

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