Apoio ao Xico é “mesmo extraordinário”: clubes devem ser “sustentáveis”
Domingos Bragança justificou o apoio concedido como sendo um "compromisso" assumido para que o Xico não declinasse a subida à 1.ª Divisão. Oposição concorda e diz que é preciso mais.

O apoio extraordinário que o executivo municipal aprovou esta quinta-feira para o Xico Andebol, de 75 mil euros, é “mesmo extraordinário”. Neste ponto da ordem do dia o presidente do município referiu que assumiu um “compromisso” para que o clube pudesse disputar a 1.ª Divisão, algo que não tinha capacidade para fazer sem o referido apoio.
“Quando subiu pôs- se a possibilidade de não aceitar a subida. Obviamente gostava que o Xico andebol fosse â 1.ª Divisão, foram debatidas várias questões e o que ficou estabelecido é que que neste primeiro ano, sim, seria apoiado com um apoio extraordinário, mas depois não”, disse Domingos Bragança.
O líder máximo do município explicou depois que apenas em inscrições o clube tem de pagar 30 a 35 mil euros e “não se entende isso”. Admitindo que o Xico merece este apoio, pela importância que tem, Domingos Bragança, reconheceu que “outros clubes merecem”. “O que estamos a fazer foge ao quadro normal de atribuição de apoios. Temos a riqueza desportiva que temos, um orgulho para Guimarães, mas todos os clubes, se forem questionar, dizem que ficamos aquém do que precisam”, apontou.
Oposição considera que o apoio “não deve ser tão excecional assim”
Ricardo Araújo foi o vereador responsável por abordar este tema, frisando estar de acordo com o apoio prestado, dados os “pergaminhos que todos reconhecemos” ao Xico Andebol. O vereador vai mais longe e diz que deve ser repensado o apoio ao desporto em Guimarães. “Verdadeiramente não me aprece que este apoio extraordinário deva ser tão excecional assim, atendendo ao apoio que outros clubes recebem à nossa volta”, disse.
O vereador explicou o seu ponto de vista: “Muitas vezes para desenvolver os escalões de formação precisamos de ter uma primeira linha sénior com relevância. Desde que de uma forma sustentada, ter um apoio destes não me aprece exagerado. Deve ser análise para o futuro proporcionar condições para que o Francisco de Holanda possa continuar a participar na 1.ª Divisão até de forma profissional”.
Apesar deste posicionamento, Ricardo Araújo defende que os clubes têm de ser sustentáveis e autónomos, algo que, admite, não é fácil. “Há clubes que não conseguem ser autónomos no mundo em que vivemos. Isso é na Alice no País das Maravilhas. O Xico de Holanda, se se mantiver, o mais provável é no próximo ano estar a fazer um pedido como este”, disse, dando a ginástica como exemplo para mostrar uma aposta feita pelo município que está a dar frutos.
Nelson Felgueiras quer “criar condições para que os clubes sigam o seu caminho”
Nelson Felgueiras, vereador com o pelouro do desporto, deu conta que o Xico Andebol é o único clube na 1.ª Divisão que não tem qualquer jogador profissional, sendo o plantel formado por jogadores formados no clube, em que 90 por cento dos atletas são vimaranenses.
Na revisão que está a ser feita ao regulamento de atribuição e apoios aos clubes e associações, Nelson Felgueiras diz que está a ser tida em conta a “sustentabilidade dos clubes”. “Mais do que dar apoios pontuais ou excecionais para estar em determinadas competições, queremos que sejam criadas condições para serem sustentados. O maior contributo que podemos dar é condições para que os cubes sigam o seu caminho de forma autónoma”, vincou.
O vereador elencou que está a ser feita uma aposta em luzes led, alternativas no aquecimento das águas e outras medidas que, indiretamente, ajudam financeiramente os clubes, aos quais se exigem que as instalações estejam devidamente legalizadas e, dessa forma sejam elegíveis para apoios nacionais e internacionais.