A gala e o “onze” do centenário
O Vitória vai ter o seu “Dia”, o seu momento fundador, como sempre o conhecemos, o dia do registo de nascimento de um clube ímpar

Foi uma iniciativa passatempo onde participou um número significativo de sócios do Vitória, infelizmente o número não foi divulgado.
O “onze” do centenário foi um momento sentimental da excelente gala que juntou cerca de 4000 vitorianos no Dia do Vitória, 22 de setembro, que a atual Direção muito bem vai oficializar.
Primeira nota: O Vitória vai ter o seu “Dia”, o seu momento fundador, como sempre o conhecemos, o dia do registo de nascimento de um clube ímpar. Há alguns não vitorianos à procura de papéis para contestar 22 de setembro. Não contam. Nós, Vitória, queremos o nosso dia.
A estrutura profissional do Vitória conseguiu uma excelente gala, muito identificada com Guimarães, com a formação e a produção cultural das nossas escolas artísticas, numa identificação clube/cidade que nos reforçou o sentido de pertença.
Finalmente, o momento sentimental.
Acredito que, provavelmente, nenhum dos vitorianos tenha acertado exatamente no “onze” escolhido. O futebol nunca foi de unanimidades e muito menos quanto aos “onze” iniciais.
Mas, como ouvi, atrás da fila onde estava, “com este “onze” seríamos campeões”. O que significa que nos últimos quarenta anos jogaram no Vitória os melhores. Em muitos casos prosseguiram, e prosseguem, as suas carreiras no futebol internacional. Começaram, ou passaram por aqui, e são, ou foram, dos melhores do mundo.
Neno, que será sempre o símbolo eterno das redes vitorianas. Veio em 1984 e jogou quase até o final do século XX. O choque que foi o seu falecimento não foi determinante para a escolha do guarda-redes que foi.
Ricardo Pereira pode não ter jogado no Vitória naquela posição, mas é bom e justo ter no “onze” do centenário um dos melhores da conquista da Taça, até agora o maior êxito da nossa história.
Geromel e Tapsoba, dois centrais que atingiram elevados patamares no futebol internacional. Grande orgulho em ter sido aqui a sua formação.
Dimas vai daqui para o Benfica num percurso crescente. Transferido em 1995, há quase trinta anos, é muito interessante que resista na memória das equipas dos anos 90.
Pedro Mendes, cá de Guimarães, de Moreira de Cónegos, que se destacou logo nos juniores, base da equipa de 2003 que jogou em Felgueiras, e depois se elevou a grandes clubes do futebol europeu.
N´dinga a memória da melhor equipa de sempre do Vitória, de 86/87, mas mais, dez épocas a titular até 95/96. A arte africana que vinte/trinta anos depois permanece. O abraço a Pimenta Machado, momento alto da gala.
Pedro Barbosa, brilhou aqui e em outros patamares, mas foi cá que se revelou. Poderia figurar no “onze” centenário do futebol português.
Paneira – Cascavel – Raphinha, como é extraordinário imaginar o que poderia ter sido se tivessem jogado todos juntos. Seria uma frente atacante que tudo integraria: técnica, finalização, velocidade, ao melhor nível do mundo.
Não foi votado o jogador do centenário, mas seria sempre, indiscutivelmente, Cascavel. Deixou a camisola vitoriana há 37 anos e a memória resiste.
Finalmente Rui Vitória. Poderia haver mais justiça que votar no treinador da “Taça” e do resgaste do Vitória na saída da crise de 2012? Não havia.
Por isso, me identifico muito com a escolha dos sócios votantes. Não foi a minha lista, embora tenha votado na maioria dos escolhidos, como não terá sido de ninguém, mas é uma grande equipa da memória vitoriana.
Parabéns a todos nesta hora centenária, que vai continuar.