A invencibilidade do Benfica caiu pelas mãos da Lawrence… de Guimarães
A norte-americana pontuou, ganhou ressaltos, roubou bolas e liderou o Vitória SC rumo a um triunfo categórico perante as encarnadas, invictas na fase regular do campeonato feminino de basquetebol.

Após período e meio de supremacia, o Vitória viu o Benfica fazer um parcial de 8-0 em pouco mais de dois minutos e reduzir a vantagem de 10 pontos para 72-70. O treinador Pedro Dias pediu desconto de tempo, faltavam jogar 02.51 minutos. No ataque seguinte, o cinco vestido de negro circulou a bola com rigor até deixar Kahlia Lawrence com espaço de frente para o cesto. E, aí, na hora da decisão, a norte-americana fez aquilo que melhor soube ao longo do jogo: marcou, fixou uma vantagem de cinco pontos e devolveu a confiança que parecia estar a resvalar, sobretudo na vertente defensiva, irrepreensível nos minutos que se seguiram.
Diante de um Pavilhão Desportivo Unidade Vimaranense, as condessas quebraram, com uma vitória por 80-72, a invencibilidade que o Benfica mantinha desde o início da temporada 2021/22. E fizeram-no logo no primeiro jogo do play-off de apuramento do campeão nacional. Depois de uma fase regular aquém das expetativas, com o oitavo lugar assegurado na última jornada, as vitorianas apenas precisam de mais um triunfo para afastarem as campeãs nacionais da corrida pelo título. Há, contudo, um pormenor: o jogo que se segue realiza-se no pavilhão da Luz, em Lisboa, bem como a negra, caso assim seja necessário.
De longe a jogadora mais valiosa do desafio (MVP), com 31 pontos marcados, Kahlia Lawrence foi a estrela maior de uma constelação bem articulada que valeu o triunfo. Maria Carolina revelou-se fundamental na luta das tabelas, marcando 10 pontos e conseguindo oito ressaltos, Sara Ressurreição esteve em evidência na primeira parte, e Filipa Barros e Mariana Pereira raramente deram espaço para lançamentos fáceis da turma equipada de vermelho.
Um festival de pontos… e luta nas tabelas
A primeira parte foi uma montanha-russa assente num festival de basquetebol ofensivo, com lançamentos certeiros de um lado e de outro, antes de curvar para um troço que colocou um freio à eficácia, valorizando quem era mais capaz de ganhar o jogo das tabelas. Ainda assim, o equilíbrio foi uma constante, com o empate a ser desfeito pela mão da vitoriana Maria Carolina, em lançamento a uma décima de segundo do intervalo que valeu o 44-42.
Com Filipa Barros, Sara Ressurreição, Mariana Pereira, Kahlia Lawrence e Kourtni Perry a alinharem de início, o Vitória igualou a variabilidade do jogo ofensivo encarnado e a supremacia adversária nos ressaltos com um ataque fluido, assente na condução de Sara Ressurreição e na aparente facilidade com que Kahlia Lawrence lançava ao cesto e marcava.
Apesar de ter fixado uma vantagem de 18-10, após três triplos de Ressurreição e de Lawrence, o Benfica respondeu, também a partir do tiro exterior, e o primeiro quarto acabou com as vimaranenses na frente, por 28-25. Esse equilíbrio prolongou-se por todo o segundo período, embora com menos eficácia junto ao cesto. Com Maria Carolina e Kourtni Perry, o Vitória tentou mais lançamentos junto ao cesto, e a eficácia do lançamento de três pontos caiu. A luta das tabelas revelou-se então fundamental, com o Vitória a mitigar a habitual supremacia benfiquista nos ressaltos: ao longo de todo o jogo, as visitantes conseguiram mais três (40-37).
Uma muralha robusta
Na segunda parte, o Vitória fez menos pontos (36), mas alargou um fosso decisivo para o Benfica. Deve-o à extraordinária performance defensiva, que raramente concedeu cestos fáceis ao Benfica, a não ser a partir da linha de lance livre. Bem organizadas, as condessas raramente cederam espaço para lançar e provocaram imensos turnovers às encarnadas, dispondo assim de ataques para fazer a diferença. Apesar dos problemas em superar a defesa encarnada, a equipa de Pedro Dias conseguiu-o gradualmente, antes da última reação encarnada, contida com sucesso.