A JUNI deu as coordenadas a Jerónimo. Na viagem, um objetivo: “servir”
O espírito de missão é indissociável da JUNI, que nasceu a poucos metros do Mosteiro de Santa Marinha da Costa. Jerónimo Oliveira explica: "Se consegui dar isto tudo, também o recebi”
A imponente igreja do Mosteiro de Santa Marinha da Costa antecedida por uma escadaria em granito própria do Barroco Joanino não é nada estranha a Jerónimo Oliveira. Nos arrabaldes do antigo cenóbio, no Lugar da Cerca, freguesia da Costa, há algo que o chama desde os 11 anos. Não é apenas uma coletividade, uma associação desportiva. É o sítio onde aprendeu a “servir”. É o sítio onde começou a “viver o espírito da JUNI”.
Entrou como atleta, bebeu da herança de “pessoas que mostraram que é bom servir” e agora é vice-presidente. Quando, em criança, cruzou a portada da JUNI - Jovens Unidos Num Ideal, lançou-se para ciclos de aprendizagem: como atleta, como funcionário, como alguém que se prepara para “algo que vai aparecer pela frente ao longo da vida”. A JUNI também é isso: uma “rampa de lançamento”. “Ainda agora nas comemorações do 50.º aniversário chegam-nos mensagens a dizer: ‘Que bom que aquilo era, foi lá que tirei o meu primeiro café’. Passamos muitas vezes por muitos sítios e não damos importância, aqui não”, exemplifica. “Isto foi e continua a ser muito importante”.
Por “isto” Jerónimo não se refere só ao parque desportivo (que com as piscinas, o campo de futebol, o bar, foi, a certa altura, um espaço “único no distrito de Braga") intimamente ligado à Paróquia de Santa Marinha da Costa e da própria freguesia. O “isto” de Jerónimo é também sobre o sentido de comunidade que se constrói ali, naqueles metros quadrados socalcados na encosta da Penha. “Nesta casa há o espírito de servir. Foi esse espírito que vi e que procuro mostrar, incutir”, frisa.
Aprendeu com o padre Adelino Silva– os olhos de Jerónimo marejam quando fala no fundador da JUNI –, com o “senhor Dias", que passou a ser sogro; o senhor Jacinto, “um homem de mãos calejadas” que o “ajudou a crescer”. “Pessoas que já partiram; pessoas que mostraram que é bom servir e sentir-se útil”, reitera.
“Se eu consegui dar isto tudo, também o recebi”
Após um período como vice-presidente nos anos 90, voltou a assumir o cargo recentemente. O padre Carlos chamou e a resposta só podia ser uma: sim. “Independentemente de qualquer cargo que possa ter, a JUNI está no sangue, tudo o que a JUNI precisar, estarei disponível”.
Jerónimo já deu provas deste voluntarismo. Lembra quando “surgiu a possibilidade” de abrir um centro Inforjovem. Fez testes, foi a Lisboa tirar formação e ajudou a caminhada que por ali se faz há 50 anos "com ajuda da inovação”. “A JUNI foi uma das primeiras coletividades a ter um programa informática para a sua prova de atletismo, e isso foi fruto da formação que tive”, recorda.
E é, em parte, devido a estes contributos – técnicos, imateriais – que o “Ideal” nascido em 1971 perdura– “no início desta caminhada, houve gente que trabalhou de forma incansável, todas as pessoas deram sempre um bocado de si”, pontua.
Jerónimo também doou tempo. Quando o filho nasceu, as visitas ao parque desportivo raramente falhavam. “Quase que dormiu as sestas de fim-de-semana aqui no parque”, indica, em tom jocoso. Passaram cerca de 50 anos desde o primeiro encontro com a JUNI. Não perdeu de vista as coordenadas dadas quando, com 11 anos, regressa à Costa com os pais vindos de França, emigrados, e encontra uma comunidade acolhedora. Jerónimo não se perdeu na caminhada: “Se eu consegui dar isto tudo, também o recebi”.