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Cadeiras vazias. E as quotas? Pandemia pode levar clubes a perder sócios_republish

Sem adeptos há mais de um ano, o desejo é que a festa volte aos estádios, mas como está a situação associativa? As quotas têm sido regularizadas? O que podem fazer os clubes para não perder sócios?

04 junho 2021 > 09:48

“Graças a Deus eu tenho as minhas quotas do Vitória em dia, mas conheço pessoas, algumas delas familiares, que deixaram de pagar”, esta frase de Anabela Sousa, vimaranense e associada do Vitória SC há vários anos, é o mote para se tentar responder às questões levantadas. A pandemia chegou em força em março do ano passado. De lá para cá já passaram catorze meses, mais de um ano, sem se poder ir à bola. Se é verdade que ser associado de um clube não implica o benefício direto de assistir aos jogos, a realidade é que esse é um conceito fortemente enraizado na nossa sociedade.

A pandemia veio, então, abanar com o sistema associativo dos clubes, não se sabendo ainda que efeitos práticos terá no futuro. O Jornal de Guimarães falou com alguns presidentes de clubes do concelho, assim como ouviu associados do Vitória SC. Conclusão: não há consenso em torno deste tema, nem se adivinha fácil chegar a uma solução que agrade a gregos e troianos. Há quem continue a pagar quotas e há também quem tenha deixado de pagar. Um eventual perdão de quotas, ou campanha que permita não perder sócios, poderá ser vista de forma negativa por quem tem a situação regularizada.

Voltemos a Anabela Sousa, que em pleno Toural remata o seu raciocínio. “Acho que ninguém deve deixar de ser sócio, ou perder o número, por causa da pandemia, mas compreendo que quem pagou não fique contente caso haja perdões. O Vitória terá de ver caso a caso, ver quem realmente não teve disponibilidade para pagar, quem foi afetado, para nesses casos poder agir e manter o número de sócio. O importante é poder voltar ao estádio e ter as bancadas cheias”, diz a associada.

Pelo périplo pelo epicentro da cidade, o JdG encontrou também associados que não têm as quotas regularizadas, mas estão a pensar fazer isso, outros que admitem não saber como o vão fazer e até quem admita que mesmo podendo não vai pagar porque não está a usufruir dos jogos. Atendendo a que esta época não haverá público nos estádios, na melhor das hipóteses apenas em julho ou agosto, na próxima temporada, haverá público. Ou seja, um casal que tenha um filho e tenha deixado de pagar quotas em março terá de pagar quase quinhentos euros para regularizar a sua situação.

Manuel Ferreira, de Pevidém, vai mantendo o hábito de pagar as quotas do Vitória SC, mesmo admitindo que não é fácil: “Sou sócio há 36 anos, é um gosto, mas claro que é complicado estar a pagar sem ir aos jogos. Eu e a família temos tudo pago, vamos de vez em quando ao estádio pagar. Poderá haver quem não esteja a pagar, mas o clube não está em situação de facilitar quotas, também precisa do dinheiro”, reconhece, também no coração de Guimarães.

O JdG abordou o Vitória SC no sentido de poder avaliar esta situação, mas o clube optou por não se pronunciar, até porque a incerteza quanto a diversas variáveis é ainda muita.

 

 

Moreirense não está preocupado e Pevidém em contraciclo

Mas o Vitória SC, emblema mais representativo do concelho, não é caso único. Outras instituições enfrentam o mesmo problema. Em Moreira de Cónegos, por exemplo, Vítor Magalhães está desejoso de voltar a ver as bancadas com cor, não se mostrando preocupado com a situação.

“Neste momento queremos é que isto reabra o mais rápido possível. Esta época já não abre, mas na próxima deverá reabrir. As quotas em Moreira são quase que simbólicas, naturalmente que a massa associativa é muito importante, mas é mais importante a presença física e o apoio. Os nossos sócios são sócios de há muitos anos, gente fiel ao clube, não é assunto que preocupe. Penso que tudo voltará à normalidade, poderá ficar um ou outro para trás, mas não me parece que vá ser significante. Quando a vida voltar ao normal, penso que mais de noventa por cento das pessoas voltam à normalidade. Não nos preocupa o eventual atraso de alguns sócios”, refere o presidente do clube que terá sensivelmente um milhar de associados.

A viver um momento excecional na sua história, estando a disputar o acesso à 2.ª Liga, o Pevidém contraria a tendência e até está a aumentar os seus sócios. Vário fatores, conforme explica o presidente Rui Machado, levam a este contraciclo: “Tínhamos um cadastro com quase mil sócios, mas a realidade é que apenas duas centenas teriam as quotas em dia. Estamos a fazer uma campanha de angariação e recuperação de sócios, e também com os resultados positivos já teremos trezentos sócios pagantes. Ou seja, estamos em contraciclo. Estamos a fazer a renumeração dos associados, é preferível ter uma base de dados real do que ter números que não correspondem à verdade.” No Pevidém SC a quota anual é de 15 euros.

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