André Amaro: “Pensava chegar à equipa principal, mas não tão rápido”
Ainda júnior, com apenas dezoito André Amaro é uma das mais recentes promessas da formação do Vitória, tendo-se estreando na equipa principal em Alvalade.

Em entrevista ao TdJ o jovem natural de Coimbra fala dos sentimentos proporcionados pela estreia, a expetativa até ao final da época e os sonhos que tem para cumprir no futebol.
A cumprir o último ano de formação, sendo ainda júnior, estreou-se em Alvalade e ficou definitivamente às ordens de João Henriques na equipa principal. Aborda pela primeira vez o turbilhão de emoções que tem sido os últimos tempos.
Como é que olha para tudo isto que está acontecer na sua carreira. Chegou há dois anos a Guimarães, tem queimado etapas e aos dezoito anos estreou-se na equipa principal ao jogar em Alvalade?
Desde que cheguei a Guimarães tenho-me sempre dedicado ao máximo, tenho sido muito profissional. Reconheço que ao longo deste caminho tenho tido alguma sorte, mas os caminhos de sucesso também são feitos de sorte, mas acho que tem sido também fruto do meu trabalho, fruto do que tenho feito, tenho trabalhado arduamente. Agora estou na equipa principal, acabei por me estrear em Alvalade, o que acabou por ser um momento muito bom para mim.
Para lá do resultado, que foi obviamente negativo, como é que olha para a sua prestação nesse jogo?
Claro que fica sempre o sentimento agridoce. Acima de tudo queríamos ganhar, como é óbvio, eu queria ganhar. Falando da minha exibição individual, considero que foi bastante positiva. Foi o primeiro jogo, algumas pessoas poderiam pensar que eu ia estar nervoso, por ter dezoito anos e por estar a pisar aquele palco, mas acho que fiz uma exibição positiva, ainda que tendo ficado frustrado por não termos conseguido mais em termos de resultado.
Foi destacada a maturidade revelada em campo. Não estava realmente nervoso ou disfarçou bem o nervosismo?
Não diria que estava nervoso, diria mais ansioso. Queria muito que a hora chegasse, que o árbitro apitasse, mas depois a partir do momento em que o árbitro apita ponho tudo de lado e penso que as coisas acabam por me sair naturalmente.
Que feedback teve das pessoas mais próximas, dos familiares?
Tenho um irmão e claro que as pessoas com quem normalmente falo depois dos jogos são os meus pais e o meu irmão. Fiquei com um sentimento muito bom, porque no fim do jogo senti o orgulho deles. Ao falarem comigo senti que estavam orgulhosos e isso é muito bom. Disseram que tive personalidade e que jogo me correu bem; deram-me os parabéns.

Como foi acolhido na equipa principal, um jovem de apenas dezoito anos que chegou à principal equipa do clube?
Foi muito bom, acolheram-me super-bem. Não tenho nada a apontar, é um grupo muito bom, muito unido, e quando é a assim o processo de adaptação torna-se muito mais fácil. Nas primeiras duas semanas senti-me sempre um pouco mais retraído, mas eles puxaram por mim, brincaram comigo e fui-me soltando. Já estou perfeitamente integrado.
Olhando para o seu percurso em Guimarães, chegou ainda juvenil, foi queimando etapas e jogando sempre à frente do escalão. Acreditava que era possível chegar de forma tão célere à equipa principal?
Sinceramente, não. Realmente era algo que eu pensava que ia acontecer, mas não com esta rapidez, entre aspas. Queimei etapas, é verdade, nos sub-23 acho que apenas um jogo, na minha formação. Claro que pensei que podia chegar à equipa principal, mas não tão rápido.
Começou a jogar futebol como médio, apenas no Vitória recuou para central. Como foi esse processo de recuo no terreno de jogo?
Jogava sempre a médio defensivo, a seis, mas houve um jogo nos sub-19 em que ficamos reduzidos a dez devido à expulsão de um dos nossos defesas centrais. Na altura o treinador recuou-me e disse-me para jogar a central. Lembro-me que nesse jogo fiz um grande jogo a central, o treinador gostou muito e falou comigo, disse-me que me via a jogar como central e eu gostei da ideia e comecei a trabalhar como central e nunca mais deixei essa posição, até hoje tenho trabalhado e jogado a central.
Não teve reticências com essa mudança, algo que nem sempre é bem aceite pelos médios?
Claro que sim. Pensei sempre que adorava jogar no meio campo, adorava a posição, até sinto que gosto mais de jogar a seis, mas sinto que posso chegar mais longe como central. Nos últimos tempos se me perguntarem digo que gosto mais de jogar a central, é uma posição à qual estou adaptado e as coisas têm saído bem como central.

Se lhe dessem então a escolher, gostava mais de jogar a central do que no meio campo? Se for necessário ainda está preparado para jogar no meio campo?
Se me perguntarem agora talvez diga que prefiro jogar a central, é a posição na qual tenho jogado e as coisas têm corrido muito bem enquanto central. Claro que se o treinador precisar eu estou disponível, até para extremo esquerdo estou pronto. Claro que ainda posso jogar a médio, ainda estou por dentro das rotinas e estou apto para isso.
Com esta passagem para a equipa A, ao somar os primeiros minutos, automaticamente, segundo os regulamentos, tem limitações para jogar as fases decisivas da equipa B. Isso confere-lhe estatuto de equipa A. Como encara isso?
Essa regra surgiu, não concordo com a regra, mas é o que é e temos de nos adaptar. Isso de ter estatuto de equipa A é positivo, certo, estou na equipa mais alta do clube, na equipa A, onde todos querem chegar. Mas, o meu foco é sempre o mesmo, trabalhar, lutar pelo meu espaço, ganhar o meu espaço e ajudar a equipa a conseguir os seus objetivos.
Como se define como jogador? Quais são as suas principais qualidades e defeitos?
Qualidades: sinto que sou um jogador com personalidade a jogar, com bom passe, agressivo e inteligente. Mas, claro que também tenho grandes defeitos a jogar, acho que, por exemplo, como central tenho de ter mais golo, atacar melhor a bola nos lances de bola parada, tenho que ser mais rápido, ainda que ache que já tenha melhorado isso, mas continua a ser uma coisa a melhorar. Acho que é isso.
Quais são os seus objetivos na carreira, a curto prazo e mais a médio prazo quais são os seus sonhos?
A curto prazo quero continuar a trabalhar ao máximo para lutar pela equipa e ajudar a que a equipa consiga os seus objetivos esta temporada. A médio longo prazo claro que tenho aqueles sonhos que toda a gente tem, jogar em grandes palcos, jogar em Anfield Road, no Santiago Barnabéu, esses palcos, jogar uma Champions, mas sinceramente não penso muito nisso. Penso no dia a dia, no presente, e vamos ver como as coisas se proporcionam.